quarta-feira, 12 de novembro de 2025

ECOS DO PASSADO, Hermenegildo Freire de Macedo

 

ECOS DO PASSADO, Hermenegildo Freire de Macedo, Artner, 2025, Aracaju, Se, 97 p, isbn 978-65-83131-55-3

 

O autor é professor desde menino e conta neste gostoso livrinho (ECOS DO PASSADO) de memórias como a vida o levou a tal, e a muito mais.       

Não havia o quinto ano no povoado Mangabeira e (acho que em nenhum outro povoado de Itabaiana) e o sonho de todo estudante era, ao caminhar para a conclusão do quarto ano, achar um jeito de ir estudar na cidade, no já lendário Murilo Braga. Mas a cidade, naquela época, era muito mais distante do que hoje (que tem boas estradas e transporte acessível) e poucos tinham a sorte de ter um tio Franquilino, que lhe desse pousada. E nem uma professora que não temesse a concorrência na profissão e que incentivasse os melhores alunos a serem professor também.

O autor é artesão nas horas vagas e é cozinheiro de mão cheia, artes aprendidas com os artistas do povoado e com a mãe prendada.

Hermenegildo é poeta de cordel (deve ser poeta de tudo o mais) e seus livrinhos de versos são didáticos divertidos, ensinam artes e modos de vida, alertam para os descaminhos. contam histórias do povo, resgatam lendas...

Agora ele é escritor-memorialista e nos brinda com um gostoso livro, que chamou “Ecos do Passado”, no qual revivi partes de minha infância, nas farinhadas, na lida da malhada, do curral das vacas de leite e em muitas coisas que as deixei passar em branco nos livros que escrevi... Como a matinha do candeal, que não há mais no sitio da Cajaíba mas ainda é preservada no sítio Saracura da Terra Vermelha. Como as solitárias Sambaíbas, Sucupiras, Paus Ferro. Deste Pau-Ferro, ainda hoje, tem quatro árvores solitárias (escaparam das coivaras do passado) em um uma capineira do sítio Saracura. Servem de sombra ao gado e para adoração do proprietário (Antônio de Dezi, personagem de destaque em toda a obra de Antônio FJ Saracura) e minha quando apareço por lá.

Transcrevo, baixo, trechos da boa narrativa de Hermenegildo sobre o candeal, que deve estar no subsconsciente de nossas raízes rurais, pois todos viemos das matas.

 “Naquela época, metade do sítio velho era coberta por vegetações nativas, e entre as espécies, as candeias predominavam. Era a salvação da minha mãe, pois de lá saía grande parte da lenha para o fogão de casa, já que na época nem sonhávamos em ter fogão a gás. Os candeais também forneciam garranchos para fazer fachos, usados na casa de farinha.

Era também lá o refúgio de centenas de pássaros de várias espécies que iam dormir durante a noite. Lá também era um ponto certo para fazer uma boa "faxinada" com estilingue. Durante o verão, eu gostava de ficar horas a fio deitado sobre as folhas frias, observando as copas fechadas das árvores e as espécies que por ali frequentavam.

Foi por essa ocasião que acabei descobrindo algo que não estava em meus planos. Os çandeais não eram frequentados somente por mim e os pássaros, tinha outros concorrentes... “

Quais seriam estes concorrentes?

Leia o bom livro de Hermenegildo Freire Macedo.

 

(Por Antonio FJ Saracura, em Aracaju, 2025nov12).

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