A Comitiva (como saiu do Condado) dispersou-se nas complicações da estrada. O guia Gandalf caiu primeiro, deixando Aragorn, estradeiro veterano mas cheio de dúvidas, como substituto. O guerreiro Boromir, após tentar roubar o anel de Frodo, toca sua corneta em pânico. Os Orcs fecharam o cerco, atacaram o acampamento, já estavam à espreita. Quando Aragorn, Legolas e o anão Gimli acorreram, a corneta silenciara. Muitos Orcs jaziam mortos e Boromir estava varado de flechas, à morte: “Vá às Minas Tirith e salve meu povo!”
Os Orcs levaram os hobbits que conseguiram pegar: Merry e Peppin. Frodo sumira, resolveu cumprir a missão (destruir o anel número 1) sozinho. Samwise, o fiel escudeiro, fui junto;os dois meteram-se em um barco e desceram o Arduim em direção ao reino do mal.
E agora o romance segue quatro caminhos, incluindo Gandalf, morto mas nem tanto. Aragorn segue os passos dos Orcs e vive mil aventuras. Merry e Pippim conseguem escapar quando o pelotão de Orcs é destruído pelos guerreiros de Theoden. Os Entes da floresta os acolhem. Um novo caminho se abre na drama: a marcha dos Entes para atacar a primeira torre, onde mora Saruman (Isengard).
E Gandaf aparece. Eu bem que desconfiava!
Primeiro, de relance, como um velho de chapéu caído no lusco-fusco. Depois, apareceu como da vez anterior, e agora era Gandalf. Então contou parte de sua aventura desde que foi engolido no precipício em chamas, e garantiu que o velho anterior não fora ele. Pode? Que teria sido então: Saruman, o novo aliado de Saulon?
Achei que não havia guerra suficiente para a empreitada que Gandalf (passando por cima de Língua de Cobra, que me lembrou Gollum disfarçado) e obrigou o povo de Eldoras, e seu rei paradão, Theoden , a marchar desbandeirado para atacar Saruman. Mas havia. Passo ter pulado alguma página colada (que são duas) ou cochilando, peguei um desvio privativo inventado pela minha imaginação (estou com essa mania) que Tolkien nem desconfia qual seja.
Gandalf organiza a defesa dos cavaleiros de Rohan e a guerra recrudesce, derruba a primeira torre e deixa Saruman preso na cidadela Orthanc. Mas Saruman é apenas um lacaio tirado a gato mestre; um ponta de lança da imensa investida que Sauron encetava para conquistar o mundo para o mal.
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Enquanto a guerra mata (muito mais orcs), Frodo e Samwise varam rios, pântanos e montanhas em busca de Mordor para cumprir a missão. Apenas na torre do Inonimado o anel poderá ser destruído.
Gollun, o simpático
perigo, silencioso e surpreendente acompanhou a Comitiva desde o Condado. Navegando
pelo rio sobre um tronco, Deus sabe como. Misturou-se aos Elfos da floresta que
moravam sobre árvores. Visitou sorrateiro o ninho dos hobbits. Fechava o cerco.
Daqui a pouco atracaria, era o esperado, o óbvio.
Gollum sempre a quem seguir. E os hobbits, meio perdidos, percebem o nojentinho e o pegam. Será que Gollun não se deixou pegar?
Por que Gollum aceita guiá-los até Mordor?
O certo seria apossar-se do anel. Para isso, atrasar a viagem até surgir uma chance. Se Frodo queria tanto chegar até Mordor e leva o anel consigo, então vai entregar a alguém seu “Precioso.” Mas, na cabeça de Gollun, em última instância, há Ela. Se não der para recuperar o anel antes, tem a certeza de que Laracma o fará para ele.
Frodo dá pena: frágil, feminil, e ainda pega uma dose cavalar do veneno da aranha Laracna; Sam assume a missão de levar o anel até a Fenda da Perdição. Nem percebe que seu amigo e patrão apenas está sedado. Mas já é hora do terceiro volume da trilogia.
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A escrita de Tolkein é cheia de truques, como se fosse um seriado do cinema. Cada cena deixa um suspense (pequeno ou grande) para ser resolvido na seguinte ou para agregar mais suspense. Assim, o livro vai se desenvolvendo e comendo o sossego do leitor. Ágil, voraz. Até nas descrições de flora ou fauna existe um perigo correndo em paralelo, que intriga. O autor estabelece porta-vozes (pode ser uma águia, os capitães orc...) para esclarecer pontos obscuros, preparar o terreno para desenlaces, justificar ações aparentemente precipitadas. Em poucas linhas ele revela segredos que mil páginas não dariam conta de fazer.
Estou escrevendo essas linhas sem me aguentar pois gostaria mesmo era de me entrar até a raiz do cabelo em O Retorno do Rei, que é o último da trilogia e está me esperando de olho comprido.
(Antônio Saracura em 26 de maio de 2019)
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