A RUA DA FRENTE, (Memórias de um
tempo que nunca morre),Gecildo Queiroz,Gráfica J Andrade,Aracaju, 132p, 2013,ISBN
978-85-8253-010-8
Depois da primeira boa surpresa e
da primeira gargalhada que irrompeu incontrolável, li todo o livro num clima encanto.
Cada caso, cada frase, cada palavra fazendo festa para mim, carregando-me
inteiramente ao passado que era o meu também e acho que é o de todos (com
ajustes) meninos criados mais ou menos livres nesse Brasil imenso. Verbos
consistentes, adjetivos econômicos, sujeitos nítidos.
Um livro leve, mas denso.
Casos curtos, mas completos. Nada fica no ar, até uma palavra fora do contexto
que surge intrometida, ela mesma trata de se apresentar a seguir. Nenhuma
colocação fora do prumo severo de um professor cônscio de sua missão de
escrever para ser lido. Pequenos fatos ganham dimensão de epopéias, situações
corriqueiras em princípio sem graça nenhuma, divertem e emocionam.
Brinquei, corri riscos imensos, aprontei
cada uma, que chega me arrepio. As locações, os tipos, as situações que Gecildo
descreve são agora todos meus também, numa transposição que só os bons textos
conseguem fazer. Belvedere, o papa-fila, a rua D, o Boneário, a areinha de
Deus, a doce goiaba vermelha, a menina bocuda, a sandália de couro, o
malumento, os vigorosos cascudos...
Para escrever um bom livro não é
necessário uma história espetacular, basta um escritor que lide adequadamente
com as palavras, que não deixe a menor dúvida, a não ser que a trama exija. Como
fez o professor Gecildo. Tive a sorte de
ter sua banca de vendas de livros na Bienal de Paulo Afonso colada à minha. Eu tive muita sorte.
Antônio FJ Saracura, Aracaju, 15 novembro
de 2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário