sábado, 1 de junho de 2019

ATÉ ONDE EU SEI..., Marlene Alves Calumby


ATÉ ONDE EU SEI..., Marlene Alves Calumby, infoGraphics, 2011, 199p. ; 21 cm. Isbn: 978-85-912747-0-3





Estive em Itabaiana, na Bienal, no lançamento do livro “Até onde eu sei.”
E dois dias depois, na Academia Sergipana de Letras ao mesmo lançamento. Na Academia, vendo a autora olhar-me como a um seguidor fiel, achei que deveria dar-lhe uma explicação. Eu queria saber como se faz um lançamento de sucesso, ambos com casa cheia, esvaziando o estoque levado. Aos meus, acorre minguado de público e, no final, trago para casa caixas pesadas cheias de livros e de sonhos frustrados.

Sobre esgotar o estoque de livros, relembro um lançamento de um livro de Vladimir Souza Carvalho, na época ele era ainda Juiz Federal. Já faz um bom tempo. Neste, o estoque de livros esgotou-se antes que começasse a festa, marcada em um badalado clube de Itabaiana. Todos ficamos atônitos, tanto o autor, como os que estavam na fila previamente organizada, entre os quais, eu. O vigia informou-nos que o prefeito da cidade, meia hora atrás, entrou no clube, com o motorista, veio à mesinha posta para os autógrafos e mandou o motorista carregar as caixas de livros à sua caminhoneta. Sentou-se à mesa e preencheu um cheque nominal em nome do autor com o campo de valor a preencher, e o entregou ao vigia: “Tenho que viajar. Entregue ao doutor Vladimir, diga que bote o valor dos livros. Depois eu explico a ele, pessoalmente.”.

Sobre eu aprender a fazer um lançamento de sucesso, isso não se aprende. É um direito adquirido pelos méritos acumulados na vida. Marlene Calumby tem uma história de sucesso literário (publicou em 2001 “Tudo Valeu a Pena - Memórias de uma Vida”, pertence à Academia Sergipana de Letras, titular da cadeira 35, e tem um relacionamento social glorioso, fruto de uma vida de dedicação intensa ao Estado de Sergipe (professora, diretora do Ateneu Sergipense, presidente do Conselho de Educação, Superintendente da Fundação Aperipê e muito mais). E descende de uma família ilustre (o pai foi o grande construtor da cidade; o esposo, um médico carismático; e o irmão, João Alves Filho, prefeito de Aracaju e governador do Estado, imbatível em obras e sonhos.

Não vejo como chegar perto.

“Até Onde eu sei...” são suas lembranças sobre a vida de seu irmão, João Alves Filho. O tempo glorioso, como prefeito de Aracaju, no primeiro mandato. Quem não se lembra do administrador furacão, do fazedor incansável de obras. Até os inimigos políticos tiram-lhe o chapéu.

E Marlene narra calmamente, passo a passo, a epopeia do engenheiro cheio de ideais que refez Aracaju inteira. Uma leitura que gratifica e enche de orgulho cada morador dessa cidade bela, muito mais ela inventividade de João.

Senti falta da identificação nominal dos capítulos, e, talvez, devido também a isso, achei que alguns assuntos se repetiram aqui e acolá. Pelo menos, fugiram de seu compartimento natural, circularam livres dentro do livro. E também senti falta do nome do personagem foco (João Alves Filho) que poderia ser citado mais vezes sem comprometer a lisura e imparcialidade da obra.

Mas “Até Onde eu sei...” é um livro essencial. Um livro justo. João Alves filho merece-o inteiro. Merece muito mais obras falando de sua vida que, agora (estou recuperando essa resenha em junho de 2019), atravessa uma fase crítica, maltratado pelo terrível mal de Alzheimer. Deus que me livre!


Aracaju, 06 de novembro de 2011, Antônio Saracura)
Recuperada em 01 de junho de 2019

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