AVE CAESAR,Wagner Ribeiro,35
páginas,edição do autor de 2013
Wagner é um exímio artista da
palavra. Um ourives, um lapidador. Já li muitos de seus poemas e contos. Tudo
que sai de sua pena prima pela excelência.
“Ave, Caesar” é uma coroa de
sonetos, composição difícil elaboração, onde o último verso de cada soneto
inicia o soneto seguinte e, por fim, o último soneto (o décimo quinto) é
formado exclusivamente pelos últimos versos dos quatorze sonetos que o precedem.
Em “Meninos que não queriam ser Padres” eu, nomeado vice-prefeito do seminário (um mero apaga rasto do o prefeito, que não era ninguém ante o reitor) tergiverso assombrado:
“Temo, agora, que o poder me transforme. De uma hora para
outra, talvez vá me surpreender fazendo o que sempre achei errado e critiquei.”
(página 163, primeira edição).
O livro Ave Caesar trata do imperador
maior dos romanos, Cesar, grande conquistador, e investiga a transformação do
homem puro em um deus severo e impiedoso. O poder, por menor que seja,
transforma as pessoas e revela facetas que até elas estranham.
Prestem a atenção na qualidade da
obra:
“Guinado ao trono pela mão divina
Como de resto todo governante,
Das virtudes de outrora já distante,
Vê que nasce uma vida, outra termina” (primeira estrofe do soneto
1).
“Não se enxerga, num grande soberano
O que ele possa inda ostentar de humano
Porém o quanto a cornucópia atesta:
O sucesso das armas nos butins
Que apaga meios, atingidos fins
Por trás do brilho que o poder empresta”(fecho do soneto número 2).
(Publicada na revista Perfil ano 16 número 8)
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