quinta-feira, 7 de abril de 2016

25 MINUTOS, A VIDA DE CHIARA LUCE BADANO, Franz Coriasco

25 MINUTOS, A VIDA DE CHIARA LUCE BADANO, Franz Coriasco, tradução de Irami B. Silva,Cidade Nova, 2013, 125 páginas, isbn 978-85-7821-132-5


Euclides Oliveira deu-me o livro. Euclides  é amigo da cultura (lê ininterruptamente e possui uma biblioteca onde ponteiam livros de autores sergipanos)  e é meu amigo particular (sempre me acompanha às reuniões da Academia Itabaianense de Letras e,  em paga, eu o acompanho às reuniões da sua Academia Lagartense de Letras). Não só por isso, por muito mais.

Ele comprou dois exemplares, achando que se tratava da vida de Chiara Lubich, uma santa nova (acho que nem santa é ainda) que dá seu nome a uma praça de Itabaiana. Intrigava-me e à ele (Euclides)  esse nome estrangeiro e insólito batizando um logradouro em uma cidade rude socada no meio do sofrido nordeste brasileiro. Esparsas informações apenas dadas por Edson Passos, o empreendedor imobiliário autor da obra e pelo Google. Insuficientes.

Na ânsia de conhecer Chiara (não é que eu queria muito), após lidas trinta páginas é que percebi o logro. O livro não narrava a biografia de Lubich, mas de outra Chiara, de sobrenome Luce Baldano. Também quase santa, o processo de beatificação corre no Vaticano.

Não foi por isso (enganado com as chiaras), mas, a partir da página 43, andei pulando trechos, fazendo uma leitura dinâmica ao meu modo.  Talvez para não sofrer com essa Chiara Luce, vitimada aos dezoito anos, em plena juventude, com um tumor cancerígeno, o “osteossarcoma”. Que nome, hein! Vade retro!  Os 25 Minutos fazem referência à primeira sessão de quimioterapia. Mundo cão!

O autor, Franz Coriasco, sempre está lembrando ser agnóstico (nem acredita nem nega a existência de Deus), enquanto escreve sobre uma santa da Igreja. Eu desconfio de todo agnóstico que apregoa ser. Parece falso. Meio pedante. Como se estivesse fazendo um tipo, querendo aparecer, cultivando um diferencial raro e meio intelectualizado. O charme das aparências!

Vocês já viram algum homem simples dizer-se agnóstico? Recentemente eu  tive acesso às cartas escritas por Acrísio Torres Araujo, um imortal da Academia Sergipana de Letras falecido recentemente, que se dizia agnóstico, à um amigo, esse católico fervoroso.  A impressão que me ficou, lendo seus textos, era de que ele acreditava e não negava em absoluto a existência de Deus. Muito mais do que o missivista católico fervoroso!

E o livro?

Quando alguém protela a entrada na igreja, está procurando escapar da missa. Quando alguém demora demais a puxar o gatilho, é porque não vai matar. Tanto arrodeio! Será que estou com medo de escreve sobre o livro?

Chiara Luce está a poucos passos da beatificação. Ela sempre trabalhou pelos pobres do mundo, dentro da sua modéstia. Integrou-se aos movimentos da outra Chiara. Organizava campanhas, doava seus singelos bens aos pobres do Benin, aos pobres do mundo carente. Exercitava a santidade com seus poucos bens. Um farol que, da pequena Sasselo, uma aldeia modorrenta da Ligúria italiana, alumiava o mundo sofrido.

Um carro roubado cheio de malas à caminho do hospital porque passaram na igreja para rezar.  O cãozinho migalha que conforta nos momentos duros, que não foram poucos. A fé reforçada pela graça não alcançada. O ser humano aprendendo a viver. Até a morte precisa ser aprendida, como dizia Tereza de Lisieux:  “antes de morrer à golpe de espada,  é preciso saber morrer a golpe de alfinete.”. Também a santidade, ela precisa ser aprendida cada momento:  "Serei santa se eu for santa agora” (Chiara Luce, quando lhe faltavam apenas quatro meses de vida).

25 Minutos é, também, além da história da vida de hiara Luce Badano,  um manual de procedimentos para se chegar à santidade,  "esse negócio misterioso, indefinível e fascinante como nenhum outro".

Vamos lá?








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