A VINGANÇA DE WINNETOU,
Karl May, Editora; Vila Rica, sbn: 85-7344-493-2
E gostei mesmo!
Bastou eu abrir o
pacote (uma surpresa não anunciada) e retirei de minha frente, Cadernos de Ruminações,
de Francisco J. C. Dantas. Também afastei a um lado os poemas de Jeová Santana
e de José Ronaldson, que havia trazido da última Roda de Leitura da biblioteca
Epifânio Dórea. Depois, se Deus me der folga, retornarei aos meus ídolos
tupiniquins, aos clássicos da boa literatura produzida aqui.
A Vingança de Winnetou
é um pequeno romance, juvenil, arrebatador. A exemplo de toda bibliografia de
Karl May.
Quem já leu esse alemão
que varou o mundo em pensamento: Pelo Kurdistão Bravio, Winnetou, Através do
Deserto, e muitos outros? 75
milhões de livros somente na Alemanha, foi traduzido para quase 100 países,
onde vendeu 200 milhões de livros. Os seus romances incendiaram a
juventude dos anos 60. Escreveu
mais de 75 livros. No Brasil a editora Globo traduziu 30 livros.
Montei no meu cavalo
xucro e retornei às pradarias do oeste americano. Enchi os olhos de lágrimas,
emocionado. Subi serras, cavalguei campos sem fim em boa companhia. Fiz justiça,
matei índios sanguinários e caras pálidas mau-caráter. Ri das estratégias inventadas
nos momentos críticos, quando, aparentemente, tudo estava perdido. Sangue frio,
serenidade. Se a morte parece inevitável, tem-se mesmo é que relaxar. E se não
tiver jeito, “precipitar-se na eternidade com um sorriso nos lábios”:
- Já fez as pazes com
Deus?
- Por que pergunta
isso, coiote?
- Porque chegou a sua
hora.
- Mas não me recordo de
haver brigado com Ele! Não vejo porque então tenha que fazer as pazes.
É uma pena que os livros
de Karl May, como também de Júlio Verne, Emílio Salgari, Edgar Wallace,
Alexandre Dumas, Mark Twain, Jack London, entre muitos outros. não estejam mais,
facilmente, disponíveis. Sumiram das livrarias e até das bibliotecas. Eles me formaram
leitor para a vida toda, totalmente enfeitiçado pelas aventuras e amores puros.
Eram livros fáceis de ler, de entender. Divertidos, emocionantes, instigantes. Quem
se batia com um deles, certamente se transformaria em um leitor contumaz.
Hoje, entretanto, a
maior parte dos livros que nos cercam são complicados. Mesmo os escritos em
nossa língua exigem dicionário para serem entendidos. Ou cursos preparatórios
de filosofia, de medicina, de psicologia, de uma ciência qualquer dominada pela
elite metida. As histórias contadas são enigmáticas, sejam em romances, em contos,
em crônicas, e especialmente, nos poemas. Poucos falam de nosso povo, de nossos
costumes, de nossa terra, da simplicidade das nossas coisas. Os autores talvez
pensem alto demais. Achem que falar da gente é descer ao barbarismo.
Deve ser por isso que as
estatísticas registram cada vez menos leitores de livros entre a juventude.
Quem vai deglutir tanto sabedoria acadêmica? Tanta aparente baboseira? Quem vai
se arriscar a uma travessia tão sombria?
Gostei muito de rever
meus heróis do tempo de menino. Obrigado Gustinho, José Augusto Viana,
lagartenses intelectual, que assumiu o Estado de São Paulo como sua terra,
Santo Amaro como sua casa, e o “Curintha” como sua religião pagã cheia de
deuses bons de bola.
(Aracaju, 13/07/2014,
Antônio Francisco de Jesus. Recuperada dos alfarrábios em 03 de marco de 2019).
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