A EXPRESSÃO POÉTICA ESTANCIANA, a
contribuição do Clube dos Poetas Estancianos, Maria Salete Costa
Nascimento,2020, Artner Editora, 124p, il, Isbn 978-65-990491-6-3.
Maria Salete é a rainha do cordel Sergipano, título outorgado pelos colegas cordelistas, não apenas devido ao seu cordel consistente, também pela atuação destacada na divulgação e ensino intensos do Cordel e de outras variações da arte literária que produz: contos, crônicas, poesia clássica, ensaios, história.
Convive com literatura desde menina e conta que o cordel (o pai gostava) ajudou na sua alfabetização.
Formada em pedagogia, defendeu a inclusão da poesia nas grades escolares do município de Estância, onde vivia; Salete é natural de Dores, do povoado Gado Bravo Norte.
Autora e mais de 140 livrinhos em cordel, desde o primeiro “O Triste Fim de Raimundo”.
Publicou (além dos cordéis): “Nas Asas do
Vento”, poesia clássica de sua lavra; “Vivências Sobrenaturais e Outros Casos”, contos bem humorados
e mal assombrados: arrepiam o leitor tido como valente e faz
desmanchar-se em sorriso qualquer cenho sisudo, pelo inicial medo desnecessário.
Agora, no meio da pandemia, Salete publicou este “A Expressão Poética Estanciana”, um ensaio histórico, compêndio didático de literatura, além da memória da pioneira instituição dedicada à poesia, o "Clube dos Poetas Estancianos".Este Clube atua efetivamente desde a fundação, em fevereiro de 1991, quando foi criado por um grupo de vates convictos, entre os quais, Maria Salete Nascimento, que morava lá.
Na primeira parte do livro, Salete dá uma aula de literatura bem dada, como as aulas de Alberto de Carvalho no curso de Economia que fiz nos idos de antigamente. Todas as outras salas suspendiam as atividades na velha casa na Praça Camerino, para que os alunos das demais turmas e mesmo os professores (agora com suas salas vazias) viessem às janelas ouvir, de boca aberta, Alberto inspirado se exceder na arte de instruir de forma cabal. E assim, Salete, didaticamente, mostra a importância de Homero para a Poesia. Passa por Sócrates, Sófocles, Platão, Aristóteles. E acende verdades inquestionáveis como a de que “sem a arte não existe conhecimento, e o homem sem conhecimento é um animal triste e vazio”. Navega na história da poesia pelo tempo e pelo mundo e se fixa Brasil. E aqui nos mostra expoentes na arte poética. Em Sergipe, por fim, nos apresenta desde Gregório de Matos até os poetas que convivem conosco nos dias de hoje. De maneira simples, ensina o significado e características das escolas, dos movimentos literários... são apenas 39 páginas que valem um compêndio da academia.
Por fim, Salete expõe a arte literária
estanciana desde os primórdios como o jornalismo: uma fortuna inacreditável de
periódicos que circulou em volta do pioneiro “Recompilador Sergipense” de
monsenhor Antônio Fernandes da Silveira.
O livro “Expressão Poética Estanciana” revela a premiada cordelista como autora
de um bom ensaio histórico sobre a poesia Estância e um interessante (embora rápido) passeio pela poesia no mundo. .
Aracaju, 29 de setembro de 2021,
por Antônio FJ Saracura