segunda-feira, 9 de maio de 2022

MEMÓRIAS DE NOSSA SENHORA DAS DORES – uma cidade centenária.

 

MEMÓRIAS DE NOSSA SENHORA DAS DORES – Uma cidade centenária, 2021, organização de Jailton Filho e outros, 124 página, isbn 978.65.5730.050-3.

 



Venho acompanhando Dores e sua cultura, gratificado desde quando mantive o primeiro contato com o grupo “Projeto Memórias”, acho que no ano em 2003, já lá se vão quase uma vida. Dores se parece com a Itabaiana que criei para mim, lugar venerado pelos filhos. Em qualquer canto, seja nos cafundós do judas, o povo se orgulha ao falar o nome de sua terra: Itabaiana é a bandeira sempre desfraldada que conduz esse exército de abnegados soldados. Dores também, pelo que sinto.

O livro (Memórias de Nossa Senhora das Dores - uma cidade centenária),  que acabo de sorver, fala desse amor que o dorense chama  "Dorensenidade", e que faz os chumaços das minhas têmporas  arrepiarem.

A primeira parte do livro foi escrita pelo historiador João Paulo Araújo e mostra o reino dos enforcados desde a origem aos dias de hoje:  o povo, os  costumes, a terra, a economia, os homens de valor (e as mulheres também), a história...

Na segunda parte, patati pererê, Ari Pereira, em  versos singelos, canta sua terra melhor do que qualquer outro poeta poderia fazer: “Sou dos pincéis e tons / verdadeiramente das telas / sou encanto de cores / das Dores de Adauto Machado, de Hortência Barreto, de Luan, de Bruno e de tantos magos da arte”.  

Luiz Carlos de Jesus, presidente da Academia Dorense de Letras, trata do projeto Memórias que revela a alma de Dores ao mundo. O projeto foi criado em 2003 por três cavaleiros da Távola Redonda cultural: João Paulo, Luiz Carlos e Manoel Messias Moura.

Jânio Vieira, na quarta parte do livro, faz um percurso na literatura dorense, que tem uma plêiade jovem de autores respeitáveis,  e uma velha guarda brilhante, como o capitão Teodomiro Alves de Campos que deixou um bom livro de crônicas “Olhando meu caminho”, de 1966. E tem meu amigo (que nunca vi mas comentou livros de minha autoria) Manoel Cardoso,  do impagável “Translúcido Silêncio”, finalmente um livro de poesias que me calou, além de outras obras gestadas no sul mas sangrando da saudade de sua terra. E me encontro com o padre José Lima Santana, um dos responsáveis pela minha entrada na Academia Sergipana de Letras, ele publicou artigo conclamando os tácitos imortais a votarem em mim. Zé Lima é poeta de projeção universal, romancista de alto quilate e cronista fora de série. O padre sempre me dá a bênção, quando contrito peço. 

(...)

Agora vem  a sétima parte (se já não for a oitava) com Viviane Cardoso constatando que todo tempo é pouco para falar bem de  Dores. Valtênio Santos Santana (outra parte do livro) traz o museu caipira do povoado Cachoeirinha, obra de sua lavra, resgate antropológico de um povo e atração que os turistas do mundo adorariam, se nosso governo preguiçoso abrisse caminhos no mapa do mundo para as belezas que temos. José Aldo Souza abre seu diário íntimo, expondo reminiscências de um intelectual. João Vitor retorna com o tema Literatura, que é minha cachaça, enfoca a revista Enforcadense, uma excelente publicação que tive o prazer de receber a última edição das mãos de Jailton Filho, o redator-chefe. 

 O livro é encerrado com a iconografia de José Arnaldo Barreto, mostrando as belezas do lugar e com o professor Jailton a jogar sementes para o próximo centenário da cidade, que nem ele e nem eu conseguiremos assistir.  

Já que me estendi além da conta, vou encompridar mais um pouco e falar, rapidamente, de outro livrinho sobre Dores (Nossa Senhora das Dores, este escrito em versos de cordel. São 53 estrofes e escolhi duas para prestar homenagem  a grande dorense e autora, Salete Nascimento, justificadamente chamada de "rainha dos cordelistas sergipanos”.


“Tem um pirão caipira

Feito com molho e farinha

Lá no Gado Bravo Norte

Que é a terra de Saletinha

Se a fome vier com jeito

Com carne frita de peito

Coma até sair da linha.

 

Muito rica a culinária

Aconselho que confira

Tem lugares tentadores

Quem vai lá se admira

Não se poupe em degustar

Com certeza vai gostar

Do restaurante Traíra”.

***

Eitha quanto livro bom! 

Acabo de receber do grande João Paulo de Araújo, que responde pela glória de Dores, outro livro: Efemérides da Terra dos Enforcados.  Como o nome sugere, comemora fatos da origem histórica (1606), da emancipação política (1859),  da elevação á categoria de cidade (1920), dos equívocos históricos... Dei uma corrida de olhos e guardei ao alcance de minha mão. 

Aracaju, 09 de maio de 2022, Antônio FJ Saracura.


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