SEIS ANOS DE
ILUSÃO, Jailton Filho, 2021, Artner Aracaju, Isbn 978-65-88562-61-1
Acho que os romances devem difundir doutrinas sutilmente dentro da trama.
Que o leitor capte mais por osmose do que gastando tempo lendo. O ritmo é
essencial nesse gênero literário e o autor precisa se preocupar em não o quebrar,
sob pena de perder o leitor.
Ricardo, professor universitário,
solteiro de origem humilde, conhece Ester, jovem médica, que enfrentara uma
tragédia recente (morte do esposo e do filho gestado).
Surgem o amor, a paixão. Casamento, felicidade.
Gravidez, parto prematuro... Internamento, recuperação demorada.
Ricardo, solitário, conhece Eugênia,
jovem cientista em busca de aventura e de cultura. Amor, paixão, gravidez.
Ester recupera-se e vem buscar seu
marido evasivo. Choque e muita dor.
Ricardo e Eugênia vivem felizes. De
súbito, um acidente mata Eugênia. Dor, remorsos.
Ricardo enforca-se e morre.
Só isso, em seis anos.
A trama é singela e um tanto óbvia.
Conquista, paixão, estabilização. Nova chance, traição, nova paixão, tragédia,
caminhos truncados, suicídio.
Pareceu-me muito mais um conto (pelo
tamanho). No máximo, novela. Entretanto, cada autor nomeia o seu trabalho de
acordo com o gosto. Mas corre o risco de provocar discordância, o que pode
provocar percalços dispensáveis na vida da obra. A não ser que seja uma obra
genial e, nesse caso, ela muda os paradigmas, ou melhor, cria novos. E incluo
aqui “ A Morte de Ivan Ilitch” de Leon Tolstoi, com apenas 86 páginas, mas que
valem as 1220 de “Guerra e Paz”, do mesmo autor (há controvérsias).
Achei interessante a entrada do narrador em duas partes do livro, deu maior dimensão à narrativa, trouxe o leitor para perto.
Gostei da escrita útil, sem abusar da inteligência do leitor e sem gastar o tempo dele inutilmente.
Posso dizer, sem qualquer favor, que “Seis Anos de Ilusão” é uma boa estreia do jovem escritor e professor dorense, Jailton Filho.
(Por Antônio FJ Saracura, Aracaju, 2022fev19)
Saiu no jornal Zona Sul em 2023mar14
ResponderExcluirLi na ASL em uma nada que não anotei, ou tenho a impressão que li.
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