O SENHOR DOS ANÉIS (A SOCIEDADE
DO ANEL), J RR Tolkien, Martins Fontes, 2011, ISBN 85-336-1516-1 para os três
romances, total páginas 1210, este 426.

O exemplar do Senhor dos Anéis que adquiri tem 1.210 páginas e engloba três romances (uma trilogia): A Sociedade do Anel, As duas Torres, e o Retorno do Rei. Os três contam a história da destruição do anel número um, que dá imensos poderes ao seu usuário: pode controlar todos os reis do mundo. A história começa em um livro anterior: Hobbit, que está resenhado aqui no blog.

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A mesma longa e perigosa viagem feita em Hobbit por Bilbo Bolseiro e outros, é feita agora em A Sociedade de Anel, por Frodo Bolseiro, sobrinho do primeiro, e sua Comitiva. Até o roteiro geográfico é parecido: montanhas, pântanos, áreas desoladas, florestas com arvores vivas. Orcs, balrocs (novidade nesse), trolls, elfos, anões, hobbits, swangs, dragões... A viagem, que é o livro todo (tanto um como outro) é, nesse, bem mais tranquila.
Talvez eu tenha me acostumado com
os perigos e aqui não me atribularam tanto como em Hobbit.
O ferimento de Frodo naquele
cemitério desativado, que o deixou fora de combate, me pareceu meio irreal.
Como se tivesse acontecido em um sonho. Apenas uma vez Frodo foi o alvo certo.
Então foi um acaso, Sauron não sabia com certeza que Frodo portava o anel. Os
Orcs, em Valfrenda, mal mostraram a cara e foram destroçados. Os da margem
leste do Arduin, na chegada da grande cachoeira, apenas lançaram uma chuva de
flechas inofensivas.
Até Gollun permaneceu tímido nas
sombras, acompanhando a comitiva nem sei como conseguiu. Mais para não o
esquecermos. Foi timidamente acusado de ter denunciado a Comitiva aos Orcs/Sauron.
Como poderia? Se esteve o tempo seguindo a comitiva como um barco salva vida
amarrado ao navio? Se saísse para avisar, perderia a pista e o seu “precioso”. Só
se já houvesse celular!
Eu estava na maior expectativa
quando a Comitiva entrou na Floresta Dourada. Viriam as aranhas, as árvores
carnívoras? Mas apareceram Elfos bonzinhos que acolheram-na por mais de um mês no
maior luxo.
De espetacular apenas, Gandalf
sugado ao buraco flamejante de Moria, laçado pelo chicote de Balrock, essa sombra
escura não bem definida. Causou suspense, emoção. O mago, meio demagogo (me
pareceu) sacrifica-se, manda a Comitiva seguir em frente ficando para fechar
a ponta do inferno (o fogo queimava todos os túneis). As cavernas de Moria
ofereceram adrenalina com os Ulrucs negros de Mordor, com Orcs violentos, com
trols. Como essa turma malvada (tão populosa) achou a Comitiva nos subterrâneas
de Moria?
A morte do mago pode dar ao
romance muito mais imprevisibilidade...
No mais, bons banquetes, barriga
cheia, Destaque para os laços da amizade que ligam, especialmente, Samwise a
Frodo, com momentos de grandiosidade. Diz Frodo, vencido, a Sam: “Não adianta
tentar escapar de você, mas estou feliz, Sam. Não sei dizer como estou feliz.” Pela
dor maior do anão Gimli, banalizando os perigos reais e sofrendo muito mais
pela separação dos novos amigos achados no caminho: “o tormento no escuro era o
perigo que eu temia, e esse perigo não me demoveu. Mas eu não teria vindo se
soubesse do perigo da luz e da alegria. Agora, com essa despedida, sofri meu
maior sofrimento, e não poderia haver pior nem mesmo que eu tivesse de ir nesta
noite, diretamente ao encontro do Senhor do Escuro.”
A ganância de Boromir, bem disfarçada
até quando não mais aguentou. O poder ofusca e cega. Em todo lugar. Em todos os
níveis. Como resistir até ao prenúncio? A rainha Galadriel, que poderia ficar
com o anel, teve forças para recusá-lo. E mostrou a Frodo do perigo que o poder
eminente representa: “Os anéis concedem poderes de acordo com a capacidade de
cada um que o possui. Antes que você pudesse usar esse poder, sentiria a necessidade
de ficar mais forte, e treinar sua vontade em relação ao domínio dos outros. O
poder é bom mas é incontrolável. Melhor nem pensar no anel.”
A Sociedade dos Anéis (primeiro
da trilogia) é um livro de história singela que prende o leitor. Cada frase lida
instiga à próxima, numa cativação que se transforma mais e mais em saborosa
escravidão.
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Essa parada que fiz na leitura
para escrever as anotações que você está lendo, antes de começar o segundo
livro, estão-me deixando agoniado, ansioso para subir às Duras Torres de um
fôlego só.
Agora, entendo, perfeitamente,
que 1.220 páginas é muito pouco se a escrita é boa. Mesmo que trate de coisas
comuns, arrebata o leitor. Por outro lado, uma única frase mal escrita é demais
para qualquer leitor aguentar.
(Aracaju, 14 de abril de 2019, por
Antônio FJ Saracura)
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