sábado, 13 de fevereiro de 2016

HISTÓRIAS DE VÁRIOS TEMPOS, FATOS E PESSOAS, Artur Oscar de Oliveira Deda

HISTÓRIAS DE VÁRIOS TEMPOS, FATOS E PESSOAS, Artur Oscar de Oliveira Deda, J. Andrade, (2012), 375 páginas, Isbn: 978-85-60075-81-2~



Mesmo as crônicas mais técnicas, que tratam de leis e política, trazem em seu conteúdo uma citação espirituosa, uma revelação interessante, que cativam o leitor.
É um livro de leitura agradável... Seja abordando reminiscência da infância (Crestomatia e Radagásio Taborda), a aldeia bucólica (que mistério envolve com tanta graça Simão Dias?), os amigos inesquecíveis, que ficam também nossos (José Amado, Manoel Cândido), curiosidades sobre expressões/termos falados no dia a dia e de que nem ligamos à origem: “ok” e tchao” (leiam a “Viagem de Volta”, na página 330).

E quanto a José Amado Nascimento, já que o citei de passagem sob a inspiração de Artur Oscar? Foi meu professor na histórica Faculdade de Economia. Hoje é um velhinho lúcido, dá gosto ouvi-lo, beira os 100 anos. Mas fale alto, pois pouco ouve bem. E não vê... quando Deus fecha uma janela, abre mil portas. Veja que poema duro, Artur Oscar reproduz:

“Nasci em dia de treva
Não vi meu pai como era
Há tanta treva no mundo
Rondando o berço dos pobres.
Há tanta treva nas ruas
Na hora dos enjeitados.

Papai é feito de pedra
 Não ouve, não ri, não sente
Não sabe o que é o passado,
Ausentou-se do presente
Desmanchou-se no futuro
Não deixou saudades não...

O pai dos abandonados
De todos os enjeitados
Dos que são filhos do acaso
É o Deus que ama os pequenos
E mandou seu filho um dia
Para consolo dos tristes
Neste vale de aflição...”

Parte do poema “Menino Enjeitado”, de José Amado, apenas para mostrar até onde vai o livro de Artur Oscar, ao âmago.

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Em Réquiem Para um Cão (que também não sou muito chegado a cachorro), o último parágrafo é antológico, e gostaria de citá-lo inteiro aqui, mas é longo, e redigitá-lo daria um certo trabalho. Mas, começa assim (para o leitor localizar facilmente) “Uma vez, tarde da noite, estava eu sozinho, a cismar, balançando-me na rede.” Eu peço perdão pelo aposto, preso entre parênteses, no início deste trecho, eles  (os cães) muito do bom que nós humanos temos.

Independente de bairrismo, pois não o sou (Deus me perdoe), a melhor crônica do livro é: “A Predição da Cigana”. Fala de uma personalidade itabaianense, teria que ser. De uma maneira que apaixona. A crônica (ou conto, que me pareceu ser mesmo) é um filme inteiro. Li de um único fôlego.

Você quer saber do que trata?
Melhor buscar o livro original, que ainda existem alguns exemplares nas librarias dos shoppings.
Há algumas coincidências entre Artur Oscar e eu, Antônio Saracura, além de não sermos, os dois, muito chegados a cachorro. Abominados conferências, especialmente as longas. Ele não gosta de pompas, de títulos, do culto à celebridade.
Como eu também.

Não deixem de ler a Crônica “Conferências”, da página 89 e “Curiosas Tradições da Justiça”, página 133. Ou melhor, não pule nenhuma desse HISTÓRIAS DE VÁRIOS TEMPOS, FATOS E PESSOAS.

Sala de Leitura (Publicada na revista Perfil ano 17 / 2)
Histórias de Vários Tempos, Fatos e Pessoas, de Artur Oscar de Oliveira Deda,Editora J. Andrade (2012) Isbn: 978-85-60075-81-2, 375 páginas. A melhor crônica do livro é “A Predição da Cigana”. Espetacular! Fala de uma personalidade itabaianense, fala de uma maneira que apaixona. Li de um fôlego. Há mais oitenta companheiras que não lhe ficam atrás. Tornei-me amigo dos personagens de Artur Deda e viajei ao seu passado que parece com o meu. E agora, depois do livro, tenho o autor como íntimo (ele nem desconfia), compartilhamos até nas restrições que a vida nos impinge: cães, longas conferências, pompas, solenidades... Não pulem as crônicas: “Conferência” (pág 89) e “Curiosas Tradições da Justiça” (pág 133).



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