VIDA LIDA, Tereza
Cristina Pinheiro Souza, poesia, 2016, Infographics, 138 páginas
Minha esposa está lendo
menos depois das redes sociais, nas quais entrou na marra (mea culpa). Está
mais seletiva na escola das obras, só recomendadas, de preferência por internautas, ou de autores conhecidos.
Ela conheceu Tereza
Cristina nas sessões da Academia Itabaianense de Letras (acompanha-me
solidária) e nas festas culturais do dia 14 na Praça Chiara Lubich de Itabaiana,
onde tenho, em nome da mesma academia, uma tenda fixa.
Logo que botou as mãos
no livro “Vida Lida” de Tereza Cristina, tomou conta da rede da varanda lá de
casa, e navegou fagueira. Comecei a ver louvores aos poemas, curtidas,
bonequinhos moganguentos fazendo mesuras, e ouvir vivas, ohs e urras...
A poesia é como o mar,
gosto de ficar olhando de longe, temo os monstros das profundezas que comem
gente. Meu tempo é escasso e achei que poderia deixar “Vida Lida” para depois, satisfeito
com o efeito que ele produziu na crítica literária dos livros que escrevo. Mas minha
esposa percebeu a fuga e pegou no meu pé: “Leia logo!”
Ela tinha razão! Paris é outra vista de
dentro. Nada é tão belo como mergulhar na lua que inunda o terreiro do sítio
Saracura nas noite de estio. Ouvir falar nem chega perto!
xxx
Lá vêm as letras
querendo ser poesia, mostrando força e poder, tecidas em palavras poderosas pelos
dedos e pela mente de Tereza. Pegam o mundo em movimento, com dúvidas e com
defeitos, e o refaz inteiro. Com um simples toque, parece milagre!
Que força é essa que as
palavras têm de me acordar ainda no sonho, um pé lá e outro cá, para continuar
lembrando-me deste sonho que me deu trabalho para acordar. Como é maravilhoso
sentir o amanhã, poder sorrir e amar nele...Vou procurar uma moldura (espero
que eu saiba escolher) para enfeitar e segurar os meus olhos (sonhadores), que
não percam de vista a alegria de viver.
Tereza Cristina navega
dentro de si, conformando-se com os revezes. “Querer ir” é melhor mesmo do que “ter
ido”. E, por isso, ela busca “querer” ser feliz, a cada instante. E consegue,
porque o poeta (já falou outro poeta) é um fingidor, “finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”.
xxx
Lembranças de
Vovô Boanerges eu achei lindo, “me diga aí, quem souber, quem é o meu cravo branco?
Maria
Fulô mexe com o coração, acorda sentimentos íntimos, os olhos marejam, o nariz
coriza...Se a
escola fosse um canto / pra se aprendê bem vivê! / qui além da fiarada / inté
eu andava istrada / pro mode, quem sabe lê!
Em Momento Um, mesmo de
mãos atadas eu quis, eu lhe quis, eu
quis sim. E no final, de “Mãos
Atadas” outra vez, eu
quis o certo no tempo incerto... Eu sou tantas / em pensamento vou a muitos
lugares...
Acho
(agora sou eu mesmo) mais prudente parar por aqui as citações. Os omitidos
certamente não gostarão, mereciam tanto também! Além do que, o livro não está
esgotado e, certamente, por mais que eu capriche na escrita, ele vem das misteriosas
minas da serra de Itabaiana.
xxx
Eu
fico me perguntando por que Tereza Cristina doa-se tanto, anula-se, até esconde-se
dentro de si para que seu brilho não ofusque os brilhos em volta, para que suas
tristezas sejam vistas como felicidade.
Uma
vez eu a convidei para ingressar na Academia de Letras e ela me disse: “bote
meu irmão que é poeta!”. Eu respondi-lhe que ele iria mas a queríamos também. Outras forças se somaram para conquista-la. Que
bom que a Academia deu-lhe força e obrigação para revelar o brilho que
escondia. “Vida Lida” mostrou, até para
a autora, agora desprendida, agora descamada (como ela mesma diz), que as
pessoas precisam ler seus poemas, valem muito a pena. Assim é que, sem timidez,
eles estão cruzando os céus nebulosos das redes, soltos, livres e anchos,
alumiando-nos.
Maria do Carmo Costa,
navegante das redes sociais e autora de dois pequenos grandes livros (Alma
Branca e Para sempre Itabaiana, você precisa ler!) tomou minha palavra final (obrigado
Carminha): “Ele (o
livro Vida Lida) revela você (Tereza), traz à tona seus sentimentos mais
profundos, amores, amigos, a sua visão do mundo, postos e expostos como só você
poderia... Seus versos extravasam alegria, melancolia, saudades,
tenacidade, amor, experiências vividas e sabedoria adquirida”.
Temos que ler mais poesia, faz
muito bem!
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Resenha publicada na revista Impactos, ano I número 1, junho de 2017 (Itabaiana Sergipe)
(Aracaju, abril de 2017, por Antônio Saracura, escritor das academias Sergipana e Itabaianense de Letras).
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Resenha publicada na revista Impactos, ano I número 1, junho de 2017 (Itabaiana Sergipe)
(Aracaju, abril de 2017, por Antônio Saracura, escritor das academias Sergipana e Itabaianense de Letras).
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