domingo, 29 de maio de 2016

O AJUTORO, Antônio de Oliveira Silva (Virman),

O AJUTORO, Antônio de Oliveira Silva (Virman), 2009, InfoGraphics,80p,Isbn: Não catalogado



Virman (pseudônimo literário de Antônio de Oliveira Silva) mora em Tobias Barreto.  E é lá, no seu recanto, que, nas horas vagas, produz literatura.



O que faz com uma pessoa comum compor poemas, contos, crônicas, romances, peças teatrais. E publicar livros?  E investir recursos próprios (sempre escassos) em algo que, além de não garantir retorno financeiro, pode ser ignorado pelo mercado? E, quem sabe, até provocar ciúmes   dos que se sentem donos do saber?



Como Virman, há muitos. Como meu conterrâneo de Itabaiana, Antônio Oliveira, (quase homônimo de Virman), que já se foi para o céu. Consertava bicicletas e escrevia (publicou o espetacular “HISTÓRIA Secreta de uma Paixão”), e como Antônio Saracura (que sou eu e carrego oculto o Oliveira de minha mãe). Para citar apenas três.

Desígnio de Deus?

Conheci Virman na Bienal de Itabaiana em 29.11.2011. Como soe acontecer quando chego a um evento, procurei reconhecer cada pessoa que minha vista alcançava. E vi um senhor circunspecto sentado atento, ouvindo a palestra que Luiz Antônio Barreto proferia.  E havia um lugar vazio ao seu lado. E eu precisava logo sentar-me e ouvir Luiz discorrer sobre sua missão ciclópica de despertar o nosso povo para a cultura.

Andei até a cadeira vazia e sentei-me ao lado do senhor circunspecto, tendo antes retirado dois livros que ali descansavam. Olhei para o dito vizinho (os livros só podiam ser dele) e tentei entregar-lhes. Ele os recusou com a mão e, sussurrando, me disse que os livros eram meus.  E mostrou-me a primeira página de ambos, havia uma dedicatória para mim, assinada por Virmam.  

Era então o meu dileto leitor que, dias antes, mandara-me um email falando bem de meu livro “Meninos que não queriam ser padres”.  E que publicara, no último número da revista “Perfil” artigo (E  AÍ?), de uma página inteira, ratificando seus pontos de vista.

   Xxx

Acabei de ler “Ajutoro” e estou bebendo, gota a gota, os poemas do segundo livro, se bem que poesia sempre me soa algo muito particular e misterioso. Salvo poucas exceções.

O “Ajutoro” foi uma grata surpresa, apesar de escrita no dialeto tabaronês. É uma peça de teatro ambientada na zona rural de Tobias Barreto, Sergipe, onde os personagens discorrem variados temas de interesse comum, como globalização, política, movimentos sociais, capitalismo, costumes, etc.  No baixar do pano, prega uma peça em Chico Bode (um dos personagens) que me fez explodir em mais uma gargalhada gostosa.

“Ajutoro” já merecia ter sido traduzida para outras línguas (português inclusive) e assim ganhar visto universal, que merece. Para tanto, sugiro que a próxima edição seja bilíngue, onde o original tabaronês corra ao lado de um texto em português, para que seja melhor entendido pelos esquecidos das orígens.

(publicada na Perfil 15/02)

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