domingo, 6 de março de 2016

MINHA TERRA MEU LUGAR, Carlos César dos Santos

MINHA TERRA MEU LUGAR, Carlos César dos Santos, Infographics,  78p, 2016, poesias, isbn 978-85-68368-2


Conheci o autor, Carlos Cesar dos Santos, um ou dois atrás, no povoado Itapicuru, em Nossa Senhora das Dores, quando fui ao lançamento de um livro do poeta Josias.  Conheci-o ligeiramente.  Havia muita gente na festa e Carlos César era apenas mais um. Mas não o esqueci. Ele aproximou-se de mim, como de outros convidados, a exemplo de Domingos Pascoal de Melo, da Academia Sergipana, a quem acompanho vez por outra nessas aventuras literárias. Como era a festa de um poeta, ele dizia que também o era e morava em outro povoado, na Borda da Mata. Estava finalizando um livro para publicar, só não sabia ainda como o faria, pois não dispunha de recursos. E começou a recitar poemas de sua autoria, somente para mim, aproveitando um intervalo nas apresentações oficiais ou nas caminhadas entre um local e outro dentro do povoado.  O clima não era adequado, havia zoada, pouca concentração, mas ele nem ligava. Achava, talvez, enganado, que eu fosse algum príncipe da poesia, ou pertencesse à Academia de Letras como era o caso de Domingos Pascoal.

Agora, um ou dois anos depois, ele lançou o seu livro.

Fui à Dores para abertura do ano da Academia de letras local (os convites do presidente João Paulo são irrecusáveis) e havia uma mesinha na entrada do salão com montinhos de um livro verde. Comprei um e reconheci a fotografia do poeta da Borda da Mata. Ele não estava presente, trabalhava naquele horário, me informaram. 
Em casa, depois, li o livro em uma hora, um pouco mais.

Senti o gosto da boa terra lavrada, ouvi o mugido do gado nos finais de tarde retornando aos currais. Lavei o rosto suado nas fontes de água fresca (as fontes Magnum e Pedrinhas, que embelezam a capa do livro), onde o poeta colhe seus versos.  Sonhei, amei, sofri, queixei-me, caí, levantei-me e sorri.

A que se presta um livro?

Para que artimanhas, artifícios, figuras estranhas às vezes, jogos de palavras e enigmas, se há um jeito direto, simples de eficiente de revelar sentimentos?   Especialmente sentimentos puros, naturais até ingênuos? Valorizo o bom vinho, mas um copo de água fresca, colhida assim da fonte, me agrada muito.

“Antes eu era frágil
Sem afeto sem amor
Ninguém ligava pra mim
Ninguém me dava valor

Mas eu tinha esperança
E fé para conseguir
Minha força de vontade
Me ajudava a seguir. (“Deus mudou minha Vida”).

Xxx

 Até quando nosso sonho, não passará de um sonho
E o que esperamos, mais longe fica? (“Até Quando”)

xxx

Sou poeta popular
Conto a tristeza e a alegria
Conto coisas que acontecem
Nesse mundo todo dia

Sou pouco reconhecido
Desse meu talento nobre
Só que eu não tenho culpa
De ter nascido assim pobre
 
(...)

Sou poeta tenho um dom
E agradeço a Deus
Não devo nada a ninguém
Pois foi Jesus quem me deu

Ela (a poesia) está dentro de mim
Esquecê-la não consigo
Para mim, a poesia
É meu verdadeiro abrigo.


E Carlos César vai em frente nessa linha singela e direta, nem sempre rimando, nem sempre obedecendo métricas, ainda verdoso, mas agradando ao ouvido e à mente do leitor, pelo menos os meus, que já o ouvira anteriormente e nem dera à devida atenção.

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