sexta-feira, 24 de junho de 2016

LEANDRO (RIBEIRO DE SIQUEIRA) MACIEL, Ibarê Dantas,

LEANDRO (RIBEIRO DE SIQUEIRA) MACIEL, Ibarê Dantas, Criação (2009),Sercore Artes Gráficas,482 páginas, Isbn: 978-85-62576-00-3



Assisti a ressurreição de uma figura do limbo do passado, como outros muitos ainda há. Pelo menos para mim.  Nas 482 páginas (e oito anos de labuta intensa, pelo que ouvi ou li em outro lugar), o historiador Ibarê Dantas deu corpo e alma a uma importante personagem da nossa história. E trouxe junto, a história viva de uma época. Infelizmente, os engenhos Serra Negra e Entre Rios hoje são pastos para o gado e ruínas quase apagadas. Não há santo que os faça moer outra vez. Mas o dono deles aparece vivo: empresário de sucesso, político atuante; e um mundo enevoado ressurge claro da pena do escritor.

Confesso que andei me perdendo aqui e ali na leitura, até supus redundâncias em alguns pontos, informações aparecendo do nada, em outros. Uma releitura poderia me fazer bem, devo ter deixado escapar (ou replicar) dados, pelo pouco preparo em história. Mas meu tempo é curto e preciso ler outros livros.  O melhor que faço é assumir como avoada minha, que costumo mesmo dar desde as missas no seminário em minha adolescência.

Como fiz uma ligeira restrição acima, apresso-me em ser justo quanto ao conjunto inteiro, que me arrebatou. Apesar de ser história (pura ciência) pareceu-me romance de capa e espada ou doce poema. O rapto de Jurema é descrito espetacularmente. Andei pelo mato escondendo-me como fazia a tropa de Braz com o fruto do rapto. O desenlace é patético. Como puderam os pais de Jurema receber a filha em casa de volta? Afinal, foram muitos dias de convívio íntimo, quando o casal teve tempo de sobra para consumar fisicamente a união. A fuga de Brás do júri, sumindo das vistas do tribunal, indo para a Europa, onde viveu como playboy, daria um filme de arrepiar.

Tempos da independência, a vida na província, o final do império, o fim da escravidão, a nova ordem republicana, Pebas e Cabaús...  

Sobre a falência dos engenhos...

Certamente não foi decretada pelo fim da escravidão, pois, em 1909 quando Leandro faleceu, seus engenhos ainda pareciam prósperos.  Alguns anos depois de sua morte, o Serra Negra foi, entretanto, vendido em hasta pública.


Sinto que o livro merece muito mais do que disse, mas meu propósito é humilde, apenas noticiar sua existência, traçar um rápido e despretensioso perfil. No caso específico desse livro há algo (ficou-me a impressão disso) que não posso omitir: Um estudioso persistente e incansável como Ibarê Dantas pode recuperar o brilho de um passado perdido. A partir de um fragmento de mapa, achar um tesouro. 

Não há missão impossível para pessoas como Ibarê Dantas! 

(escrita em algum mês de 2010/2011)

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