terça-feira, 23 de agosto de 2016

ELIZEU OLIVEIRA O ARROJADO, Carlos Mendonça e Maria da Conceição Andrade Oliveira

ELIZEU OLIVEIRA O ARROJADO, Carlos Mendonça e Maria da Conceição Andrade Oliveira, 2016, Aracaju, Sergipe, Infographics,M539e, 218 páginas, ilustrado, isbn 978-85-9476-008-1



O título ainda inclui, precedendo o epíteto Arrojado: “um empreendedor futurista, íntegro e solidário”.

Ninguém duvida. Especialmente quem conviveu com Elizeu, uma figura lendária no comércio de Itabaiana e de algumas cidades do interior sergipano onde suas lojas Guanabara chegaram. Elizeu faleceu muito cedo, em 09 de abril de 1988, com 49 anos de idade, quando estava no ápice de sua criatividade. Há 28 anos. Folclórico, extravagante, eficiente. Um ícone nessa terra singular que gerou ao comércio nacional os Paes Mendonça, Os Barbosa, os Sobral, os Corcino, os Peixoto e muitos outros.


Um livro feito no capricho, capa grossa, fotos coloridas, papel couché brilho Suzano 90ng.  Escrito a duas mãos, por Carlos Mendonça, que já produziu uma dezena de obras na mesma linha, e por Maria da Conceição Oliveira, empresária de sucesso e filha do biografado.

Mesclado por uma iconografia vasta, os fatos fluem cronologicamente, desde a origem de Elizeu Oliveira (o arrojado) em um sítio de agricultura no povoado Corisco de Itabaiana indo até o seu falecimento precoce, de um infarto fulminante, internado em uma clínica de reeducação alimentar em Brasília.  E tem muito no meio: a infância dura, os primeiros passos no comércio, o vendedor na pedra da feira, a inauguração dos armazéns Guanabara, o casamento e a família, o sistema de cobrança um tanto bizarro mas que funcionava, a expansão da rede de lojas, o cinema pornô, o empreendedor imobiliário. Testemunhos de intimidade de uma família, e por aí vai. Há um interessante capítulo que fala do lado folclórico de arrojado (atendimento pela frente, discussão no cemitério, cobrança pública, só quero se tiver Cremilda...) e outro, um tanto bizarro, que fala da festa que os amigos fizeram no velório, quebrando o protocolo, por ordem do morto.

Da página 136 a 143, os autores fizeram publicar, na íntegra, uma reportagem que vale um livro. Saiu na edição de agosto de 2009 da Revista Perfil, por ocasião do 121 aniversário de emancipação política de Itabaiana, com o título: “Itabaiana – uma terra de Arrojados”. Conta as origens da cidade e do povo, mostra os grandes nomes que a cidade produziu e, especificamente foca Elizeu Oliveira, o Arrojado: a pessoa, o empresário empreendedor, o pai de família. Uma reportagem justa, merecida, e que consagra o herói. Para onde foi Revista Perfil? Estava no caminho certo e sumiu em alguma curva traiçoeira.

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As empresas do Arrojado continuam. Seus filhos, “os arrojadinhos”, expandiram os negócios. Aprenderam com o pai, desde pequeninhos, as manhas da profissão.

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Senti falta, como em outros livros que tenho lido sobre celebridades de Itabaiana, da genealogia das famílias. Era essa a hora de levantar a árvore, pois ainda há muita gente viva e que sabe, e livros nos cartórios e igrejas ainda não incendiados ou inundados.

Quanto ao mais, a obra presta um serviço inestimável à nossa história, eternizando um herói, que poderia se perder nas brumas do passado, como já aconteceu com alguns. Ainda bem que a família de Elizeu Oliveira cuidou disso para nós todos. E ainda nos arrumou mais um escritor, Conceição Oliveira, que confessa a intenção de prosseguir na nobre missão: “Fiz e gostei tanto dessa experiência que, de minha autoria, novos livros virão. Aguardem!” 
 
Quem vai intimidar a literatura que desce da serra?  Nem que a inquisição do maldito ofício volte a queimar livros e autores em fogueiras.

Queremos ler seus livros , Conceição!


(Antônio Saracura, Aracaju/21/08/2016)

4 comentários:

  1. Gratidão por este resumo lindo que fez do nosso livro!

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  2. Ola Conceição, com gd satisfação que leio essa matéria e fico orgulhoso e ver o seu sucesso. Parabéns!
    Sou Americo, irmão das professoras de arte Marcia e Selma que esinaram balet no Colégio das Freiras, fui professor de música nesse tempo, vc e seu irmão participavam da banda do Colégio. Tenho pouca fotos desse tempo mas em destaque uma sua tocando marcação.
    Bom recordar esse tempo.
    Deus te abençoe.

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