O CAVALO INVEJA E A MULA MANCA, Enéas
Athanázio, contos, Minarete, 2001, 69 páginas, sem isbn
Há cerca de um mês, eu fui
convidado pelo jornalista Clarêncio Martins Fontes para uma entrevista na
Associação Sergipana de Imprensa, com um intelectual que visitava nossa terra.
Era seu amigo de algum tempo com quem se correspondia intelectualmente. O
visitante queria conhecer autores da atual literatura sergipana.
Cheguei atrasado e o escritor
catarinense (o amigo de Clarêncio) já estava de saída. Reteve-se alguns minutos
ainda, em consideração à minha chegada cheia de desculpas esfarrapadas. Conversamos
sobre literatura, trocamos endereços e livros. Dei-lhe “Os Tabaréus do Sítio
Saracura” e ele deu-me “O Cavalo Inveja e a Mula Manca”, que acabo de ler.
Contos curtos, úteis, ricos em
raízes de nosso povo que é o mesmo povo, esteja em Santa Catarina ou aqui em
Sergipe. Alguns contos pareceram-me autobiográficos, ou pelo menos com ranços, assim
como os contos que produzo. Enéas resgata casos pitorescos, o linguajar
peculiar, o espírito irônico de um povo simples e de boa fé. É o que eu tento
fazer aqui com minhas garatujas.
João Banha mesmo não existindo,
inventado como bode expiatório, causou uma zueira em Poço Preto, aquela pacata
comuna que vivia de saudades dos bons tempos da erva mate e do pinho serrado. Até
a velha mula manca, vendo o cavalo Inveja marchando ao som da música, garboso e
de orelhas empinadas, ensaiou uma dancinha de mangação. Um arremedo para
dissimular a admiração que sua inveja não podia reconhecer. Sentimento bastante
comum entre nós, humanos. Vinte e três saborosos causos saídos de uma pena
comprometida com a boa qualidade da escrita.
Agradeço a Clarêncio Martins a
oportunidade que me deu de conhecer Enéas Athanázio e sua boa e leve
literatura.
Em compensação... Na verdade uma
descompensação, porque paguei um nadinha e, em troca, recebi um mundão de belas
palavras sobre “Os Tabaréus do Sítio Saracura”.
Gostei tanto do que escreveu Enéas Athanázio, que publiquei a resenha integralmente
em Os Ferreiros, meu novo livro de contos. Está lá no apêndice.
Eu prefiro que você leia em Os
Ferreiros, que lhe envio por esses dias. Aproveite e leia também o livro, que
está sendo muito elogiado pela crítica formal e informal. Por isso, não a incluir aqui.
(Aracaju, em dezembro de 2014)
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