sábado, 5 de dezembro de 2020

O MONOBELO E OUTRAS NARRATIVAS, Jackson da Silva Lima

 

O MONOBELO E OUTRAS NARRATIVAS, Jackson da Silva Lima (1997), 112 páginas.

 


É sensacional.

Num mar de charadas e bordões, Jackson faz Quincas nadar, mergulhar, destilar filosofia singular de vida. Bicho macho triunfante! Quincas na sua janela, ou botando água no feijão ou fogo na panela vai distribuindo sua sabedoria de maneira jocosa e agradável. “(Cornélio) acabou de dobrar a esquina agora mesmo. Vem lá se arrastando, o galhudo, de cangote baixo, o peso do mundo inteiro nas costas”.

Imagino que Jackson precisasse difundir o rico material que acumulou em suas pesquisas  sobre o jeito jocoso do povo (povão) tratar o sexo e a sexualidade. Trocadilhos, pegadinhas, mermas, pulhas.

Esperei que Cornélio entrasse no enredo, cumprimentando Quincas e fosse mais agraciado com a ironia deste. Mas sumiu. Novos personagens tomaram seu lugar.

Acabado "Monobelo" um pequeno romance de 72 páginas, entram  “Outras Narrativas” contos curtos e também cheios de devassidão. 

“Na Noite em que o Sol esfriou” (cinco rounds na "lona". Na manhã seguinte , "dei um ressono de mentira e me virei pra o outro lado". Maria queria recomeçar tudo de novo.  

"De Ladeira abaixo" (vai ser frouxo assim nos infernos. Nem no meu tempo do seminário eu cheguei perto); 

"O Homem dos Bonecos" (mulher faz do trouxa o que bem quer. Também do esperto);

"Sob o mesmo teto" (O diabo dá sempre mais fogo do que um casamento pode apagar);

"Num domingo de Folga"  (o que mais gosto é de um sarameado de valete e dama; há gosto pra tudo);

"A Bocetinha de rapé e o velho ás" (Todas elas o tinham surpreendido de prazer ancho, visceral gozo voluptuosamente aspirado. São lembranças apenas, agora).   

“O Monobelo e outras narrativas” é livrinho genial e me lembrou um pouco "O Escravo do Diabo", do escritor primitivista, sertanejo e agricultor, Odair Silva, que já apresentei em uma resenha neste Blog. 

Ganhei "Monobelo" do próprio autor quando fui à sua casa levar meu  “Tambores da Terra Vermelha”, dias após o lançamento.

Trouxe, também na mesma viagem, a obra prima “Cão na Moita”, que apresentarei a resenha qualquer dia. 

(Aracaju, 08 de julho de 2013, por Antônio FJ Saracura, recuperada em dezembro de 2020).

 

 

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