domingo, 20 de novembro de 2016

UM CORAÇÃO POETA, Alaíde Souza Costa

UM CORAÇÃO POETA, Alaíde Souza Costa, Mogi Guaçu Becalete, 2015, 58 páginas, isbn 978-85-69358-08-04



Um livrinho de 58 páginas apenas, mas, não um livro qualquer, um livro especial.
E livro de poemas precisa ser extenso?
Basta um bom poema e se consagra.

Na verdade, eu acho, nenhum livro precisa de mais do que o essencial.  Escrever não é acumular dinheiro, nem tralhas, nem problemas. É a arte de dizer coisas surpreendentes, que encantem, que façam o leitor gritar (pode ser em silêncio): “Como foi bom ter achado este livro!”. Escrever é dizer coisas belas, de preferência, rapidamente. O leitor não tem tempo nem paciência para esperar o que talvez nunca chegue. Então, o escritor precisa dizer logo, sem cerimônia, não correr o risco de perder a rara chance.    

A baixinha (desculpe) Alaíde fez isso com seu “Um Coração de Poeta”.

Já na dedicatória canta de maneira singular o amor: “O amor dá a alegria e o sorriso, faz uma pessoa enfrentar o “diabo” se ele aparecer na sua frente (risos)”. 
Em “Um pouco de mim” (ainda estou nos preâmbulos)  Alaíde refere-se a Carlos Drumont, ao poema Resíduo: “Pois de tudo fica um pouco / fica um pouco de teu queixo no queixo de tua filha”... e Alaída deseja  que fique o queixo do seu verso no queixo do leitor.  

Pois ficou mesmo.

Vou citar partes de alguns poemas para dar uma ideia da singela beleza que a obra tem:

“Uma poesia que descreve a vida sofrida, mas uma poesia apesar de tudo” (Apesar de Tudo)

“Amor:  fácil de sonhar / difícil de viver.”(Aldravias)

“Carinho: Contato carnal, toque leve na alma” (idem)   

“Eu queria muito, hoje, ser uma gata! /não ter consciência sobre a dor, sobre a brutalidade, sobre o pudor.../ Só queria ser escolhida por um gato, / fazer charme para ele, fingindo não querê-lo e deixá-lo bem excitado e miando feito um tarado! / Ser possuída na sombra do quintal... e sentir muito, muito prazer.../ Ah! Querido! Que saudade de você... (Gata Selvagem).

  “... Olha! Fazer amor não é crime! / Crime é você passar por essa vida agredindo a um e outro /por não conseguir se sentir feliz...” (Eu sei que vou te amar).

“... E agora estou aqui querendo sumir no primeiro buraco que aparecer... / Tudo isso por quê? / Ele disse que viria, mas não veio e nem telefonou... /Se tem cura? / Tem. É só ele me beijar... / Se é amor? / Deve ser.  Para que negar?”  (Solidão)


(Oração de Agradecimento (o último poema):  “Obrigado, meu Deus, por mais essa oportunidade na vida,
Por poder abrir os olhos mais uma vez e estar bem disposta,
Por poder tomar meu pretinho todos os dias,
Por poder ver os meus cabelos brancos,
Por ter amigos verdadeiros,
Por ter energia para poder ir andando até o escritório daqui a pouco,
Por poder escrever essa mensagem,
Por realizar o sonho de publicar um livro,
Por poder fazer tudo que eu gosto, por poder ser feliz, por tudo enfim...”

xxx

Agradeço ao Pai Maior, também, por ter lido o seu livro, Alaíde Souza Costa. Espero que muitas pessoas boas o leiam, desarmadas.

(Aracaju, 20 de 11 de 2016)


Um comentário:

  1. Que bom que o queixo dos meus versos, tenha ficado no queixo de sua memória, amigo Saracura!Grata.

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