domingo, 9 de setembro de 2018

O LIVRO BRANCO DA FOTOGRAFIA, Robério Santos


O LIVRO BRANCO DA FOTOGRAFIA, Robério Santos,






(Por Adail Vilela, publicada no facebook em 09nov2013. Peço a devida licença ao autor para me deixar guardar sua bela crônica aqui junto com as que escrevo sobre livros lidos).




Fosse minha intenção apresentar, resenhar ou discutir mais uma obra de Robério Santos poderia perfeitamente cumprir tal objetivo reproduzindo a Apresentação do livro, da autoria de José de Almeida Bispo. Acreditem, é uma obra em si. Para quem só acredita vendo (ou lendo) segue um trecho: “(...) cada imagem desta aqui exposta (...), convido o leitor ou leitora a bem observá-las; porque nem sempre é possível exprimir-lhes a grandeza através das palavras. As imagens estão postas; seus sentimentos são quem vão nortear a sua interpretação delas.” Então?

Minha modesta pretensão é só prestigiar mais um exemplar da literatura sergipana, demonstrando, como tanto insiste Saracura, por exemplo, que o autor merece uma leitura e, sempre que possível, um retorno, uma opinião sincera, um gesto de alteridade.

Não por acaso o livro de Robério tem por epígrafe o icônico Robert Capa e a dedicatória a Teixeirinha, Percílio Andrade e Joãozinho Retratista; quem conhece o autor sabe que se trata de um apaixonado pela Fotografia, e grafo em maiúscula porque é neste sentido de Arte que estamos nos referindo. Para que as imagens publicadas tenham a importância atribuída pelo autor dimensionadas, basta dizer que ele delimitou dez anos de atividade (2002/2012), avaliou quase 20.000 fotos de sua autoria e selecionou 58, associando cada uma a um comentário.

Posso estar enganado, mas esta brutal seleção, com seu resultado (amostra correspondente a menos de três milésimos do universo original), remete ao título, o qual me pareceu uma referência ao famosíssimo Álbum dos Beatles. E, comparando as duas capas (do Álbum e deste livro) enxergo também uma crítica cultural literalmente emblemática, bem como um posicionamento ético denunciador das desigualdades sociais. É a minha opinião...
Voltando ao livro, um detalhe que me chamou muito a atenção é que todas as fotos são nomeadas e datadas: é preciso que o Fotógrafo seja também um Professor, para ter este senso de agente histórico. 

O futuro agradece.

A minha imagem preferida (todos terão a sua, claro) é “Juventude”. Além do desafio técnico de fotografar todas as 16 crianças em pleno ar, a imagem para mim refletiu o atendimento dos clicados a um desafio maior, bem como a confiança tanto em suas capacidades quanto no guia (o Fotógrafo). Sensacional.

Ah, adorei rever o Saracura. Será que ele também adorou o título da foto em que é co-protagonista (Tabaréus)?... Acredito que todos saibam, mas não custa relembrar que o livro (por enquanto) mais conhecido de Antônio Francisco de Jesus, o Saracura, é TABARÉUS DO SÍTIO SARACURA. O nome da foto, portanto, pode conter uma referência literária, uma homenagem, uma brincadeira, ou tudo junto... em uma só palavra!

Na foto do “Tremendão da Serra”, eu pensando que o autor destacaria a cebola, mas ele salienta o Beto Silveira... Estes comentários singelos são apenas para que o leitor vislumbre a riqueza do conteúdo à sua disposição... maiores informações, IN LOCO (lendo o livro).

(Adail, Vilela de Almeida, Em 09/09/2013)             
                              
xxx

Saracura respondeu à crônica de Adail no facebook, na época:   
Adail, você tem o fôlego de sete gatos e a energia de Paulo Afonso, Xingó e de cinquenta saracuras.
Sinto o facebook muito mais interessante, com suas publicações sobre literatura.

Os livros publicados, os nossos livros ignorados pela mídia, esnobados pelos leitores da moda, menosprezados pelos nichos pedantes estão parecendo agora com os americanos que a Veja e nossa mídia anunciam nas suas colunas nobres.

Apenas um cidadão (você) com poucas publicações (essas resenhas) já mudou o clima para melhor.
Nós que escrevemos, damos vivas, porque alguém tem o que dizer sobre os livros que vem sendo publicados. Alguém (mais alguém) está quebrando a indiferença absurda, o ouvido de mouco que tanto magoa quem publica: Adail Vilela de Almeida, Robério Santos e todos que transitam por essa estrada.
(Por Antônio Saracura, em 09/09/2013)


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