O LIVRO BRANCO DA FOTOGRAFIA, Robério
Santos,
(Por Adail Vilela, publicada no
facebook em 09nov2013. Peço a devida licença ao autor para me deixar guardar sua bela crônica aqui junto com as que escrevo sobre livros lidos).
Fosse minha intenção apresentar,
resenhar ou discutir mais uma obra de Robério Santos poderia perfeitamente
cumprir tal objetivo reproduzindo a Apresentação do livro, da autoria de José
de Almeida Bispo. Acreditem, é uma obra em si. Para quem só acredita vendo (ou
lendo) segue um trecho: “(...) cada imagem desta aqui exposta (...), convido o
leitor ou leitora a bem observá-las; porque nem sempre é possível exprimir-lhes
a grandeza através das palavras. As imagens estão postas; seus sentimentos são
quem vão nortear a sua interpretação delas.” Então?
Minha modesta pretensão é só
prestigiar mais um exemplar da literatura sergipana, demonstrando, como tanto
insiste Saracura, por exemplo, que o autor merece uma leitura e, sempre que
possível, um retorno, uma opinião sincera, um gesto de alteridade.
Não por acaso o livro de Robério
tem por epígrafe o icônico Robert Capa e a dedicatória a Teixeirinha, Percílio
Andrade e Joãozinho Retratista; quem conhece o autor sabe que se trata de um
apaixonado pela Fotografia, e grafo em maiúscula porque é neste sentido de Arte
que estamos nos referindo. Para que as imagens publicadas tenham a importância
atribuída pelo autor dimensionadas, basta dizer que ele delimitou dez anos de
atividade (2002/2012), avaliou quase 20.000 fotos de sua autoria e selecionou
58, associando cada uma a um comentário.
Posso estar enganado, mas esta
brutal seleção, com seu resultado (amostra correspondente a menos de três
milésimos do universo original), remete ao título, o qual me pareceu uma referência
ao famosíssimo Álbum dos Beatles. E, comparando as duas capas (do Álbum e deste
livro) enxergo também uma crítica cultural literalmente emblemática, bem como
um posicionamento ético denunciador das desigualdades sociais. É a minha
opinião...
Voltando ao livro, um detalhe que
me chamou muito a atenção é que todas as fotos são nomeadas e datadas: é
preciso que o Fotógrafo seja também um Professor, para ter este senso de agente
histórico.
O futuro agradece.
A minha imagem preferida (todos
terão a sua, claro) é “Juventude”. Além do desafio técnico de fotografar todas
as 16 crianças em pleno ar, a imagem para mim refletiu o atendimento dos
clicados a um desafio maior, bem como a confiança tanto em suas capacidades
quanto no guia (o Fotógrafo). Sensacional.
Ah, adorei rever o Saracura. Será
que ele também adorou o título da foto em que é co-protagonista (Tabaréus)?... Acredito
que todos saibam, mas não custa relembrar que o livro (por enquanto) mais
conhecido de Antônio Francisco de Jesus, o Saracura, é TABARÉUS DO SÍTIO
SARACURA. O nome da foto, portanto, pode conter uma referência literária, uma
homenagem, uma brincadeira, ou tudo junto... em uma só palavra!
Na foto do “Tremendão da Serra”,
eu pensando que o autor destacaria a cebola, mas ele salienta o Beto
Silveira... Estes comentários singelos são apenas para que o leitor vislumbre a
riqueza do conteúdo à sua disposição... maiores informações, IN LOCO (lendo o
livro).
(Adail, Vilela de Almeida, Em 09/09/2013)
xxx
Saracura respondeu à crônica de
Adail no facebook, na época:
Adail, você tem o fôlego de sete
gatos e a energia de Paulo Afonso, Xingó e de cinquenta saracuras.
Sinto o facebook muito mais
interessante, com suas publicações sobre literatura.
Os livros publicados, os nossos
livros ignorados pela mídia, esnobados pelos leitores da moda, menosprezados
pelos nichos pedantes estão parecendo agora com os americanos que a Veja e
nossa mídia anunciam nas suas colunas nobres.
Apenas um cidadão (você) com
poucas publicações (essas resenhas) já mudou o clima para melhor.
Nós que escrevemos, damos vivas,
porque alguém tem o que dizer sobre os livros que vem sendo publicados. Alguém
(mais alguém) está quebrando a indiferença absurda, o ouvido de mouco que tanto
magoa quem publica: Adail Vilela de Almeida, Robério Santos e todos que
transitam por essa estrada.
(Por Antônio Saracura, em 09/09/2013)
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