ABSOLVO E CONDENO, Gizelda Morais,
Editora Vertente (2000),Isbn: 85-86345-73-3
Li dois livros distintos dentro
de Absolvo e Condeno.
O primeiro (Entre as Próprias
Paredes) é monótono. Estive a ponto de abandonar a leitura algumas vezes. As
ruminações do doutor João não me cativaram absolutamente. Foram 136 páginas de sofrimento, porque eu não podia parar a leitura. Afinal, era um livro de Gizelda Morais, a grande
intelectual sergipana.
O segundo livro (Entre as Paredes
do Mundo) é eletrizante, impossível parar de ler. Excelente pique
narrativo
mantido o tempo todo, deixando o leitor agoniado, querendo sempre ler mais,
saber mais um pouco. Nenhuma palavra fora do lugar, nenhum fato desencaixado. Até
resolve incoerências que o primeiro livro deixou plantada, como no caso do email
solitário de Akiko reclamando da falta de notícias.
Depois de concluída leitura do
livro inteiro, fiquei considerando se não deveria reler o primeiro. Poderia ter
sido culpa minha. Meu santo podia ter me abandonado naquelas 136 páginas.
Nenhum escritor abriria mão de cativar o leitor logo no início de um livro. Ou
melhor, no início no meio ou no fim, em toda trama. Mas muito mais no começo,
que é a hora de cativar o leitor. De que serve um final espetacular se nenhum
leitor o alcança?
Mas não reli o primeiro livro. Preferi
guardar a impressão sombria. De qualquer jeito, eu não o abandonei. Mesmo
sofrendo o clima de deserto, avancei e alcancei o oásis.
Mesmo estando dentro do segundo
livro, o que elogiei, o finalzinho (o fecho da história) pareceu-me mediano. Bastava
que o autor desse a notícia de que o equívoco fora esclarecido. Gastaram-se páginas
e trama para trazer um homem para nada.
Achei o título inadequado ao
romance, poderia se chamar A Última Paixão. Do mesmo jeito que Ibiradiô poderia
se chamar Guerra injusta. E a Procura de Jane, O Retorno de Jane.
Mas título de livro é um de meus
traumas. Como sofro para achar os meus!
(Aracaju, 13 de julho de 2014.
Recuperada em 03 de março de 2019. Antônio FJ Saracura)
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