VENCEDORES DO SERTÃO, a história
escrita por Roseilde Francisca de Santana Santos, HOJE Edições, 2021, 196
Páginas, 14 por 21 cm, Isbn 978-65-88008-02-7.
Roseilde Francisca de Santana Santos cuida do projeto Missão Sergipe,
dentro da escola Senador Leite Neto, no povoado Várzea do Enxu, em São Miguel
do Aleixo, Sergipe. E usa, no falar (e como isso me encanta!) o gostoso verbo
“Ponhar”, de meu tempo de menino, que dona Zinha, minha professora do infantil,
me ensinou a conjugar, e, depois, as escolas superiores quiseram arrancar de
minha alma. Não conseguiram. Tá “ponhado” no meu imo ad aeternum.
Ela trouxe uma caravana de alunos para a II Feira do Livro de Itabaiana
(dias 04 a 06 de novembro de 2022) nos três dias. Eles se apresentaram no palco
com as peças: Musical Diz, Coração Brasileiro e Deus não está morto; almoçaram,
jantaram, lancharam, brilharam, ensinaram. E compraram livros com os
Vales Livros que receberam da organização do evento.
E eu troquei livros com Roseilde. Dei-lhe “O Menino Amarelo” e
recebi “Vencedores do Sertão”...
Sempre tento permutar livros com os escritores nas Feiras das quais
participo.
Li as páginas de "Vencedores do Sertão" que são relembranças e
respeitosamente corri rápido os olhos pelas páginas dedicadas à doutrina, que são
o sustento do missionário.
Há a mão de Deus mudando o mundo para melhor em cada canto. Há os
escolhidos que dão a vida pela missão. O que seria dos pobres, sem comida e sem
esperança, se não tivessem o amparo das mãos santas de Roseilde e as mãos
de milhões de abnegados: as mãos de Deus. E que força é esta que alimenta as
mãos destes missionários frágeis; humanos, como eu sou também?
Roseilde me contou, nos poucos minutos que estivemos juntos na Feira,
coisas que jamais vou esquecer.
“Eu precisava de 100 reais para dar lanche (melhor
do que a farofa caseira que trazia) aos meninos que vinham comigo para a Feira
do livro de Itabaiana. Mas eu não tinha um tostão no bolso. Além do transporte,
não houve como conseguir mais aqui no lugar.
Então fui, mais uma vez, às redes sociais.
Expliquei minha missão e pedi que três pessoas me dessem, cada uma, 30,00
reais. Talvez 90,00 fossem o suficiente. Então chegou a primeira doação:
oitocentos reais. E a mão anônima bateu no meu ombro e falou: “Se precisar de
mais, me avise”.
“Como Deus é bom! Quando as circunstâncias parecem contrárias, Ele
trabalha em nosso favor” (página 148 de Vencedores do Sertão).
E a missionária prosseguiu: “Disse aos Grupos das Redes Sociais
que não precisava mais de dinheiro. Em vez de lanche, os meninos puderam
almoçar na praça da alimentação do shopping”.
E eu (agora sou eu, Saracura) fico comemorando este País e este povo,
aos quais pertenço. E agradeço a Deus ter me feito parar uns minutos para
conhecer a missionária Roseilde Santana, vinda de Limeira, São Paulo, que se
bateu no sertão de Sergipe para comandar esses sertanejinhos inocentes e suas
famílias carentes.
xxx
A missão na Vargem do Enxu (e outros povoados do entorno) é mantida por
uma célula da Igreja evangélica de Limeira, São Paulo, que se denomina “Missão
Filadélfia”, e também atua no mundo todo.
O livro narra missão da autora em Angola (Luanda) na África, até que a
Covid-19 a mandou de volta ao Aleixo. E a missão no Ceará: Brejo Santo,
São José do Belomonte e Porteiras... Em Jati, conheceu o menino que morava
"logo ali...". O mundo fica pequeno quando se anda segurando na
mão de Deus. E tudo fica pertinho, logo ali, mesmo que se tenha que caminhar
horas e horas para chegar. Para este menino sem nome, o longe era logo
ali. O pertinho (de que falava) demorava demais para se chegar.
O livro “Vencedores do Sertão” narra a epopeia da missionária Roseilde,
desde a infância de migrantes sergipanos no sul ilusório. Andou pelo
caminho espinhoso de criança pobre, sem casa digna, sem mesa e sem
conforto. Em jovem, estudou pouco e com grande sacrifício. Buscou, incansável,
uma vaga no mercado de trabalho. Aprendeu a arte de cabelereira e trabalhou por
conta própria em casa. Foi microempresária e quebrou. Levantou-se e quebrou de
novo. Casou, criou família, construiu seu mundinho de esperança, que se
desmanchou com a perda do marido. Viveu discriminada nas rodas da religião e
nas rodas sociais. Em forte depressão e quase acidentalmente, entrou em um
templo evangélico e recebeu "o chamado". Outros recusariam, estava
cansada de derrotas, mas Roseilde aceitou. Corria o ano de 2004. De
católica fervorosa que sempre foi, passou a evangélica
ardorosa. Desde 2010, (já são 13 anos), a missionária Roseilde provê
dignidade aos poucos favorecidos do sertão de Sergipe.
Já aqui, graduou-se em Serviço Social pela UNIT, em Itabaiana e fez
especialização em Planejamento de Gerenciamento de Serviço Social.
Ela sabe congregar forças que nem se tocavam que serviam para se
congregar. Com paciência, vem transformando a vida do povo da Várzea do
Enxu, de Caiendas e de Malhada dos Negros para melhor. Também de outros
povoados do São Miguel do Aleixo, de Ribeirópolis e de Nossa Senhora da
Glória.
Roseilde tem boas pernas para andar, teve uma motinha 88 quebradeira,
tem Alex que sabe dirigir, que é seu companheiro de vida agora e fiel
sacristão. Tem um carrinho de terceira mão e está querendo comprar um mais
novo para chegar mais longe, logo e sem falta. Tem o reconhecimento do Poder
Público, a gratidão do povo, a força de Deus à mão.
Recomendo a leitura do livro da missionária Roseilde.
(Por Antônio FJ Saracura, Aracaju, 22 de janeiro de 2023).
Contato com a autora:
079 99998-0508 (wsap)
roseildesantana@hotmail.com (email)
Li na Academia em 30/01/2023
ResponderExcluirPublicada no jornal "Zona Livre" em 20/07/2024
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