ECOS DO PASSADO, Hermenegildo Freire de Macedo, Artner, 2025,
Aracaju, Se, 97 p, isbn 978-65-83131-55-3
O autor é professor desde menino e conta neste gostoso
livrinho (ECOS DO PASSADO) de memórias como a vida o levou a tal, e a muito mais.
Não havia o quinto ano no povoado Mangabeira e (acho que em nenhum
outro povoado de Itabaiana) e o sonho de todo estudante era, ao caminhar para a
conclusão do quarto ano, achar um jeito de ir estudar na cidade, no já lendário
Murilo Braga. Mas a cidade, naquela época, era muito mais distante do que hoje
(que tem boas estradas e transporte acessível) e poucos tinham a sorte de ter
um tio Franquilino, que lhe desse pousada. E nem uma professora que não temesse
a concorrência na profissão e que incentivasse os melhores alunos a serem
professor também.
O autor é artesão nas horas vagas e é cozinheiro de mão cheia,
artes aprendidas com os artistas do povoado e com a mãe prendada.
Hermenegildo é poeta de cordel (deve ser poeta de tudo o
mais) e seus livrinhos de versos são didáticos divertidos, ensinam artes e
modos de vida, alertam para os descaminhos. contam histórias do povo, resgatam lendas...
Agora ele é escritor-memorialista e nos brinda com um gostoso
livro, que chamou “Ecos do Passado”, no qual revivi partes de minha infância,
nas farinhadas, na lida da malhada, do curral das vacas de leite e em muitas
coisas que as deixei passar em branco nos livros que escrevi... Como a matinha
do candeal, que não há mais no sitio da Cajaíba mas ainda é preservada no sítio
Saracura da Terra Vermelha. Como as solitárias Sambaíbas, Sucupiras, Paus Ferro.
Deste Pau-Ferro, ainda hoje, tem quatro árvores solitárias (escaparam das
coivaras do passado) em um uma capineira do sítio Saracura. Servem de sombra ao
gado e para adoração do proprietário (Antônio de Dezi, personagem de destaque
em toda a obra de Antônio FJ Saracura) e minha quando apareço por lá.
Transcrevo, baixo, trechos da boa narrativa de Hermenegildo sobre
o candeal, que deve estar no subsconsciente de nossas raízes rurais, pois todos
viemos das matas.
Era também lá o refúgio de centenas de pássaros de várias
espécies que iam dormir durante a noite. Lá também era um ponto certo para
fazer uma boa "faxinada" com estilingue. Durante o verão, eu gostava
de ficar horas a fio deitado sobre as folhas frias, observando as copas
fechadas das árvores e as espécies que por ali frequentavam.
Foi por essa ocasião que acabei descobrindo algo que não
estava em meus planos. Os çandeais não eram frequentados somente por mim e os
pássaros, tinha outros concorrentes... “
Quais seriam estes concorrentes?
Leia o bom livro de Hermenegildo Freire Macedo.
(Por Antonio FJ Saracura, em Aracaju, 2025nov12).
