A PEDRA AZUL, Jorge
Luiz Pinheiro Souza, Infographics,2011, 111 páginas, Isbn: 978-85-912554-0-5
Sergipe tem muitos poetas. Vejam as gôndolas específicas das livrarias
da cidade, as festas de lançamentos que acontecem, a bibliografia de nossos
vultos literários do passado, e do presente. Até quem faz prosa tem (ou pode
ter) poemas no computador ou em cadernos manuscritos. Somos caçadores de
sonhos, mágicos do belo, e encontramos doçura até no amargo sofrimento.
Também somos desprendidos, desapegados do vil metal, pois livro de
poesia vende pouco aqui. Até um poeta lúcido e útil como Jeová Santana, sofre o
dissabor de ter seus livros devolvidos pelo livreiro, por falta de compradores.
A verdade é que nenhum livro sergipano, seja de prosa ou de versos,
vende bem aqui. Parece que os conterrâneos fazem complô para só comprarem “siliconados”
americanos, mesmo ruins de amargar. Como quem diz: “se é nosso, nós já conhecemos,
para que gastarmos tempo lendo!”
O que há de chique em dizer que leu um livro de Antônio Saracura, de
Vladimir Carvalho ou de Robério Santos?
Poucos privilegiados ferem essa indiferença, e graças a eles (também) é
que ainda bruxuleia a frágil chama da produção literária. Entre esses poucos
estão os fiéis amigos do autor.
Alberto de Carvalho, emérito poeta falecido em 2002, na introdução de
“Leonardo, Benini e Outros Poemas” (1999), questiona se seus poemas melhoraram
desde o livro anterior, e esclarece em seguida que “só os meus desejados quinze
leitores (é que) avaliarão”. O vate
estaria apenas ironizando o sucesso injustamente limitado de sua obra?
Evito comentar poesia, porque temo ser injusto. Quem vai captar todo o
sentido de um simples verso? Ou o real
sentido? Algumas vezes, nem o próprio
autor. Outro dia, na roda de Leitura da biblioteca Epifâneo Dórea (que procuro
não perder!), um poeta (que não me recordo se foi Araripe Coutinho, Hunald
Alencar, Jozailto Lima, Jonadson ou Jeová Santana - quanta riqueza roda nessa
roda!) dizia estar surpreendido pela interpretação que alguém fazia de certo
verso seu. Nem pensara em algo tão
profundo ao escrevê-lo. Poesia é como pintura, arte, então. Uma tela pode suscitar
emoções diferentes em cada nova pessoa que a olha.
Retornando aos poemas de Jorge Pinheiro...
Peço licença para usar parte de um texto que circulou na Internet, de
autoria de Jorge Trindade (que não tive ainda a honra de conhecer pessoalmente)
e que pode dar ao meu leitor (ainda tenho?) uma ideia do que seja a poesia do
Itabaianense:
“A Pedra Azul” de Jorge Pi é um livro de
muitas leituras e estilos. Pode-se lê-lo como quem lê a bíblia, interpretando
parábolas e preenchendo os vazios humanos que exigem a “religação”; como quem
observa às escondidas os desajeitados modos pueris do aprendiz que procura
imitar seu ancestral; como quem acompanha a descrição da vida que passa; como
quem se desprende das coisas e salta para a vida com a mesma leveza do desfazer
dos “laços”, “soltos”, ouvindo “linda melodia linda”; (...).
(Publicada na Perfil ano 15/07)
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