A PENA DE
MORTE EM SERGIPE E OUTROS RELATOS DA HISTÓRIA, Pedrinho dos Santos, 2010,Infographics,
325 páginas, sem isbn
Pedrinho dos
Santos é meu professor (de banca) nessa delicada matéria chamada História e
sempre me trata com distinção. Até citou “Os Meninos que não Queriam ser Padres”
na dedicatória do livro. Ajuda e muito a divulgar meu trabalho literário! Ribeirão
(persistente difusor de meus livros e da boa cultura) também ganhou um merecido
cantinho no capítulo “Conversando com os Amigos”´. O moleque da rua do Roque
hoje é o “caga-palácio” mais itabaianista que eu conheço.
Sempre
que acabo e ler um livro registro minhas impressões (algumas impublicáveis).
Sobre “A Pena de Morte...” arrisco divulgá-las:
Achei o
primeiro capítulo (Pena de Morte em Sergipe) com muita informação junta, pelo
menos para o meu pouco preparo. Meio à la Saramago (se bem que mais ameno), não
estabelecendo paradas estratégicas (sub-títulos) para o leitor asmático tomar fôlego,
descansar um pouco. Mas deu para saborear bem e ainda refestelar-me com as
citações picantes bem encaixadas aqui e ali. “Bastava a negrinha mostrar o bico
do peito para fora, furando o vestido, para Frederico (personagem do caso) sair
salivando como o Cão na Moita (JSL) raivoso, com 69 intenções” (Página 83). Só
um exemplo.
Assisti
os enforcamentos pelo Brasil desde a colônia e mundo a fora. Conheci José da
Natividade Saldanha, um poeta como poucos e que lembra Augusto dos Anjos e Gregório
Boca do Inferno. E li escondido “O Corsário”, peça rara do aguerrido Apulcro de
Castro, que deveria ser o patrono dos jornalistas intrépidos. Até à Espanha
Pedrinho dos Santos me levou, onde fiz um ligeiro estágio com o ladrão
madrilenho Luiz Candelas, que caiu na besteira de furtar os aviamentos da costureira
da rainha. Depois de preso, não teve choro que o livrasse da forca.
Envolvi-me
na revolução em São Leopoldo do Rio Grande do Sul, misturei-me aos fanáticos
religiosos (Cristussin) e aos debochados (cheira-batinas e poder legal omisso).
Os fanáticos levaram a pior, para variar. Só “padim” Padre Cícero prosperou em
semelhantes empreitadas!
Apesar de
falar de FORCA (ainda bem que acabaram com essa desgraça), a leitura é
agradável e ilustrativa, com destaque para os diálogos (ou monólogos) inteligentes
colocados pelo autor na boca de seus personagens, alguns na língua crua do povo
matuto, que com a disseminação da televisão, já quase não se escuta mais. Quanta
música que têm! Outro ponto alto do livro é a rica e coerente iconografia.
Onde Pedrinho
consegue cavar tanto ouro?
(Publicado
na Perfil 6 /24)
Li na ASL em 2020 ou antes.
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