terça-feira, 20 de outubro de 2020

A SANTINHA DO NOVO HORIZONTE

 


A SANTINHA DO NOVO HORIZONTE, Claudefranklin Monteiro, Criação Editora, 2020, 186p, isbn 978-65-88593-00-4.

 

Um povo sem memória não existe. Nem tanto assim. Melhor seguir outra assertiva: "Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado."(Emília Viotti da Costa, web https://www.facebook.com/ccbb.rj/photos/).

Cada lugar ou gente, seja a menor célula (residência ou família que a habita) tem história que precisa ser escrita para lhe dar personalidade, segurança, consciência. Um bairro de uma cidade, um povoado, os moradores do lugar, os donos de um sobrenome, uma cidade, a nação, a humanidade. Não é justo menosprezarmos a história, queimarmos a memória, o que nos faz um povo à toa. E um lugar também, cujo nome pode ser mudado ao gosto de um e de outro porque não há lastro que o segure no tempo.

Este livro de Claudefranklin levanta a memória de um lugar encravado na cidade do Lagarto, nas fraldas por onde avança e incorpora como cidade também. O Pomar São Vicente do político e cidadão José Vicente de Carvalho, que hoje é o bairro Novo Horizonte onde está a igreja (que luta para erguê-la!) dedicada a Santa Terezinha do Menino Jesus.

A primeira parte do livro, narra a vida de Terezinha, que decidiu, ainda mocinha, ser santa da Igreja Católica. E o foi, juntamente com seus pais. Caso único. A base da narrativa vem da melhor fonte, o livro “A História de uma Alma” escrito pela santa. São poucas páginas, 21 a 47, onde há a receita para ser santa da Igreja: “não se queixar; não se vitimizar; não se deixar entregar às paixões; buscar viver no anonimato; recolher-se à discrição, na prática das coisas simples; não competir e esperar sempre pela Graça.” É só comecinho.

Depois vem a história do lugar, começando pelo Pomar São Vicente, úmido, lamacento. Os primeiros moradores. É citado o primeiro de todos, o itabaianense, José Antônio de Jesus, pai de oito filhos, entre os quais José Ginaldo de Jesus, meu amigo e confrade. Ele pertence ao Movimento Cultura da Academia Sergipana de Letras.

A epopeia da construção da igreja. Os vigários, inclusive da paróquia mãe. As lideranças. O testemunho moradores do lugar hoje, com seus depoimentos.

Tudo é história. Inclusive a do Lagarto, que começa com a colonização de Sergipe, após a conquista.

xxx

As obras de Claudefranklin, mesmo as organizadas, a exceção da poesia que é muito particular, revelam sempre História, e constituem, imagino que sim, fontes seguras de pesquisa para o futuro. E aqui, porque o autor se preocupa com os links, e os explora, há a história da religiosidade de um povo, da tenacidade, da camaradagem. E muito mais.

Este “A Santinha” me deu prazer ler.

(Por Antônio FJ Saracura, 2020out19).

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