segunda-feira, 15 de novembro de 2021

PASSO A PASSO, dos caminhos que trilhei

 

PASSO A PASSO, dos caminhos que trilhei, Hélio de Souza Oliveira, Artner, 2021, 144p, il, isbn 978-65-88562-43-7

 


Mais uma história de vida, testemunho de luta para chegar ao sucesso e à glória que têm tamanhos próprios para cada um. Uma referência para a família (e descendência) e fonte de pesquisa para os historiadores de nosso povo e terra, no futuro (ou no presente).

Eu gosto de biografias escritas ao correr da pena, sem enfeites/maquiagens. Especialmente, das biografias de self-made-men, que em nosso meio são as que mais há. Somos um povo em construção e famílias humildes geram pessoas ilustres, que se orgulham da orígem.  

“Passo a Passo dos caminhos que trilhei” conta a vida do cidadão Hélio de Souza Oliveira, viúvo fresquinho, de 80 anos e que tem aura de 35. Ele é o esposo de Salete Nascimento, viúva de muito, madura, mas de coração adolescente. Foi como uma paixão jovem que os arrebatou há apenas três anos.

Que mulher abençoada, Salete! Sou seu amigo e me assustei quando soube que um gavião a sobrevoava. Então ele pousou perto de mim. E veio zambeiro andando na minha direção. Então fiquei esperto. Nada havia de predador, recendia simpatia contagiante. Um homem valoroso, ganhei um amigão. 

Salete é poetisa consagrada e carrega o título de Rainha do Cordel Sergipano. Hélio é filho de militar que lutou (quase lutou) na Segunda Guerra Mundial, salvou malafogados e nos deu conta de cada navio brasileiro afundado pelos alemães, o que me levou a querer brigar também. Hélio nasceu em Estância e morou pelos quarteis desse Brasil continental. Foi jogador de futebol, tecelão em Estância, desempregado, migrou (já casado na primeira união) para o Rio de Janeiro. Destino dos jovens na época. Trabalhou como montador de bicicleta, biqueiro em oficinas mecânicas, procurou incansável melhor colocação... Foi para Volta Redonda e entrou na CSN, após morgar nas empreiteiras. Fez carreira, destacou-se.

Até o primeiro sogro, que nunca aprovou o casamento, trouxe de Estância com a família para trabalhar na CSN. 

Convidado pela Usiba, Hélio  botou em ordem setores carentes.

Criou a família (há pastores e doutores), aposentou-se, mas  não parou a labuta. Foi dono de bar, teve escolas de cabeleleiros, geriu o salão de beleza (sócio com a primeira esposa )...

Ficou viúvo e a solidão o pegou em cheio. Os filhos independentes e ele se sentindo um acessório gasto. 

Descobriu Salete (Deus sabe como) no Sergipe longínquo, na sua Estância saudosa, em um passeio. Armadilha do destino. 

Como conquistar a escritora famosa?

Entraram os netos dela, os amigos alcoviteiros, o mundo inteiro se moveu a favor. 

Casaram de papel passado, em segredo, logo que puderam se encontrar sozinhos. 

***

Hélio encantou-se com atividade intensa da esposa, que cantava poesia no país inteiro.

Ele, que sempre fora cantor e descobriu, surpreso, que era poeta e cronista, para a alegria maior dos dois. Seguiu os passos da esposa nas festas literárias, acompanhou Domingos Pascoal (o semeador de academias) nas peregrinações.

Hoje Hélio pertence a academias de letras e publica seu primeiro livro. “Passo a Passo...” me emocionou em cada revelação. E me fez sorri satisfeito quando me vi na história um pouquinho, nesta fase atual. Como é fácil gerar simpatia! Não custa nada e ainda rende inestimáveis bônus. Hélio e Salete são mestres nesta arte. 

Aracaju, 15 de novembro de 2021, Antônio FJ Saracura (ainda no restinho da pandemia do Corona)


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