CABEÇAS DO VENTO, Emanuel Neri,2013,168 pag, Conteúdo
Editorial, Isbn 978-85-61001-13-1
Numa dessas tardezinhas, quando desço de meu conforto e vou
à libraria Escariz Jardins divulgar a literatura da nossa terra, encontrei Gilson
Neri, que comprou meu livro “Os Tabaréus do Sítio Saracura”. Um mês ou dois
depois, ele me apareceu na mesma livraria reclamando de que eu não dou atenção
aos leitores, pois não respondo e-mails que me enviam. Fiquei atônito, pois é o
que faço e religiosamente: dar retorno a leitores. Os emails chegam tão poucos
e me fazem tanto bem que não teria sentido eu não os responder.
Fui compulsar a caixa de “enviados” do celular de Gilson e
identificamos a causa, havia um “r” a mais em algum lugar no endereço do
destinatário.
Dois dias depois, Gilson deixou na portaria de meu prédio, o
livro (prometido no email), “CABEÇAS DO VENTO”, de autoria de seu irmão,
Emanuel Nery.
Nem ia ler logo, estava no meio de outro e sem um pé de largá-lo,
mas comecei e só parei na última linha. É um livro magro, 163 páginas,
incluindo um álbum de fotos e uma sessão de depoimentos dos filhos de seu Nilo
e dona Isabel (um esquadrão de quinze).
Bem escrito, revelando São Miguel do Gostoso (nascida de
Touros), no Rio Grande do Norte, na esquina do mapa brasileiro, o ponto de
convergência de várias ventanias que, em busca de novo rumo, estiram e alisam carapinhas,
de que só ouvira falar uma vez, em uma viagem ao exterior. Duas moças de lá não
se cansavam de louvar a terra Natal. Até prometi visitar, mas, agora, nem me
lembrava mais da promessa.
“Cabecas do Vento” é uma história de família, com as
dificuldades e a luta braba que forjam um povo digno. As rusgas do casal. O
pouco carinho da mãe severa. Pai rigoroso e zangado mas com momentos de afagos.
A palmatória das professoras, as cipoadas de Isabel, os sermões de seu Nilo, a
reza do terço inacabável, a vigilância crítica do exército de irmãos. Também a
guerra surda da mãe, com seu gênio estudado, manhoso... Como uma mulher possui
armas poderosas e estratégias vencedoras: o silêncio prolongado, tesando até o
limite da tolerância, inchando por dentro e desarmando o general prepotente.
Até na abastança (o casal possuía fazendas e casa de
comércio, forte ligação com o mundo político) vive-se fases de penúria, que
também ajudam a temperar o ferro que não quebra.
Quando Nilo faleceu, Isabel submissa até então, revelou-se
uma máquina empreendedora. Abriu horizontes à família, que viu o mundo como
deles. Investiu em São Miguel do Gostoso, que cresceu junto com seus negócios e
sua política contagiante. Saiu do borralho e levou seu brilho à sociedade. Só
não aceitei os foguetões molhados secando no forno aceso.
O autor navega pelas origens dos Neri, faz a longa caminhada
dos ancestrais até aquela praia varrida pelo vento. Pega pela mão os judeus de
Espanha e Portugal, da Itália, e sabe-se lá de onde mais, como eu tentei pegar em
Os Tabaréus do Sítio Saracura.
É uma vida comum que, agora, nos encanta, graças a um livro
gerado das anotações (poderiam ser histórias contadas) de uma mãe de família
que assumiu a missão de construir um futuro melhor para os descendentes e para
o seu lugar gostoso.
A sensação que fica é a de que famílias como essa Neri povoam o Brasil de fora a fora, em cada rincão de Sergipe, de São Paulo, do
Acre, de todo lugar, fazendo-o sério e digno. Por que então não o é?
(Antônio Saracura, Aracaju, 07 de dezembro de 2019)
Xxx
De: Gilson Neri <gltneri@gmail.com>
Data: 6 de agosto de 2019 18:07:25 BRT
Para: afjsaracjura@gmail.com
Assunto: Os Tabareus do sitio Saracura
Prezado Antonio
Estava uma tarde procurando um livro na Livraria Escariz, Jardins, sobre um
romance de uma negra africana que veio como escrava para o Brasil, todo o seu
sofrimento desde da sua terra natal, a perda de sua família, talvez uma nova “Cabiria” do Filme de Felline , não
sei o final, pois ainda não terminei o
livro. Só que nessa procura, apareceu um senhor que me lembrou meu pai,
oferencendo um livro de um escritor Sergipano,
" Os Tabaréus do Sitio de
Saracura" em que ele era o autor.
No primeiro momento, parei para ouvi-lo por educação,
todavia, o senhor começa a relatar algumas passagens do seu livro que comecei a
fazer um paralelo. Comentei que dos escritores Sergipanos tinha lido era o
Antonio Viana , com destaque o livro O jeito de matar lagartas, Aberto está o
inferno, entre outros.
Mais ao chegar em casa, comecei a lê o seu livro, de uma leitura
fácil, gostosa, fui na livraria e comprei para dar de presente o livro Meninos que não queriam ser Padres, para meu
cunhado Dr. Domingos Sávio, também potiguar.
Apesar da dureza dos seus pais em criarem tantos filhos em
um sítio com princípios valores e ética, descrevendo os costumes, a cultura e a
vida dura de um nordestino que de tempo em tempo sofre com o período de grandes
estiagens todos eles pelo seu cordel também venceram na vida.
E assim em Sergipe, como em qualquer estado do Nordeste
brasileiro, mais por ser homem forte
venceu na vida, e assim comparei com a minha família nordestina do interior do
Rio Grande do Norte, também de uma família grande, 15 irmãos , todos vivos, e
pais determinados para darem melhores condições aos filhos do que eles tiveram,
uma história com focos diferentes mais relatam os mesmos desafios da Família
Saracura do Sitio Terra Vermelha com a minha família “Neri” de São Miguel do
Gostoso-RN, em que meu irmão Emanuel Neri, Jornalista, escreveu sobre ela nos
contos do livro “Cabeças do Vento” A historia e as estórias de São Miguel do
Gostoso sob o olhar da família Teixeira Neri, a partir de relatos e
memórias da matriarca Isabel Neri, em que quero
presente-lo ao colega petroleiro.
Grande abraço
Gilson Neri
Antônio Francisco de Jesus Saracura
<afjsaracura@gmail.com>
21 de nov. de 2019 20:48
para Gilson
Estou aqui numa cerimônia de posse de acadêmico da Academia
Sergipana de Letras, mas não resisti e fui olhar seu email. Estou num cantinho
meio discreto.
Estou querendo logo Cabeças de Vento, então, quando você
tiver tempo me avise que vou até você
buscá-lo.
Sua cidade tem um nome muito gostoso de que já ouvi falar,
alguém de lá eu encontrei em alguma dessas viagens. Instiga ver in loco.
Ainda bem que você gostou de Os Tabaréus, agradeço não ter
me enxotado quando o interpelei na
Livraria. Você é um gentleman.
Um grande abraço,
Saracura
Enviado do meu iPhone
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