sábado, 23 de janeiro de 2016

VELEIRO DA ESPERANÇA, Gizelda Morais

VELEIRO DA ESPERANÇA, Gizelda Morais, Pontes, 167 páginas, isbn  978-8571-133815


Gizelda Morais parece que cansa ao final de seus livros. Já vi isso em A procura de Jane, quando deixa toda vingança alimentada e todo o objetivo anunciado para trás, acaba abruptamente o romance e a personagem fica entregue a uma vidinha conformada e trivial. Se não me falha a memória. Não tenho mais o livro comigo, li há mais de cinco anos.  
Em Veleiros da Esperança  também. 

Depois de narrar depoimentos sólidos de vários tripulantes e com eles construir uma odisseia náutica desde a Gran Canária (e Dakar no Senegal)  até uma praia remota no Brasil, finaliza o livro com um poema de Fernando Pessoa (de uma beleza extrema) mas que pouco a ver  com a expectativa do leitor carente de aventura. Também o enredo, que vinha azougado... Já perto do final, nas imediações das reminiscências de Javier e nelas, fica um tanto repetitivo. Fatos são renarrados sem agregar nenhuma variável nova, cansando. Senti monotonia, senti a frustração dos projetos abortados.

Até a paixão, ingrediente infalível de qualquer romance (Alberto, “meu lindo praticante de kayboard”) provoca apenas, também para minha surpresa, acordes íntimos de uma canção antiga: “Terezinha de Jesus”. O que tem a ver? E foi pouco explorado, pareceu até um remendo improvisado, a paixão entre Pablito e Alícia, um amor impossível e que provocaria boas lágrimas em leitores mais crus. Eu, mesmo cozinhado em novelas e romances, garanti o meu choro. O cozinhamento apenas me amoleceu mais ainda... Choro até  imaginado lances que nem foram narrados e talvez nem imaginados pelo autor.


Eu queria navegar entre o Delta do Parnaíba e a ilha Gran Canária. Eu e Graciela  (e a autora, por tudo que diz). Morri na praia. O novo Veleiro da Esperança apenas zarpa, não mais que isso. No meu humilde modo de pensar, a autora deveria reservar espaço para a aventura do retorno. E seria um romance acabado, não meio romance. A não ser que tenha escrito outro tratando deste retorno homérico, que não identifiquei na sua bibliografia.  

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