terça-feira, 28 de maio de 2019

MEMÓRIAS DE ARACAJU BODEGAS, Expedito Souza


MEMÓRIAS DE ARACAJU BODEGAS, Expedito Souza, Sercore, 2019, 205 páginas, isbn 9796580067121


Este é o terceiro livro de Expedito Souza que trata, em uma maneira singular, da Memória de Aracaju: Com fotos de duas épocas distintas: de agora e de 20, 30, 50 anos atrás. Fotos feitas pel
o autor. que vem, há meio século, registrando o dia a dia da cidade, especialmente, no que se refere a seus equipamentos e labores (imóveis e negócios).

Como a foto tem o poder de mil palavras, Expedito oferece aos atônitos aracajuanos, uma biblioteca imensa e de valor inestimável, com as Memórias de Aracaju.

O primeiro volume da série abrange parte do centro histórico (segmentos do quadrilátero de Pirro) e foi lançado em 2012; o segundo, arrolando sobras do primeiro e avançando sobre áreas da periferia próxima, um anos depois. Ambos fizeram, e ainda fazem (têm ganhado novas edições) grande sucesso.

Agora, após interregno no qual publicou boa prosa (Relógio do tempo, Tempo de almas e anjos e No tempo de cada um), Expedido lança o terceiro volume, este tratando, essencialmente, de Bodegas, o pequeno negócio (algumas vezes nem tão pequeno) de esquinas (e até meio de trecho) que movimentou a comércio de gêneros de consumo familiar até a chegada dos supermercados. E o novo livro vem mais rico do que os primeiros, pois inclui, além da história mágica que as fotos transmitem por si, depoimentos, considerações, lembranças, na forma de crônicas, contos, ensaios e reportagens.

O autor pesquisou o mundo bodegueiro que ainda resiste em alguns nichos. Conversou com aposentados esquecidos e com filhos ilustres, ou não, dos velhos bodegueiros de Aracaju. Virou pelo avesso e vasculhou sua prodigiosa memória, pois foi ajudante de balcão (bodegas de tios e do próprio pai) quando veio do Riachão ainda menino, nos idos de 1960: despachou lista de compras, entregou sacolas de mercadorias, controlou cadernetas de dívidas, foi em busca dos esquecidos lembrar-lhes da pendura vencida....

Os casos contados no livro têm autenticidade e transportam o leitor para a cidade de trinta anos atrás.
Hábitos, leras, chistes, dizeres...

Biriteiros, pinguços, gabolas, caloteiros, piadistas, namoradores, sovinas, ciumentos, apaixonados, ingênuos... Os mais pitorescos tipos folclóricos desfilam pelas páginas, enriquecendo mais ainda os casos recuperados: Cachaça só a dinheiro, menino com diarreia, queijo do reino a mais na caderneta, comedor de mariolas, bodegueiro corcunda, açúcar vai empedrar, ovo de ferro...Muitos desses casos ainda circulam na oralidade e são motivo de gargalhadas nas rodas saudosistas. Agora, gravados pela prosa e pela fotografia de Expedito, serão eternos (patrimônio de Aracaju), ninguém mais os esquecerá.

Expedito Souza habita, com honra e direito, a galeria dos grandes memorialistas sergipanos. É um dos principais. E tem lugar merecido nas mais ilustres academias literárias instaladas em nosso Estado, a começar pela centenária Sergipana de Letras, cujo brilho será bem maior com a sua presença.

Memórias de Aracaju Bodegas é um livro bem feito, ficou muito bonito. Capas sóbrias e cativantes. Miolo envelhecido que deu o clima perfeito às saudosas bodegas. Textos essenciais e inteligentes. Prosa escorreita e sempre bem humorada como deve ser a boa prosa. Tudo concorre para uma leitura prazerosa e útil.

Eu li e recomendo como se a obra fosse de minha autoria.

Por fim, preciso salientar um ponto importante para a nossa literatura órfã, sufocada nas gavetas dos autores e muitas vezes transformada em fogueiras nos quintais dos herdeiros. Talvez este livro nunca fosse publicado (como outros não foram) se mecenas, que ainda existem, não tivessem pago a edição. Prestem a atenção à marca no rodapé da contracapa: Fecomércio/SE Sesc Senac. Um aceno de esperança que nos alenta.

(Aracaju, 20 de maio de 2019, por Antônio Saracura).
 COMERCIAL
 Post scriptum:
O lançamento será no dia 31 corrente (maio 2019) no Hotel Sesc Atalaia a partir das 19:30 horas.  Eu vou! 
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