NO ARDOR DOS LIVROS,
Estudos sobre Maria Lucia Dal Farra, Ana Vilela, Fábio Maria Silva, Inês
Pedrosa, Rosa Fina (org.), Sol Negro Edições, ARC Edições, Isbn
978-65-86916-12-6
Recebi um exemplar autografado do livro "No Ardor dos Livros". Obrigado. Tinta lilás, letra círica do próprio punho da autora, Dal Farra. ”Ao grande Saracura, para dividir a alegria, grande abraço ..... Morada do Rio, 05/07/2021". Então, Maria Lúcia Dal Farra chegou aqui em casa vestida de poesia e de louvores. Obrigado pela dedicatória que não consegui (e nem precisava) traduzir inteira. Mas entendi que a autora compartilhava comigo a alegria imensa que vivia. E como fiquei alegre também!
No Ardor dos Livros é alentado livro com 294 páginas tratando desta sergipana que não esquece sua origem em Botucatu. Mas sua poesia é nossa (muito mais) com toda sua arte, assim como é nosso o romance de Francisco Dantas, seu esposo. Os dois produzem obras que nos elevam e enlevam. Coivara da Memória, Os Desvalidos, Alumbramentos, Livros das Auras... Que os mantenho ao meu alcance sempre, junto com os irmãos tão bons quanto, nascidos da mesma união e de outros admiráveis magos das letras.
O livro começa com uma entrevista de 20 páginas, na qual a autora não se esquiva. Abre-se sincera e inteira. E como é bela! (Que me perdoe a petulância). Cada resposta dada por Maria tem a consistência da tapioca enxuta saída das farinhadas no sítio onde nasci e tem a beleza da Serra de Itabaiana para Maria Thetis Nunes (mais bela que os Alpes e os Andes) e para mim (não conheço outra além de Itabaiana). Maria Lúcia discorre vasta sobre suas múltiplas faces; a vida de escritora; o entendimento de poesia; a ligação com Florbela Espanca e com Herberto Helder; como entende a própria obra literária...
E uma passagem especialmente me atingiu, pois tem meu jeito de ser: “eu (uma menina de 13 anos) não podia admitir que, doravante este livro (Memórias Póstumas de Brás Cubas) fosse ignorado pelos que me rodeavam”.
Apenas esta curta Entrevista (inesgotável na abordagem da pessoa, do contexto em que vive, da linha de pensamento - os por quês - que a faz ser assim tão grande) vale um livro por si só. .
E em seguida, no capítulo 2, desfilam os depoimentos de mestres que conviveram com a obra e com a autora: Ana Maria Domingues de Oliveira (roxo é a cor mais quente); Marlise Val Bride (É tudo verdade...); Adriana Sacramento e outros (Homenagem a Maria Lucia); Inês Pedrosa (Homenagem), Paulo Mota Oliveira (Por corredores que não dão para dentro).
O capítulo 3 trata de Maria Lucia traduzida. Estudiosos, como Cris Gerry, Matteo Pupillo e Mercedes Gomes Almeida apresentam fortunas em outros idiomas. Dei uma brecada, mas segui em frente, pois até meu português precisa ser revisto, e bem que o inglês de with love, desceu bem. Até achei que Matteo Pupillo, logo a seguir, escrevia em inglês.
O capitulo 4 compõe-se de artigos... Muitos artigos, acredito que publicados em jornais e revistas especializados, tratando da obra (ou parte dela) e da poeta. São de autoria de plêiade de acadêmicos, que achei justo citar todos, mesmo sem comentar o assunto abordado, um pouco para instigar a leitura do livro e chegar ao fim desta resenha que precisa ser breve:
Adriana Sacramento analisa a poesia no livro Terceto para o fim dos tempos (2017);
Catherine Dumas estuda e disseca o poema Herança publicado em Terceto para o fim dos tempos.
Cláudia Pazoa Alonso fala de Clarividências na poesia de Florbela e Dal Farra;
Deolinda Adão trabalha os diálogos poéticos entre tons de lilás em Dal Farra;
Edson Santos Silva vasculha a recensão (notícia crítica resumida, publicada em revistas técnicas) de alguns poemas de MLDF;
Fábio Mario da Silva e Paulo Geovane e Silva - o significado de Fruto Proibido em dois poemas de Maria Lúcia;
Helder Garmes - Urdidura na narrativa e memória em Inquilina do Intervalo (livro de contos de 2005 de MLDF);
Iná Camargo Costa escreve sobre um Terceto (para o fim dos Tempos, e seu manual de instruções);
Iracema Goor e Anita Costa Malufe trabalham Labirinto da Memória em Terceto (citado antes);
Isa Margarida Vitória revela uma gratidão à mestra;
Ivo Falcão da Silva trata de Florbela e Gilka Machado em MLDL;
Jonas Leite - De Maria Lúcia para Florbela, com amor;
Kalina Naro Guimarães fala de coisas de mulher em dois poemas de Dal Farra;
Patrícia da Silva Cardoso - As palavras e suas formas concretas no poema de Fiama Hasse País Brandão vistos por MLDF;
Rafael Campos Quevedo Linha amorosa de Maria Lúcia, leitura do poema Amor em Alumbramentos;
Rogério Alves Freire - A subversão do papel feminino em Florbela, Mariana Alcoforado e Dal Farra.
Para conhecer bem Maria Lúcia cabe ler a fundo sua obra e/ou as mil visões dos estudiosos a respeito. É mais ou menos, o que diz Marlise Vaz Bride, página 37 deste No Ardor dos Livros, ao falar de outro monstro (ainda não passei em sua caverna), Vergílio Ferreira.
E para encerrar estas mal traçadas linhas, copio (porque não conseguiria ser mais
claro) o que escreveram os organizadores deste No Ardor dos Livros sobre
Maria Lúcia: “Em tudo que escreve, não deixa de afirmar a sua plena
singularidade expressiva, caracterizada pelo rigor e pela depuração formais e pelo
fulgor poético do real que transfigura”.
Um grande abraço, Dal Farra, pela distinção com que me trata.
(Por Antônio FJ Saracura, 22 de junho de 2022)
Publicado no jornal Zona Sul e 17/01/2023
ResponderExcluirLi na ASL numa data que não anotei ou tenho a impressão que já o fiz.
ResponderExcluirSobre o LI acima, possa ser que não li, mas de tanto tentar sem conseguir espaço vou dar como lido
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