segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A PEDRA AZUL, Jorge Luiz Pinheiro Souza


A PEDRA AZUL, Jorge Luiz Pinheiro Souza, Infographics,2011, 111 páginas, Isbn: 978-85-912554-0-5


Sergipe tem muitos poetas. Vejam as gôndolas específicas das livrarias da cidade, as festas de lançamentos que acontecem, a bibliografia de nossos vultos literários do passado, e do presente. Até quem faz prosa tem (ou pode ter) poemas no computador ou em cadernos manuscritos. Somos caçadores de sonhos, mágicos do belo, e encontramos doçura até no amargo sofrimento.

Também somos desprendidos, desapegados do vil metal, pois livro de poesia vende pouco aqui. Até um poeta lúcido e útil como Jeová Santana, sofre o dissabor de ter seus livros devolvidos pelo livreiro, por falta de compradores.
A verdade é que nenhum livro sergipano, seja de prosa ou de versos, vende bem aqui. Parece que os conterrâneos fazem complô para só comprarem “siliconados” americanos, mesmo ruins de amargar. Como quem diz: “se é nosso, nós já conhecemos, para que gastarmos tempo lendo!”
O que há de chique em dizer que leu um livro de Antônio Saracura, de Vladimir Carvalho ou de Robério Santos?
Poucos privilegiados ferem essa indiferença, e graças a eles (também) é que ainda bruxuleia a frágil chama da produção literária. Entre esses poucos estão os fiéis amigos do autor.   
Alberto de Carvalho, emérito poeta falecido em 2002, na introdução de “Leonardo, Benini e Outros Poemas” (1999), questiona se seus poemas melhoraram desde o livro anterior, e esclarece em seguida que “só os meus desejados quinze leitores (é que) avaliarão”.  O vate estaria apenas ironizando o sucesso injustamente limitado de sua obra?

Evito comentar poesia, porque temo ser injusto. Quem vai captar todo o sentido de um simples verso?  Ou o real sentido?  Algumas vezes, nem o próprio autor. Outro dia, na roda de Leitura da biblioteca Epifâneo Dórea (que procuro não perder!), um poeta (que não me recordo se foi Araripe Coutinho, Hunald Alencar, Jozailto Lima, Jonadson ou Jeová Santana - quanta riqueza roda nessa roda!) dizia estar surpreendido pela interpretação que alguém fazia de certo verso seu.  Nem pensara em algo tão profundo ao escrevê-lo. Poesia é como pintura, arte, então. Uma tela pode suscitar emoções diferentes em cada nova pessoa que a olha.
Retornando aos poemas de Jorge Pinheiro...
Peço licença para usar parte de um texto que circulou na Internet, de autoria de Jorge Trindade (que não tive ainda a honra de conhecer pessoalmente) e que pode dar ao meu leitor (ainda tenho?) uma ideia do que seja a poesia do Itabaianense:

“A Pedra Azul” de Jorge Pi é um livro de muitas leituras e estilos. Pode-se lê-lo como quem lê a bíblia, interpretando parábolas e preenchendo os vazios humanos que exigem a “religação”; como quem observa às escondidas os desajeitados modos pueris do aprendiz que procura imitar seu ancestral; como quem acompanha a descrição da vida que passa; como quem se desprende das coisas e salta para a vida com a mesma leveza do desfazer dos “laços”, “soltos”, ouvindo “linda melodia linda”; (...).


(Publicada na Perfil ano 15/07)

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