ENTRE TRAÇOS E CONTEXTOS, as charges de Carvalho Deda no
jornal A Semana (1959-1968), Amanda de Oliveira Santos, Aracaju, 2022, Segrase,
isbn 978-65-86004-77-9
A emoção fez-se em nó lá dentro, subiu pelo gorgomilo na tora querendo ar e cortando o meu. Posso morrer disso. Bastou-me ver o jornalista Carvalho Deda criando mágicas para que seu jornal fosse lido até pelos analfabetos.
Eu já conhecia Carvalho Deda de “Brefáias e Burundangas do Folclore Sergipano” que li até as entrelinhas. E de outros três livros que acompanharam Brefáias no book lançado no governo Marcelo Deda, que acidentalmente ganhei, pois estava de cara para cima em um final de tarde na galeria de arte Álvaro Santos sem entender porque ali havia tantos figurões se cumprimentando e sorrindo.
Entretanto, os livros “Simão Dias fragmentos de sua história”, “Carvalho Deda vida e obra” e “Formiga de Asas” (que completavam o book) dei uma sapeada e, espantado, vi que neles havia ouro puro. Urgências maiores surgiram. Então, escondi a boca da mina (o book com os livros) para oportunamente (que até agora não aconteceu) explorar o ouro.
Conheci
a historiadora Amanda de Oliveira Santos, autora do “Entre traços e contextos”,
quando visitei, com minha esposa, o Centro de Memória Digital de Simão Dias, em
20 de maio de 2023. Amanda estava elaborando a dissertação de
mestrado que foi transformada neste livro, agora impresso, que acaba de cair em
minhas mãos.
Li
“Entre traços e contextos” de um pulo[1].
O tema abordado é interessante, fui
jornalista nos tempos basilares e quebrei a cabeça com as mesmas ferramentas. A
escrita (apesar de técnica) flui fácil, tem sabor de romance, que é meu prato
predileto.
O
livro trata do jornalismo em Sergipe, com foco em Simão Dias e na longevidade
do jornal “A Semana” (1946 a 1969), de Carvalho Deda. E mais firme foca nas
charges xilográficas que o jornalista cria para que seu jornal seja útil e
sofregamente consumido, que são as magias de que falei lá no
começo.
O
jornalista, advogado e político José de Carvalho Deda, é dono
do jornal, editor, colunista, editorialista, criador das manchetes, o condutor
da linha... É também o entalhador da madeira (ele foi carpinteiro e agora
domina a arte da xilografia) que produz as gravuras que são
impressas nas páginas do jornal narrando casos, como os quadrinhos
de uma revista, como a xilogravura dos livrinhos de cordel. A charge
provoca reações peculiares. O administrador público lê cauteloso. O cidadão
comum sorri gratificado porque é a sua voz falando alto. Os que não sabem ler,
se assustam porque conseguem entender a nova escrita.
Todos
ficam sabendo que estourou a guerra, que o ditador caiu, que o rio encheu, que
Jânio renunciou, que o novo papa foi eleito... somente olhando as figuras.
Muitos
sorrisos, alguma mágoa.
A
charge do jornal “A Semana” está nas rodinhas, nos gabinetes, nas malhadas, nos
roçados, nas estradas, nos ajuntamentos, na sacristia da igreja, em
todo canto.
Humor,
ironia, alertas, afagos.
E
muito mais jornais vendidos.
xxx
Que
Simão Dias é essa que brilha tanto a meus olhos?
Que
monstro foi José de Carvalho Deda?
Que
livro bom é “Entre traços e contextos” de Amanda de Oliveira Santos?
(por Antônio FJ Saracura, Aracaju, 22 de marco de 2024).
[1] Eu
estava lendo a resenha na tribuna e ouvi palração entre dois monstros sagrados
da arcádia, sentados na primeira fila do
auditório. Ao concluir minha
apresentação, o ruído continuava, então me
aproximei e me espantei.
Riam da minha frase “li de um pulo”. Diziam que eu lera dando pulinhos.
Apenas para evitar outros mal entendidos, deixo a
frase do mesmo jeito, mas me justifico: O termo “de um pulo” significa, em Itabaiana, “ligeirinho”,
e o conheço desde menino.
E eu explico nas frases seguintes da resenha porque "li de um pulo”. (Li ligeirinho).
Em casa, no Google, vi que não estava revelando uma das joias
da Terra Vermelha de Itabaiana.
“Do beijo pra cama é um pulo”
“A fazenda é logo ali, à distância de um pulo”.
“Depois deste remédio (para vermes), a menina vira
outra de um pulo”
“Vou dar um pulo na sua casa”
(precisa de mais?)
Publicado no Gazeta News em 28/02/2024
ResponderExcluirLi na ASL 22/04/2024
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