A MULHER QUE SE CASOU DEZOITO VEZES (Cordel, letramento literário e verbo-visualidade), Edleide Santos Roza, Criação Editora, 2022,142 pag, il, Isbn 978-65-88593-78-3.
02/09/2023,
06:52:12] Antônio Saracura para Edleide in wsapp:
‘’Li
o primeiro capítulo e pedaços ao longo do texto de “Cordel Letramento Literário
Verbo-visualidade” agora. Estou fazendo festa. Os meus pontos de vista (que são
um tanto gerais mas absurdamente contestados por muitos) foram consolidados em
palavras claras e argumentos incontestes pela professora. Obrigado pelo
presente com dedicatória e tudo”.
xxx
(Voltando
ao livro...)
A
autora, professora Edleide Santos Roza, de Escola pública em Riachão do Dantas,
traz-nos uma boa surpresa em sua dissertação de mestrado de conclusão do curso
de Profissional em Letras da UFS. A poesia de um cordelista chamado Valeriano
Feliz dos Santos, com quem nunca tive a chance de me encontrar, mesmo vivendo,
como eu vivo, intensamente, o dia a dia literário. Nem João Firmino Cabral, nem
Pedro Amaro, nem Zezé de Boquim, que conviveram com Valeriano e comigo, me
falaram do poeta, que me lembre. Certo que Valeriano já era falecido (em 1996)
e eu apareci na literatura apenas em 2008, com a publicação do livro “Os
Tabaréus do Sítio Saracura”.
xxx
Valeriano
nasceu em 1926 no Riachão do Dantas, povoado Palmares. Viveu na Bahia a idade
madura, em Simões Filho, onde foi funcionário público e se aposentou. Consta
ter exercido o jornalismo.
A
professora usou, em sua análise, apenas um livreto de Valeriano: “A mulher que
casou 18 vezes”.
Um
bom livreto. Tem rimas naturais, visco na trama, tem humor, chacota, a
melhor verve. Valeriano não é um poeta qualquer, conhece a arte, domina a
ciência do sentimento, manobra o amor e a morte com segurança.
Cria
versos e estrofes, que são tiros certeiros.
Valeriano
é autor de muitas obras.
80
livretos dele foram encontrados no acervo da biblioteca da fundação Rui Barbosa
no Rio de Janeiro e mais 43 constam na bibliografia escrita pelo próprio autor
na sua obra “De volta ao ninho antigo”.
Foi
poeta integrado ao meio cultural do tempo. Seus livros eram impressos no
Rio de Janeiro e São Paulo, boa parte pela Editora Luzeiro, pelas Visual Books
e DocReader.
E
teve projeção nacional. O livro “O Encontro de tia Policarpa com o seu
destino”, foi transformado em série, exibida na semana de 10 a 14 de janeiro de
1993, no programa Caso Verdade da TV Globo.
xxx
E
a professora navega pela teoria literária e pelos seus naturais mares de saber,
consolida conceitos, disseca os versos de Valeriano nos 18 casamentos da mulher
singular. Faz uma cuidadosa avaliação técnica literária do romance que tomou
como foco. Não lhe escapa nada, desde as editoras que o publicaram, às capas
que o ilustraram... Tece considerações sobre cada componente, validando-o,
seja verbal, seja visual. E enriquece a dissertação ao oferecer aos colegas
professores de Língua Portuguesa, roteiros lúdicos de aulas “que podem ser
usados, de imediato, em qualquer série de educação básica”, conforme observa o
mestre em Letras pela UfS, Lucas Santos Silva, na contracapa.
xxx
Catei
meia dúzia de estrofes de “A mulher que casou dezoito vezes” para
ilustrar esta resenha.
E
naquele cemitério,
uma
cova existe aberta,
pois
quem casar-se com ela,
Perde
a cama e a coberta,
Não
comerá mais pirão,
pode
levar o caixão,
que
tem a morte por certa (Página 4).
Mas
em cada sepultura,
Há
de deitar uma flor,
Dizendo:
Durma feliz
o
meu décimo oitavo amor...
Que
a terra lhe seja leve,
e
outro irá dentro em breve
aliviar
sua dor (página 5).
Soluçando
inconsolável
Disse
consigo: Eu não acho
um
homem que seja homem,
Um
macho que seja macho.
Escuto
roncar trovão
chove
tanto no sertão
Vive
seco o meu riacho (Página 9)
Na
verdade, não sou feia
sou
rica, dengosa e bela
Todos
olham para mim
se
vou até a janela...
Tenho
os cabeços compridos,
já
tive tantos maridos
mas
continuo donzela... (página 10.
Eu
me caso com você,
-Disse
o rapaz destemido -
nem
que morra logo após
engasgado
ou entupido,
está
selado o assunto,
me
considero defunto
mas
hei de ser seu marido. (página 10).
Aracaju,
19 de novembro de 2023, por Antônio FJ Saracura.
Publicado o jornal Zona Livre em 09/01/2024
ResponderExcluirLi NA ASL EM JANEIRO DE 2024
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