Há livros que nos marcam para o resto
da vida. E, às vezes, nem são livros badalados, não passam de edições caseiras,
feitas pela teimosia de autores iluminados. De nosso Sergipe, posso citar: “A
História de Lagarto” (de Adalberto Fonseca), “Japaratuba”, (de Eduardo Cabral),
“Porto da Folha”, (de Manoel Alves) e agora (pois acabo de ler), “Tobias
Barreto, Minha Terra” (de Elias Felipe Neto). Estes são compêndios históricos, mas
têm o sabor espetaculares romances.
Elias Felipe Neto (Tobias Barreto Minha
Terra) me levou ao passado remoto da fazenda de gado de Belchior Dias Moreia.
Ferrei garrotes no pé da Serra do Canine, apartei bezerros, curei bicheiras...
Conversei com Robério Dias Moreia, com Belchior de Afonseca Dias, com Frei
Ângelo dos Reis, com o itabaianense padre Amaral, que ficou 43 anos vigariando
a vila de Campos pela qual lutou sem
trincheiras, incessante.
Ao autor não escapa nada, no afã de
prestar um serviço profissional ao seu povo, o que faz bem: vigários, coadjutores,
sacristãos, políticos, visitantes, benfeitores...
E surge à minha frente o próprio Tobias
Barreto, nascido de um amor incontrolável! Eu nunca lera o livro de Junot
Silveira, “O Romance de Tobias Barreto”, que me encantou na amostra reproduzida
por Elias, descrevendo a vila de outrora, que trago um fragmento para ilustrar:
“À distância, bimbalham chocalhos e
estalejam macacas, que se casam à voz monótona dos tropeiros. São comboios que
passam na noite silenciosa, conduzindo cargas para as praças de Lagarto,
Itabaiana e outros mercados próximos”.
Aqui e acolá o autor, aperreado com
tanta missão, delega a futuros pesquisadores um maior aprofundamento, buscando
repartir a glória de revelar a história do povo de Tobias Barreto.
(Aracaju, 14 de maio de 2014,
Antônio Saracura, recuperada em dezembro 2010 e resumida em agosto de 2024).
Li na ASL em 18/04/2022.
ResponderExcluirPublicada no jornal Zona Livre em30/08/2024
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