MEMÓRIAS DE NOSSA SENHORA DAS DORES – Uma cidade centenária, 2021, organização de Jailton Filho e outros, 124 página, isbn 978.65.5730.050-3.
Venho acompanhando Dores e sua cultura, gratificado desde quando mantive o primeiro contato com o grupo “Projeto Memórias”, acho que no ano em 2003, já lá se vão quase uma vida. Dores se parece com a Itabaiana que criei para mim, lugar venerado pelos filhos. Em qualquer canto, seja nos cafundós do judas, o povo se orgulha ao falar o nome de sua terra: Itabaiana é a bandeira sempre desfraldada que conduz esse exército de abnegados soldados. Dores também, pelo que sinto.
O livro (Memórias de Nossa Senhora das Dores - uma cidade centenária), que acabo de sorver, fala desse
amor que o dorense chama "Dorensenidade", e que faz os chumaços das minhas têmporas arrepiarem.
A primeira parte do livro foi escrita pelo historiador João Paulo
Araújo e mostra o reino dos enforcados desde a origem aos dias de hoje: o povo, os costumes, a terra, a economia, os homens de
valor (e as mulheres também), a história...
Na segunda parte, patati pererê, Ari Pereira, em versos singelos, canta sua terra melhor do que
qualquer outro poeta poderia fazer: “Sou dos pincéis e
tons / verdadeiramente das telas / sou encanto de cores / das Dores de Adauto Machado,
de Hortência Barreto, de Luan, de Bruno e de tantos magos da arte”.
Luiz Carlos de Jesus, presidente da Academia Dorense de
Letras, trata do projeto Memórias que revela a alma de Dores ao mundo. O projeto foi criado
em 2003 por três cavaleiros da Távola Redonda cultural: João Paulo, Luiz Carlos
e Manoel Messias Moura.
Jânio Vieira, na quarta parte do livro, faz um percurso
na literatura dorense, que tem uma plêiade jovem de autores respeitáveis, e uma velha guarda brilhante, como o capitão
Teodomiro Alves de Campos que deixou um bom livro de crônicas “Olhando meu
caminho”, de 1966. E tem meu amigo (que nunca vi mas comentou livros de
minha autoria) Manoel Cardoso, do
impagável “Translúcido Silêncio”, finalmente um livro de poesias que me calou, além de outras obras gestadas no sul mas
sangrando da saudade de sua terra. E me encontro com o padre José Lima Santana,
um dos responsáveis pela minha entrada na Academia Sergipana de Letras, ele publicou artigo conclamando
os tácitos imortais a votarem em mim. Zé
Lima é poeta de projeção universal, romancista de alto quilate e cronista fora de série. O padre sempre me dá a bênção, quando
contrito peço.
(...)
Agora vem a sétima parte (se já não for a oitava) com Viviane Cardoso constatando que todo tempo é pouco para falar bem de Dores. Valtênio Santos Santana (outra parte do livro) traz o museu caipira do povoado Cachoeirinha, obra de sua lavra, resgate antropológico de um povo e atração que os turistas do mundo adorariam, se nosso governo preguiçoso abrisse caminhos no mapa do mundo para as belezas que temos. José Aldo Souza abre seu diário íntimo, expondo reminiscências de um intelectual. João Vitor retorna com o tema Literatura, que é minha cachaça, enfoca a revista Enforcadense, uma excelente publicação que tive o prazer de receber a última edição das mãos de Jailton Filho, o redator-chefe.
Já que me estendi além da conta, vou encompridar mais um pouco e falar, rapidamente, de outro livrinho sobre Dores (Nossa Senhora das Dores, este escrito em versos de cordel. São 53 estrofes e escolhi duas para prestar homenagem a grande dorense e autora, Salete Nascimento, justificadamente chamada de "rainha dos cordelistas sergipanos”.
“Tem um pirão caipira
Feito com molho e farinha
Lá no Gado Bravo Norte
Que é a terra de Saletinha
Se a fome vier com jeito
Com carne frita de peito
Coma até sair da linha.
Muito rica a culinária
Aconselho que confira
Tem lugares tentadores
Quem vai lá se admira
Não se poupe em degustar
Com certeza vai gostar
Do restaurante Traíra”.
***
Eitha quanto livro bom!
Acabo de receber do grande João Paulo de Araújo, que responde pela glória de Dores, outro livro: Efemérides da Terra dos Enforcados. Como o nome sugere, comemora fatos da origem histórica (1606), da emancipação política (1859), da elevação á categoria de cidade (1920), dos equívocos históricos... Dei uma corrida de olhos e guardei ao alcance de minha mão.
Aracaju, 09 de maio de 2022, Antônio FJ Saracura.
Publicado no Zona Sul em 28/03/2023
ResponderExcluirLi na ASL em data que não anotei ou tenho a impressão firme que li.
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