OS CAVALOS DA REPÚBLICA, Moacyr Scliar,
2005, Ática,80 páginas, ilustrações, isbn 978-85-08-09759-3
Um livro juvenil, pequeno, bem ilustrado,
de fácil leitura. Mostra a proclamação da República do Brasil em 15 de novembro de 1889 e a quase proclamação da República dos cavalos.
E mais coisas agregadas ou não, de uma maneira bem leve, sem deixar de avaliar
o Brasil profundo:
A liberdade da vida em uma estância
de gado nos pampas gaúchos e a camisa de força na capital do império.
Uma viagem de navio dos confins
do Rio Grande ao Rio de Janeiro, dava uma eternidade; eternidade.
O movimento migratório após a
libertação dos escravos, quando alemães, italianos e outros povos vieram fazer
Brasil.
A libertação dos escravos que a Inglaterra
exigiu: os produtos brasileiros mais baratos (a China) estavam falindo os empreendimentos
de suas colônias espalhadas no mundo.
O escravo liberto prossegue sob o
comando do senhor, recebendo comida e, por bondade, de quando em quando, algumas
moedas, como era o caso de dona Benta, a cozinheira do capitão, pai de Rafael (o
narrador).
O clima político (ciúmes,
rasteiras), disputa de poder entre os militares e os bacharéis.
Os militares perdendo a confiança
do imperador, a ponto deste criar a Guarda Negra, formada por capoeiristas libertos,
para se proteger.
A discriminação ao povão, como
uma classe “inferior” (não pessoas de bem) formada por ambulantes, capoeiristas,
carroceiros, pedintes, ladrões, prostitutas...
A educação escolar dos filhos de
ilustres: professores avulsos exigentes se que sabiam de tudo um pouco (até
Javanês, lembrei-me agora de Lima Barreto).
E a saúde do imperador que
inspirava cuidados; o povo comentava que ele estava meio broco.
E livro acabou, nem dois horas de
leitura.
Além da panorâmica mostrada
acima, há os cavalos, que todo gaúcho (é o caso de Moacyr) tem na alma (eu também) e a quem
muito devemos. “Na trilha que levou o
ser humano da barbárie à civilização, encontraremos sempre as marcas das patas
doo cavalo”. E a quase efetivada proclamação da República dos cavalos, que tomaram consciência da exploração que sofrem desde a origem dos tempos. E resolveram, em reunião na cocheira imperial, aproveitar a onda: os militares derrubarão o imperador e eles derrubarão (ao chão) Deodoro e os demais altas patente, proclamando a independência da raça.
Eu flagrei,
bem atrás de Mariana onde estava protegido, o piscar brejeiro de olho que o
cavalo de Deodoro deu para Rafael, talvez dizendo que preferia servir ao novo
imperador do Brasil (Deodoro) do que a liberdade. E, assim, a boa cocheira garantida, como foi o caso de dona Rosa, que continuou na sua comodidade.
Seria um piscar de olhos com sentido justo se o cavalo tivesse identificado o menino (que escondido ouviu o os detalhes do plano) na noite anterior, na cocheira imperial. .
(Antônio Saracura, 2020abr05, Aracaju,
na quarentena do Corona)
LI NA ASL EM 2021
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