UM CORAÇÃO POETA, Alaíde Souza
Costa, Mogi Guaçu Becalete, 2015, 58 páginas, isbn 978-85-69358-08-04
E livro de poemas precisa ser
extenso?
Basta um bom poema e se consagra.
Na verdade, eu acho, nenhum livro
precisa de mais do que o essencial.
Escrever não é acumular dinheiro, nem tralhas, nem problemas. É a arte
de dizer coisas surpreendentes, que encantem, que façam o leitor gritar (pode
ser em silêncio): “Como foi bom ter achado este livro!”. Escrever é dizer
coisas belas, de preferência, rapidamente. O leitor não tem tempo nem paciência
para esperar o que talvez nunca chegue. Então, o escritor precisa dizer logo,
sem cerimônia, não correr o risco de perder a rara chance.
A baixinha (desculpe) Alaíde fez
isso com seu “Um Coração de Poeta”.
Já na dedicatória canta de maneira
singular o amor: “O amor dá a alegria e o sorriso, faz uma pessoa enfrentar o “diabo”
se ele aparecer na sua frente (risos)”.
Em “Um pouco de mim” (ainda estou
nos preâmbulos) Alaíde refere-se a Carlos
Drumont, ao poema Resíduo: “Pois de tudo fica um pouco / fica um pouco de teu
queixo no queixo de tua filha”... e Alaída deseja que fique o queixo do seu verso no queixo do
leitor.
Pois ficou mesmo.
Vou citar partes de alguns
poemas para dar uma ideia da singela beleza que a obra tem:
“Uma poesia que descreve a vida sofrida,
mas uma poesia apesar de tudo” (Apesar de Tudo)
“Amor: fácil de sonhar / difícil de viver.”(Aldravias)
“Carinho: Contato carnal, toque leve
na alma” (idem)
“Eu queria muito, hoje, ser uma
gata! /não ter consciência sobre a dor, sobre a brutalidade, sobre o pudor.../
Só queria ser escolhida por um gato, / fazer charme para ele, fingindo não
querê-lo e deixá-lo bem excitado e miando feito um tarado! / Ser possuída na
sombra do quintal... e sentir muito, muito prazer.../ Ah! Querido! Que saudade
de você... (Gata Selvagem).
“... Olha!
Fazer amor não é crime! / Crime é você passar por essa vida agredindo a um e
outro /por não conseguir se sentir feliz...” (Eu sei que vou te amar).
“... E agora estou aqui querendo
sumir no primeiro buraco que aparecer... / Tudo isso por quê? / Ele disse que
viria, mas não veio e nem telefonou... /Se tem cura? / Tem. É só ele me beijar...
/ Se é amor? / Deve ser. Para que negar?”
(Solidão)
(Oração de Agradecimento (o último poema): “Obrigado, meu Deus, por mais essa
oportunidade na vida,
Por poder abrir os olhos mais uma vez e estar bem disposta,
Por poder tomar meu pretinho todos os dias,
Por poder ver os meus cabelos brancos,
Por ter amigos verdadeiros,
Por ter energia para poder ir andando até o escritório daqui a pouco,
Por poder escrever essa mensagem,
Por realizar o sonho de publicar um livro,
Por poder fazer tudo que eu gosto, por poder ser feliz, por tudo enfim...”
xxx
Agradeço ao Pai Maior, também, por
ter lido o seu livro, Alaíde Souza Costa. Espero que muitas pessoas boas o leiam,
desarmadas.
(Aracaju, 20 de 11 de 2016)
Que bom que o queixo dos meus versos, tenha ficado no queixo de sua memória, amigo Saracura!Grata.
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