CHATÔ,
Fernando Morais, 1994, 732 páginas, Companhia das Letras, Isbn 8571643962
Euclides
Oliveira, jornalista, bibliófilo, cronista lagartense de escol com matérias
publicadas, por muitos anos, em jornais de Sergipe e Bahia e leitor de meus
livros, intimou-me a ler Chatô, de Fernando Morais. “Você vai gostar, é seu
estilo”. E me emprestou o exemplar parrudo, marcado com traços em surdina, que
é seu estilo ao ler. “Tente ignorar as agressões que fiz quase em toda página.” Euclides tem essa mania que também tenho. Só
não faço em livro emprestado, que sempre devolvo no estado em que tomei.
Então,
parado ali com o livro aberto na mão, achando que teria problemas, aquelas
marcações acendiam luzes sobre pedaços do livro que eu tenderia a olhar
primeiro, ou apenas as olhar. Em casa,
reprogramei meus chips e ensaiei o novo programa nas primeiras páginas, até que
meus olhos fizeram de conta que o livro era novinho como saíra da gráfica.
A
vida de Assis Chateaubriand é algo espetacular. Parece a epopeia de um povo
inteiro. Sai da nordeste medieval para um Brasil ensaiando-se nação civilizada.
O autor fala dos troncos familiares, passa pelo jovem jornalista brilhante e
cheio de sonhos, pinta o Brasil após a Proclamação da República até a ditadura
militar de 1964 (avançando até a metade dessa última). E vai até a morte do
imperador.
Chatô
criou e destruiu fortunas, formou a opinião pública de um país quando a revista
O Cruzeiro (que ainda me lembro) era lida pela elite e pelo povão. Laçou e
apeou os grandes e os fez comer na sua mão. Por isso, montou o milionário
acervo do Masp preservado ainda hoje. Uma das maiores atrações turísticas de
São Paulo. E tem a honra de implantar a primeira televisão no Brasil, a TV Tupi.
Implantou a “Campanha Nacional de Aviação”, com
o lema - “Dêem asas ao Brasil”, usando o avião Paulistinha, que formou pilotos
e abriu aeroportos e cidades espalhadas em todo canto do Brasil (Até em
Itabaiana).
Foi
embaixador do Brasil em Londres (nomeado por Juscelino Kubitschek), mesmo sendo
um estranho à corporação de chanceles, que azedou.
O grupo Dários Asssociados tinha empresas
cobrindo os segmentos: jornais, emissoras de rádio e televisão, revistas,
portais de internet e uma fundação.
Antes
da morte de Chatô(1968), o Grupo foi dividido (1959) entre vinte e dois condôminos
(filhos, executivos...) e hoje, decorridos 60, conta com 35 ativos, sendo 8 jornais, 1 revista, 7 rádios, 6
emissoras de TV,6
websites e outras 7 empresas.
A
escrita de Fernando Moraes é profissional: agradável, consistente, corrente,
rica.
Não
fica a menor dúvida sobre as mais evidentes facetes do grande empresário das
comunicações.
(Aracaju,
24 de dezembro de 2011, Antônio FJ Saracura)
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