sábado, 9 de janeiro de 2021

VIDAS EM TRÂNSITO, Carlos Mendonça

 



VIDAS EM TRÃNSITO, Carlos Mendonça, INFOGRAPHICS, Isbn: SEM,Tamanho: 21 x 15 (tipo brochura),Páginas: 60, com ilustrações,Ano: 2012



Quem leva a mercadoria

Não pode voltar vazio

Qualquer estrada que há 


Mesmo fora do Brasil

Sempre roda um “ceboleiro”

Não diga que nunca viu!



Quem não tem um caminhão

Sonha em comprar um dia

Nada é mais desejado,

Que lhe dê mais alegria,

Do que viver ao volante

Rodando a Rio-Bahia.



É caminhão ceboleiro

Trazendo gado do sul

Levando para São Paulo

Balas de cupuaçu

Descarregando farinha

Na feira de Aracaju...

(Saracura, em Os Curadores de Cobra e de Gente).



***

Depois que Carlos Mendonça publicou o livro “Chico de Miguel”, em 2011, ouço sua voz nos programas de rádio e televisão e o vejo em todo ajuntamento literário. Se passo na biblioteca Epifânio Dórea, é certo encontrá-lo com a cara enterrada nos arquivos, buscando consistência para futuros livros. Um caderno ginasial, um lápis de ponta e uma máquina fotográfica comum, além de um par de olhos de lince. Para arrancá-lo do pó dos velhos jornais é uma luta.

Chico de Miguel (o primeiro livro) foi uma grata surpresa. Um prêmio à Itabaiana, à Várzea do Gama, à política sergipana, à família do nosso último coronel (até agora). Pelo que tenho observado, o livro é um sucesso de vendas. Também pudera! Cada eleitor fiel da Família Mendonça (cerca de 25.000, por baixo, pelo censo das urnas no último pleito) é candidato a ter estampa de Chico na parede da sala e o livro de Carlos em cima da cristaleira. Se não possui ainda, é porque o autor não bateu à porta de suas com tiracolo de mascate e conversa de negociante nato!

Além destes 25.000, há ainda os curiosos, a oposição desconfiada ou despeitada ou invejosa e os intelectuais que não deixarão passar ao largo um livro com tantos leitores. E Carlos Mendonça, que entende todos os meandros da comercialização, sabe muito mais que eu do potencial de sua mercadoria, não perde tempo, tem o dom da ubiquidade, está em todo lugar, até ao mesmo tempo.

De “Chico de Miguel” até agora, Carlos já lançou outros livros de sucesso: Evolução Comercial de Itabaiana; Padre Kiba; Meu Padim Pade Zé; Safadezas do Pade Kiba; Velho Chico; Arrojado; Coronel Fudenço... (a lista é longa).

E nela há “Na Feira de Itabaiana tem”, cordel em sete sílabas e com sete versos por estrofe, que tem feito gargalhar e orgulhar muita gente, pois há ufanismo, há ironia nativa, há história e há muito humor nas suas 27 páginas.

E há o nosso ”Vidas em Trânsito”, motivo desta resenha, surpreendente e emocionante história dos Caminhoneiros de Itabaiana. Compõe-se de versos em cordel galopante, traçando a vida épica desses bandeirantes das estradas e de textos em prosa, revelando heróis, até então na oralidade. Fala da origem e bota os tropeiros como base, trata da importância em ser caminhoneiro, dos primeiros caminhões, lista os nomes dos caminhoneiros históricos de Itabaiana. Descreve um dia na estrada sentindo o gosto do volante. Apresenta frases de para-choque, reza piedoso as trezenas de Santo Antônio, refestela-se na monumental festa do caminhoneiro de Itabaiana, que atrai motoristas do Brasil inteiro. É nessa festa que passa a procissão de mini caminhões puxados a cordão por meninos da cidade, e mesmo por adultos intrujados, vaidosos e cheios de orgulho.
xxx
E se eu dissesse que Carlos Mendonça vive exclusivamente da venda de seus livros?

Pois é a pura verdade. No Brasil inteiro tem poucos.


(Aracaju, 02 de novembro de 2012, Antônio Saracura, recuperada em janeiro de 2021)
Notas:


Hoje Carlos Mendonça é casado, mora em Aracaju, conclui o curso superior de história, e co





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