segunda-feira, 18 de maio de 2020

CHATÔ, Fernando Morais



CHATÔ, Fernando Morais, 1994, 732 páginas, Companhia das Letras, Isbn 8571643962



Vou iniciar colando um verbete (apontamento) do Google sobre Chatô: “A história da vida vertiginosa de um dos brasileiros mais poderosos e controvertidos deste século. Dono de um império de quase cem jornais, revistas, estações de rádio e televisão – os Diários Associados – e fundador do MASP, Assis Chateaubriand, ou apenas Chatô, sempre atuou na política, nos negócios e nas artes como se fosse um cidadão acima do bem e do mal. Mais temido do que amado, sua complexa e muitas vezes divertida trajetória está associada de modo indissolúvel à vida cultural e política do país entre as décadas de 1910 e 1960”.



Euclides Oliveira, jornalista, bibliófilo, cronista lagartense de escol com matérias publicadas, por muitos anos, em jornais de Sergipe e Bahia e leitor de meus livros, intimou-me a ler Chatô, de Fernando Morais. “Você vai gostar, é seu estilo”. E me emprestou o exemplar parrudo, marcado com traços em surdina, que é seu estilo ao ler. “Tente ignorar as agressões que fiz quase em toda página.”  Euclides tem essa mania que também tenho. Só não faço em livro emprestado, que sempre devolvo no estado em que tomei.

Então, parado ali com o livro aberto na mão, achando que teria problemas, aquelas marcações acendiam luzes sobre pedaços do livro que eu tenderia a olhar primeiro, ou apenas as olhar.  Em casa, reprogramei meus chips e ensaiei o novo programa nas primeiras páginas, até que meus olhos fizeram de conta que o livro era novinho como saíra da gráfica.

A vida de Assis Chateaubriand é algo espetacular. Parece a epopeia de um povo inteiro. Sai da nordeste medieval para um Brasil ensaiando-se nação civilizada. O autor fala dos troncos familiares, passa pelo jovem jornalista brilhante e cheio de sonhos, pinta o Brasil após a Proclamação da República até a ditadura militar de 1964 (avançando até a metade dessa última). E vai até a morte do imperador.  

Chatô criou e destruiu fortunas, formou a opinião pública de um país quando a revista O Cruzeiro (que ainda me lembro) era lida pela elite e pelo povão. Laçou e apeou os grandes e os fez comer na sua mão. Por isso, montou o milionário acervo do Masp preservado ainda hoje. Uma das maiores atrações turísticas de São Paulo. E tem a honra de implantar a primeira televisão no Brasil, a TV Tupi.

Implantou a “Campanha Nacional de Aviação”, com o lema - “Dêem asas ao Brasil”, usando o avião Paulistinha, que formou pilotos e abriu aeroportos e cidades espalhadas em todo canto do Brasil (Até em Itabaiana). 

Foi embaixador do Brasil em Londres (nomeado por Juscelino Kubitschek), mesmo sendo um estranho à corporação de chanceles, que azedou.

O grupo Dários Asssociados tinha empresas cobrindo os segmentos: jornais, emissoras de rádio e televisão, revistas, portais de internet e uma fundação.

Antes da morte de Chatô(1968), o Grupo foi dividido (1959) entre vinte e dois condôminos (filhos, executivos...) e hoje, decorridos 60, conta com 35 ativos, sendo 8 jornais, 1 revista, 7 rádios, 6 emissoras de TV,6 websites e outras 7 empresas.

A escrita de Fernando Moraes é profissional: agradável, consistente, corrente, rica.
Não fica a menor dúvida sobre as mais evidentes facetes do grande empresário das comunicações.

(Aracaju, 24 de dezembro de 2011, Antônio FJ Saracura)

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