VIDAS EM TRÃNSITO, Carlos Mendonça, INFOGRAPHICS, Isbn: SEM,Tamanho: 21 x 15 (tipo brochura),Páginas: 60, com ilustrações,Ano: 2012
Quem leva a mercadoria
Não pode voltar vazio
Qualquer estrada que há
Mesmo fora do Brasil
Sempre roda um “ceboleiro”
Não diga que nunca viu!
Quem não tem um caminhão
Sonha em comprar um dia
Nada é mais desejado,
Que lhe dê mais alegria,
Do que viver ao volante
Rodando a Rio-Bahia.
É caminhão ceboleiro
Trazendo gado do sul
Levando para São Paulo
Balas de cupuaçu
Descarregando farinha
Na feira de Aracaju...
(Saracura,
em Os Curadores de Cobra e de Gente).
***
Depois que Carlos Mendonça publicou o livro “Chico
de Miguel”, em 2011, ouço sua voz nos programas de rádio e televisão e o vejo em
todo ajuntamento literário. Se passo na biblioteca Epifânio Dórea, é
certo encontrá-lo com a cara enterrada nos arquivos, buscando consistência para
futuros livros. Um caderno ginasial, um lápis de ponta e uma máquina
fotográfica comum, além de um par de olhos de lince. Para arrancá-lo do pó dos
velhos jornais é uma luta.
Chico de Miguel (o primeiro livro) foi uma grata
surpresa. Um prêmio à Itabaiana, à Várzea do Gama, à política sergipana, à
família do nosso último coronel (até agora). Pelo que tenho observado, o livro
é um sucesso de vendas. Também pudera! Cada eleitor fiel da Família Mendonça
(cerca de 25.000, por baixo, pelo censo das urnas no último pleito) é candidato
a ter estampa de Chico na parede da sala e o livro de Carlos em cima da
cristaleira. Se não possui ainda, é porque o autor não bateu à porta de suas
com tiracolo de mascate e conversa de negociante nato!
Além destes 25.000, há ainda os curiosos, a
oposição desconfiada ou despeitada ou invejosa e os intelectuais que não
deixarão passar ao largo um livro com tantos leitores. E Carlos Mendonça, que
entende todos os meandros da comercialização, sabe muito mais que eu do
potencial de sua mercadoria, não perde tempo, tem o dom da ubiquidade, está em
todo lugar, até ao mesmo tempo.
De “Chico de Miguel” até agora, Carlos já lançou
outros livros de sucesso: Evolução Comercial de Itabaiana; Padre Kiba; Meu
Padim Pade Zé; Safadezas do Pade Kiba; Velho Chico; Arrojado; Coronel Fudenço...
(a lista é longa).
E nela há “Na Feira de Itabaiana tem”, cordel em sete
sílabas e com sete versos por estrofe, que tem feito gargalhar e orgulhar muita
gente, pois há ufanismo, há ironia nativa, há história e há muito humor nas
suas 27 páginas.
E há o nosso ”Vidas em Trânsito”, motivo desta
resenha, surpreendente e emocionante história dos Caminhoneiros de Itabaiana.
Compõe-se de versos em cordel galopante, traçando a vida épica desses
bandeirantes das estradas e de textos em prosa, revelando heróis, até então na
oralidade. Fala da origem e bota os tropeiros como base, trata da importância
em ser caminhoneiro, dos primeiros caminhões, lista os nomes dos caminhoneiros
históricos de Itabaiana. Descreve um dia na estrada sentindo o gosto do volante.
Apresenta frases de para-choque, reza piedoso as trezenas de Santo Antônio, refestela-se
na monumental festa do caminhoneiro de Itabaiana, que atrai motoristas do
Brasil inteiro. É nessa festa que passa a procissão de mini caminhões puxados a
cordão por meninos da cidade, e mesmo por adultos intrujados, vaidosos e cheios
de orgulho.
xxx
E se eu dissesse que Carlos Mendonça vive exclusivamente da venda de seus
livros?
Pois é a pura verdade. No Brasil inteiro tem
poucos.
(Aracaju, 02 de novembro de 2012, Antônio
Saracura, recuperada em janeiro de 2021)
Notas:
Hoje Carlos Mendonça é casado, mora em Aracaju, conclui o curso superior
de história, e co
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