quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

HORIZONTE AZUL, Sônia Gentil

 

HORIZONTE AZUL, Sônia Gentil, Páginas: 462, Isbn: 978-85-910928-0-2


 Dei uma folheada inicial, como sempre faço, para sentir o produto. Li frases soltas aqui e ali, cheirei sutilmente para pegar afinidade, acariciei com os dedos folhas aleatórias. Mas sempre um tanto desconfiado e, porque não dizer logo, achando o livro muito volumoso. Não que eu tenha medo de livros volumosos, pois acabara de ler Stieg Larson inteiro, três volumes, duas mil páginas cheias, como se sorve um gole de vinho bom.

Mas não me animei a ler afinco esse Horizonte Azul, também porque o cenário era fora do Brasil, região de gelo puro, que me dá calafrio. Por que autor, com tantas palavras na agulha, não escreveu uma epopeia de nossa gente, de nossa terra, tão pobre de literatura e de respeito.

 Então resolvi passar o livro para frente para ver se criaria coragem de enfrentá-lo depois. Emprestei-o ao antigo professor do ginásio de minha longínqua infância, doutor Carlos Leite. Ele está velhinho, tem quase noventa anos, e passa o dia numa cadeira de rodas. Possui todo o tempo do mundo a arriscar. Achei!

Uma semana depois, ele me devolveu o livro dizendo que gostara, e muito. Era uma história bonita, emocionante e contou-me passagens.

Nesse meio tempo, Joelma da Infographics, minha editora, ligou-me querendo saber se eu já lera “Horizonte Azul”, do qual lhe farara quando o comprei na Escariz.

 

Disse-lhe que ainda estava o arrodeando. E ela, assim como o doutor Carlos Leite, falou que lera e o achara muito bom.

Fiquei sem alternativa, teria que ler também.

 Xxx

 Estou na página 83 e não vou continuar lendo amiúde, palavra a palavra. Lerei os pedaços aqui e acolá apenas. Leitura dinâmica, que não gostaria que ninguém me lesse.

 Estou achando que a autora desperdiçou palavras demais para contar pouca coisa. Ou talvez tenha se alongado, quando nem seria necessário. Situações poderiam ser descritas com uma frase apenas ela gasta mais de cem. Achei os diálogos óbvios demais. Achei as descrições fúteis, que não preparam para nada. Ou serão (talvez) aproveitadas na trama muito a frente, um lugar onde não chegarei. Há muitas gentilezas, muitos salamaleques, muitos adjetivos amenos, muitas flores no andor do santo.

 Que me desculpem Carlos Leite, Joelma, Sônia Gentil. Especialmente Sônia que escreve português irretocável, conta uma história admirável...

Mas não me tocou, não me envenenou.

 (Aracaju, julho de 2013, Antônio Saracura, recuperada em fevereiro de 2021).

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