POEMAS, Ismael Pereira, 2018, Aracaju, J Andrade, 2018, 316 página 21 cm isbn 978-85-8253-295-9
Eu não pude ir ao lançamento do livro, Poemas, ocorrido outro dia.
Obrigações acadêmicas em Itabaiana, nas comemorações do colégio Murilo Braga, que aniversaria em 29 de novembro, mantiveram-me, no mesmo horário, conduzindo uma sessão solene da Academia Itabaianense de Letras.
Mesmo faltando à festa de Ismael que eu fazia questão de participar e não pude, no dia seguinte, recebi de presente o livro com uma dedicatória, na qual, me chamava de dileto amigo e irmão. E compartilhamos um afetuoso abraço que me encheu de satisfação.
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Eu possuo uma fila amuada de livros esperando serem lidos. E outra fila de livros lidos aguardando que eu diga algo sobre os mesmos. A primeira, postada na estante à minha frente, na mira de minha vista levantada, e, a segunda, na estante atrás de minha cadeira, ao alcance de minha mão estirada. Ambas estão vigilantes o tempo todo, para que eu não as fure. Não sabem brigar, apenas zoam surdas preocupadas porque, cada vez, crescem mais.
Tomando o lugar e as dores delas, juro que só quebrarei a ordem das filas, se o livro novo que chega for de um irmão, já que meus pais estão no céu. Graças a Deus pude mostrar a dedicatória feita por Ismael, na qual me chama de dileto irmão, que sinto ser também. Por isso, comecei a ler os poemas de Ismael e dizer as palavras soltas que se seguem.
Tomando o lugar e as dores delas, juro que só quebrarei a ordem das filas, se o livro novo que chega for de um irmão, já que meus pais estão no céu. Graças a Deus pude mostrar a dedicatória feita por Ismael, na qual me chama de dileto irmão, que sinto ser também. Por isso, comecei a ler os poemas de Ismael e dizer as palavras soltas que se seguem.
Vi, por detrás de cada um dos poemas, uma tela plástica (gosto mais da palavra pintura) onde o pintor e o poeta mesclam (é a mesma pessoa abençoada) tons e sons dando vida a novos seres que embelezam o mundo em volta. Criam outra natureza que, na falta da feita por Deus cada vez mais depredada pelo bicho homem, encanta quase do mesmo jeito.
Nem todas as pinturas que saem das mãos de pintores estão ao alcance de meu faro fraco de gué. Nem todos os poemas publicados pelos poetas do mundo dão para meu bico. E quando os dois se misturam nas 150 expressões da mais pura arte que um humano pode gerar, sinto-as escaparem pelos dedos, inapelavelmente. Como se eu estivesse correndo as galerias do museu do Louvre. Ou pulo telas imprescindíveis, ou nunca saio do lugar, vidrado em um da Vinci, um Delacroix, um Veronese, um Goya ou Reimbrant. A arte é inexplicável. Acho que posso dizer aqui: Ou as obras me encantam ou não as entendo apenas. Saio dos Poemas de Ismael como quem sai de uma exposição de obras de arte, que pode ser o Louvre, por exemplo. Encantado, e frustrado. Apenas um poema seria suficiente para meu encanto, mas foram muitos. Talvez apenas um que não pude sentir a alma me frustrasse, houve alguns.
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O poeta Ismael espalhou na cidade que seus poemas continham erros que eu nem percebi. Erros de revisão, ele disse. E eu cá, pensara, ao me bater com alguns apontados, que fossem toques mágicos da arte.
Já que são erros assumidos, posso também cometer. Vou enumerar alguns poemas que marcaram: Nada Restou (poucos fazem obras eternas); JInácio (paisagens celestiais); Último Sorriso (destino cruel); Aracaju Romântica (bom demais com Murilo Melins);Jogando Caxangá (zique zique zá remonta mundos sumidos);Musa (Izabel, Cida, Amélia, o que seria do poeta sem elas?); Rosas (já que podemos, por que não fazer a vida bela?); Saveiro (carregado de saudades, vai comigo também, rio acima e rio abaixo); Beco dos Cocos (apenas sufraguei momentos rápidos mas marcaram minha vida), e outros muitos.
Finalizando...
Acho que Ismael percebeu, afinal, que jamais conseguiria pintar todas as telas de que gostaria e resolveu escrever poemas no lugar. Que meu leitor compre uma passagem e veja ele mesmo o que me encantou em Paris. Reserve todo o tempo que puder às galerias do Louvre ou aos Poemas de Ismael.
(por Antônio FJ Saracura, em 25 de dezembro de 2018)
Li na ASL em 2020
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