quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

O ÚLTIMO JUDEU, Noah Gordon

 

O ÚLTIMO JUDEU, Noah Gordon, 352 pág, Rocco, 2000 9788532511713

 

 

O romance é uma aventura azougada, não solta o leitor hora nenhuma. A Santa Inquisição (que de santa não tem nada, é muito mais do Diabo, que nem ele seria capaz de tanta malvadeza) está em todas as páginas com fogueiras queimando gente viva e inocente.

 

Após a reconquista (1492) da península Ibérica com a queda de Granada, os reis católicos Fernando e Isabel deflagraram a limpeza étnica na Espanha. Absurdo crime contra a humanidade praticado pela Igreja Católica (papas, reis e fanáticos) com o intuito maior de se locupletar, roubando o povo judeu (e outros) no mundo de então.

 

Este é o mundo e a época de “O Último Judeu”, final do sécilo XV.

 

O garoto Yonah Helquias Toledano consegue escapar do massacre da família e vaga, por anos, pelos campos da Espanha. Ora era Martin, ora Ramom Calicó, sempre se veste de ninguém para esconder seu solidéu que nem existe. O burrico Moisés companheiro dos primeiros momentos, o salvou de muitas enrascadas. Vive sofrida jornada com trabalhos indignos, sacrifícios, riscos contínuos até alcançar o sucesso com médico cirurgião, sem perder a essência da religião de seus pais.

 

O povo judeu não tinha para onde fugir, toda a Europa (Portugal, Holanda, França...) era governada pela mesma família. E a América, óbvia fuga, era extensões dessa Europa, sob o mesmo jugo

 

A Inquisição durou três séculos queimando pessoas somente porque seguiam outros caminhos na busca do mesmo Deus. Ou nem isso, somente porque possuíam bens que a Igreja ou o Reino, ou o oportunista de plantão queriam.

 

O judeu, mesmo convertido (marrano), continuava sob vigilância e desconfiança. Qualquer denúncia, mesmo falsa, o levava à fogueira. E enquanto tolerado, sempre era católico de categoria inferior dentro da igreja discriminadora. Os padres que criticavam a irracionalidade da inquisição eram destituídos de suas paróquias, condenados por heresias, indo também para as fogueiras.

 

Sob a direção de Torquemata (também dos antecessores e sucessores, tão sanguinários quanto) a Igreja Católica eliminava pessoa à seu estrito critério. A inquisição ficava com 1/3 dos bens e a Coroa com o resto. Era um meio mais de ganhar dinheiro do que de purificar a fé.

 

O livro é muito mais ainda.

 

(Antônio FJ Saracura, Aracaju, 17 de março de 2011, recuperada em dezembro de 2011).

 

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