A SANTINHA DO NOVO
HORIZONTE, Claudefranklin Monteiro, Criação Editora, 2020, 186p, isbn
978-65-88593-00-4.
Um povo sem memória não
existe. Nem tanto assim. Melhor seguir outra assertiva: "Um povo sem memória é um povo sem
história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no
futuro, os mesmos erros do passado."(Emília Viotti da Costa,
web https://www.facebook.com/ccbb.rj/photos/).
Cada lugar ou gente, seja
a menor célula (residência ou família que a habita) tem história que precisa
ser escrita para lhe dar personalidade, segurança, consciência. Um bairro de
uma cidade, um povoado, os moradores do lugar, os donos de um sobrenome, uma cidade, a
nação, a humanidade. Não é justo menosprezarmos a história, queimarmos a memória, o que nos faz um povo à toa. E um lugar também, cujo nome pode ser mudado
ao gosto de um e de outro porque não há lastro que o segure no tempo.
Este livro de Claudefranklin
levanta a memória de um lugar encravado na cidade do Lagarto, nas fraldas por
onde avança e incorpora como cidade também. O Pomar São Vicente do político e
cidadão José Vicente de Carvalho, que hoje é o bairro Novo Horizonte onde está
a igreja (que luta para erguê-la!) dedicada a Santa Terezinha do Menino Jesus.
A primeira parte do livro, narra a
vida de Terezinha, que decidiu, ainda mocinha, ser santa da Igreja Católica. E o
foi, juntamente com seus pais. Caso único. A base da narrativa vem da melhor fonte,
o livro “A História de uma Alma” escrito pela santa. São poucas páginas, 21 a
47, onde há a receita para ser santa da Igreja: “não se queixar; não se
vitimizar; não se deixar entregar às paixões; buscar viver no anonimato;
recolher-se à discrição, na prática das coisas simples; não competir e esperar
sempre pela Graça.” É só comecinho.
Depois vem a história
do lugar, começando pelo Pomar São Vicente, úmido, lamacento. Os
primeiros moradores. É citado o primeiro de todos, o itabaianense, José Antônio
de Jesus, pai de oito filhos, entre os quais José Ginaldo de Jesus, meu amigo e
confrade. Ele pertence ao Movimento Cultura da Academia Sergipana de Letras.
A epopeia da construção da igreja. Os vigários, inclusive da paróquia mãe. As lideranças. O testemunho moradores do lugar hoje, com seus depoimentos.
Tudo é história. Inclusive
a do Lagarto, que começa com a
colonização de Sergipe, após a conquista.
xxx
As obras de Claudefranklin,
mesmo as organizadas, a exceção da poesia que é muito particular, revelam sempre
História, e constituem, imagino que sim, fontes seguras de pesquisa para o
futuro. E aqui, porque o autor se preocupa com os links, e os explora, há a
história da religiosidade de um povo, da tenacidade, da camaradagem. E muito mais.
Este “A Santinha” me
deu prazer ler.
(Por Antônio FJ
Saracura, 2020out19).