ÁGUA BRANCA HISTÓRIA E MEMÓRIA, Edvaldo
Araújo Feitosa, Edufal (Editora da Universidade Federal de Alagoas), 2014, 153
p. :Il, Isbn 9 788571 778412
Bom seria se cada município
tivesse o seu biógrafo. Um pelo menos. Filho de sangue ou adotivo, que
recolhesse a memória do povo e dos documentos e desse-lhes corpo em um livro
que jamais se perderia.
Como fez e faz Edvaldo Feitosa em
Água Branca das Alagoas.
Conheci Edvaldo no que se chamou Primeira
Bienal do Livro de Paulo Afonso, na qual não houve leitores, apenas autores de
livros. Iniciei o escambo como saída para manhãs e tardes de pura monotonia. Ele,
como eu e cerca de quarenta escritores, trocamos livro por livro, divulgando
nossa literatura com o que havia à mão. Plantamos nossas sementes em nosso
próprio quintal. Depois, na Bienal de Alagoas, voltei a encontrar Edvaldo,
lançando outro livro de História, não sei se sobre Água Branca ou sobre Delmiro
Gouveia, que são lugares onde transita. É que Edvaldo era um destaque no stand
de lançamentos da Universidade de Alagoas, cercado de ilustres, solicitado por
fãs, e eu, apenas, o cumprimentei de longe, pelas gretas entre as pessoas. Por
sorte, escutei, em um discurso pronunciado, acho que pelo reitor da Ufal, referências
à obra ovacionada.
Sobre os meus livros, os que
entreguei aos escritores por conta do escambo, até hoje, nenhuma ressonância
houve que chegasse aos meus ouvidos.
Quanto aos livros que recebi, li as poesias,
os contos, as histórias de gente e de lugares. Os demais,
levei-os à gelatecas (geladeiras
usadas, transformadas em pontos de distribuição ou troca de livros) de ou à
escolas públicas. Livro é como sangue, têm que circular ou talha, dá gangrena. Faço
isso até com os livros que leio e não tenho onde guardar na minha minúscula
biblioteca. Retenho apenas os que me amarraram de tal forma, que eu teria que
ir também junto.
Água Branca História e Memória fala
da terra, uma zona amena do sertão do são franciscano. Fala das famílias que
habitam o lugar, desde os remotos tempos, sua genealogia. Fala da política com
seus mandatários; da igreja com seus vigários, do povo atual na sua luta do dia
à dia para fazer ali um bom lugar de se viver.
(Aracaju, 17 de dez de 2014. Recuperada
dos alfarrábios em marco de 2019)
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