CARTAS
DE HERMES FONTES (ANGÚSTIA E TERNURA), J. Andrade, 2006, Páginas: 267 com
ilustrações, sem isbn
O
livro “Cartas de Hermes Fontes“ está agora comigo. Peguei-o emprestado com
Carlos Leite, meu professor na infância e meu amigo a vida toda. Uma empatia espontânea.
É
uma pena que o livro foi impresso em papel nobre e a cola usada e não teve o
mesmo nível de nobreza. Deve ter ficado tímida. As folhas se soltam a medida
que vamos lendo, apesar de ser uma publicação recente, de 2006. Mas este é
apenas um detalhe bobo, diante da magnitude do trabalho de Ana Medina.
Hermes
Fontes estava sendo esquecido, como outros ilustres de nossa terra. Apenas
nomes de ruas e monumentos depredados os nomeiam. Quem em Sergipe sabe que ele
foi um menino prodígio, e aos dez anos decorava integralmente longos discursos
que ouvia na Assembleia, repetindo-os em seguida, sem erro. Impressionou dois
grandes da época, Laudelino Freire e Martinho Garcez.
E,
ao contrário de Genário Pereira de Carvalho, meu primo das Flechas de
Itabaiana, que também fazia a mesma coisa e nem foi percebido (apenas pelos
vizinhos que o adoravam), Hermes foi adotado por Martinho Garcez e levado para
o Rio de Janeiro, o reino da cultura. Para o seu mal e para o seu bem.
Desfrutou da glória mas “estourou o crâneo buscando na morte a tranquilidade
que não tivera na vida“, como estampou o jornal “A Noite” do Rio de Janeiro, em
27 de dezembro de 1930. Ele morreu aos 47 anos, e Genário aos 77.
No
livro Ana Medina recupera toda correspondência da família à Hermes (e algumas
dele) mostrando o ser humano que foi o poeta.
Além
de compositor (Constelações, Luar de Paquetá), Hermes foi poeta de muitos
livros (Apoteoses, Gênese, Ciclo da Perfeição...).
Vejam
o poema (Messianeida), publicado no seu livro “A
Fonte da Mata”:
“São Francisco de
Assis pregou aos pássaros, e Santo Antônio aos peixes.
Mais corajoso do que São Francisco
e do que Santo Antônio,
Jesus pregou aos homens e às mulheres...
Mais corajoso do que São Francisco
e do que Santo Antônio,
Jesus pregou aos homens e às mulheres...
Perderam, todos eles,
o seu tempo
e o seu sermão:
O mais sábio por certo,
e o seu sermão:
O mais sábio por certo,
o mais sábio de todos
foi São João,
que pregou no deserto...”
que pregou no deserto...”
(Aracaju, 17 de abril de 2011, por
Antônio FJ Saracura)
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