PADRE JOSÉ MANOEL ARAUJO (O
Missionário da fé e da esperança), Carlos Mendonça, Edição própria (grafica Infographics) 400p, Il, Isbn 978-85-916736-0-5
Um padre não precisa de muita erudição para fazer um bom trabalho.
Um escritor também não, parece.
Padre Manoel Araujo foi discriminado, considerado por colegas elitistas um padre do baixo clero, um tabaréu tosco. Mas deixou uma obra espetacular por onde passou. Talvez superior a de seus críticos. Sabedoria demais muitas vezes atrapalha. Prova disso é o apego ao padre pelas comunidades por onde passou desde que começou seu apostolado. Compareceram ao lançamento do livro, antigos paroquianos de Dores, de Carira, de Itabaiana. Talvez até paroquianos das tribos indígenas do longínquo Amazonas onde padre Araújo atuou primeiro. O povo de Ribeirópolis fez uma festa como poucas já acontecidas, até na capital, que eu tenha notícia.
O escritor Carlos Mendonça surgiu há pouco na arena literária, depois que fechou seu pequeno comércio e resolveu escrever livros. É um pesquisador teimoso, chegando à ferocidade. Vive fuçando jornais antigos, conversando com testemunhas vivas, escrevendo e divulgando sua obra. Os livros que publicou até hoje (“Chico de Miguel”, “Vidas em Trânsito”, “Na Feira de Itabaiana Tem”, “Mons. Eraldo Barbosa”, “As Mães” e “Padre José Manoel Araújo”) são sucesso absoluto de vendas. Nesse Estado pobre de livros e escritores, um operário das letras sem muitos apetrechos técnicos de academia faz bonito. Causa inveja, até. O povo, carente de informação, vibra com os livros de Carlos. São bem humorados, tratam de temas de interesse comprovado. Quem compra não os joga na lista de espera ou na cesta de lixo. Consideram um privilégio ler autor tão dedicado.
Carlos lançou “Chico de Miguel”,
pois sabia que metade da Grande Itabaiana ansiava pela história do estrategista
da política. Lançou “Vidas em Trânsito” porque essa é a vida de todo Itabaianense
com seu caminhão e sua tino comercial. “Na Feira de Itabaiana Tem” para que ninguém
mais em Sergipe fique falando de Caruaru. Lançou “As Mães”, porque era o dia
das mães e nenhum escritor fez isso. Lançou “Monsenhor Eraldo Barbosa", lançou “Padre
Araújo, porque foram lideranças do povo católico que não abria mão de conhecer à
fundo seus santos.
Em “Padre José Manoel Araújo é
traçada a trajetória do vigário gordo (carinhosamente apelidado de padre Bolinha), carismático e dinâmico, desde a sua
origem humilde, no sertão seco do povoado Tacaiacó, distrito de Tacaratu, Pernambuco,
até aposentadoria merecida em uma casa de simples, na cidade de Ribeirópolis em
Sergipe. Apresenta o apóstolo eficiente, disseminando a fé cristã e plantando
no coração das pessoas a esperança em dias melhores, para quem tem fibra e fé.
Construindo igrejas nos povoados remotos, elevando a auto estima, valorizando o
povo humilde sempre esquecido. Salvando almas, resgatando dignidade.
Os depoimentos colhidos de
pessoas que conviveram com o padre ocupam metade do livro, e o enriquecem muito.
Também as fotos: muitas do arquivo do padre e outras batidas pelo autor na peregrinação em caminhos percorridos pelo sacerdote, desde Tacaratu. Destaque para a entrevista
feita com o personagem principal (Padre Araújo) que deu fé absoluta à história
contada.
(Aracaju, 22 de abril de 2014,
por Antônio FJ Saracura, resenha recuperada em Dezembro de 2020).
LI na ASL em agosto de 2021
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