O
ÚLTIMO JUDEU, Noah Gordon, 352 pág, Rocco, 2000
9788532511713 |
O romance é uma aventura azougada, não solta o leitor hora
nenhuma. A Santa Inquisição (que de santa não tem nada, é muito mais do Diabo,
que nem ele seria capaz de tanta malvadeza) está em todas as páginas com
fogueiras queimando gente viva e inocente.
Após
a reconquista (1492) da península Ibérica com a queda de Granada, os reis
católicos Fernando e Isabel deflagraram a limpeza étnica na Espanha. Absurdo
crime contra a humanidade praticado pela Igreja Católica (papas, reis e fanáticos)
com o intuito maior de se locupletar, roubando o povo judeu (e outros) no mundo
de então.
Este
é o mundo e a época de “O Último Judeu”, final do sécilo XV.
O
garoto Yonah Helquias Toledano consegue escapar do massacre da família e vaga, por
anos, pelos campos da Espanha. Ora era Martin, ora Ramom Calicó, sempre se
veste de ninguém para esconder seu solidéu que nem existe. O burrico Moisés companheiro
dos primeiros momentos, o salvou de muitas enrascadas. Vive sofrida jornada com
trabalhos indignos, sacrifícios, riscos contínuos até alcançar o sucesso com
médico cirurgião, sem perder a essência da religião de seus pais.
O
povo judeu não tinha para onde fugir, toda a Europa (Portugal, Holanda, França...)
era governada pela mesma família. E a América, óbvia fuga, era extensões dessa
Europa, sob o mesmo jugo
A Inquisição durou três séculos queimando
pessoas somente porque seguiam outros caminhos na busca do mesmo Deus. Ou nem isso,
somente porque possuíam bens que a Igreja ou o Reino, ou o oportunista de
plantão queriam.
O
judeu, mesmo convertido (marrano), continuava sob vigilância e desconfiança.
Qualquer denúncia, mesmo falsa, o levava à fogueira. E enquanto tolerado,
sempre era católico de categoria inferior dentro da igreja discriminadora. Os padres
que criticavam a irracionalidade da inquisição eram destituídos de suas
paróquias, condenados por heresias, indo também para as fogueiras.
Sob
a direção de Torquemata (também dos antecessores e sucessores, tão sanguinários
quanto) a Igreja Católica eliminava pessoa à seu estrito critério. A inquisição
ficava com 1/3 dos bens e a Coroa com o resto. Era um meio mais de ganhar
dinheiro do que de purificar a fé.
O
livro é muito mais ainda.
(Antônio
FJ Saracura, Aracaju, 17 de março de 2011, recuperada em dezembro de 2011).
Li na ASL em julho de 2021
ResponderExcluir