MINHA TERRA MEU LUGAR, Carlos César dos Santos, Infographics, 78p, 2016, poesias, isbn 978-85-68368-2
Conheci o autor, Carlos Cesar dos Santos, um ou dois atrás, no
povoado Itapicuru, em Nossa Senhora das Dores, quando fui ao lançamento de um
livro do poeta Josias. Conheci-o
ligeiramente. Havia muita gente na festa
e Carlos César era apenas mais um. Mas não o esqueci. Ele aproximou-se de mim,
como de outros convidados, a exemplo de Domingos Pascoal de Melo, da Academia
Sergipana, a quem acompanho vez por outra nessas aventuras literárias. Como era
a festa de um poeta, ele dizia que também o era e morava em outro povoado, na
Borda da Mata. Estava finalizando um livro para publicar, só não sabia ainda
como o faria, pois não dispunha de recursos. E começou a recitar poemas de sua
autoria, somente para mim, aproveitando um intervalo nas apresentações oficiais
ou nas caminhadas entre um local e outro dentro do povoado. O clima não era adequado, havia zoada, pouca
concentração, mas ele nem ligava. Achava, talvez, enganado, que eu fosse algum
príncipe da poesia, ou pertencesse à Academia de Letras como era o caso de
Domingos Pascoal.
Agora, um ou dois anos depois, ele lançou o seu livro.
Fui à Dores para abertura do ano da Academia de letras local
(os convites do presidente João Paulo são irrecusáveis) e havia uma mesinha na
entrada do salão com montinhos de um livro verde. Comprei um e reconheci a
fotografia do poeta da Borda da Mata. Ele não estava presente, trabalhava
naquele horário, me informaram.
Em casa, depois, li o livro em uma hora, um pouco mais.
Senti o gosto da boa terra lavrada, ouvi o mugido do gado
nos finais de tarde retornando aos currais. Lavei o rosto suado nas fontes de
água fresca (as fontes Magnum e Pedrinhas, que embelezam a capa do livro), onde
o poeta colhe seus versos. Sonhei, amei,
sofri, queixei-me, caí, levantei-me e sorri.
A que se presta um livro?
Para que artimanhas, artifícios, figuras estranhas às vezes,
jogos de palavras e enigmas, se há um jeito direto, simples de eficiente de revelar
sentimentos? Especialmente sentimentos puros, naturais até ingênuos?
Valorizo o bom vinho, mas um copo de água fresca, colhida assim da fonte, me agrada muito.
“Antes eu era
frágil
Sem afeto
sem amor
Ninguém ligava
pra mim
Ninguém me
dava valor
Mas eu tinha
esperança
E fé para
conseguir
Minha força
de vontade
Me ajudava a
seguir. (“Deus mudou minha Vida”).
Xxx
Até quando nosso sonho, não passará de um sonho
E o que
esperamos, mais longe fica? (“Até Quando”)
xxx
Sou poeta popular
Conto a
tristeza e a alegria
Conto coisas
que acontecem
Nesse mundo
todo dia
Sou pouco
reconhecido
Desse meu
talento nobre
Só que eu
não tenho culpa
De ter
nascido assim pobre
(...)
Sou poeta
tenho um dom
E agradeço a
Deus
Não devo
nada a ninguém
Pois foi
Jesus quem me deu
Ela (a
poesia) está dentro de mim
Esquecê-la
não consigo
Para mim, a
poesia
É meu verdadeiro
abrigo.
E Carlos
César vai em frente nessa linha singela e direta, nem sempre rimando, nem sempre
obedecendo métricas, ainda verdoso, mas agradando ao ouvido e à mente do leitor, pelo menos os
meus, que já o ouvira anteriormente e nem dera à devida atenção.
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