O EMBLEMA DO MAR LUMINOZO E
DNOKSUÁ. Manoel Rodrigues Mariu, edição do autor, brochura, 44 páginas,1914, sem isbn (na época nem
devia existir)

Anotei a palavra.
Nem precisei enfrentar os
bloqueios que me povoam em perguntar ao gestor do grupo “Fórum de Debates Luiz
Antônio Barreto” o significado da bizarra palavra. Ela retornou em forma de uma
missão: entregar à Murillo Melins, meu vizinho na época, uma cópia de livrinho, Dnoksuá, em um envelope fechado.
Antes de mais nada, digo que Luiz
Eduardo é um intelectual solidário. Poderia ficar em casa, à noite, usufruindo seu
merecido repouso por uma vida inteira de nobres missões, mas participa de fóruns
de debates (como este que citei acima), disponibilizando experiência, parcimônia,
liderança inconteste e vital à este tipo de evento. Murillo Melins é outro intelectual
de destaque, autor de livros sobre nossa terra: Aracaju Romântica que Vi e Vivi
e, recentemente, Aracaju Pitoresco e Lendário. Murilo tem uma memória fantástica, da qual nada escapa, até o grampo enferrujado a prender as transas da princesa Isabel, com quem seu pai conviveu. Sua memória é cumulativa, retem a das gerações ascendentes.
Já que havia entrado na corrente,
cumprir uma tarefa de entrega, quis saber se eu poderia abrir o envelope e
tirar uma cópia xerox para mim. Por que negaria? Luiz
complementou que o tal livro compõe-se de revelações de um cidadão
quiçá avariado do juízo, editado há muitos anos e ainda lembrado apesar do absurdo
narrado. Manoel Rodrigues Mariu sergipano, de Neópolis, autor do livro, falecido
há anos, é conterrâneo Murillo Melins e foi amigo do pai, frequentou a residência dos Melins assiduamente.
E lá fui eu ler o tal Emblema, letras gastas pelas muitas cópias tiradas desde 1914.
E lá fui eu ler o tal Emblema, letras gastas pelas muitas cópias tiradas desde 1914.
Mariu demonstra matematicamente a sua teoria sobre a forma de sobre o giro da terra, a existência de planetas e muitas outras verdades atuais comprovadas de maneira contrária. Busca dissipar as trevas que envolviam a
humanidade (parte dela, ainda hoje persistem em alguns nichos) em uma época crendices. .
Umberto Eco precisava conhecer
essa obra. Baudolino ganharia algumas páginas a mais (a exemplo da carta e
Preste João, ou da viagem de Pedro de Corvillhã). Senti o ar abafado do inferno
de Dante, ao tentar entender as singulares explanações de Mariu. Os círculos me envolveram na forma de duas grandes esferas (uma
representativa e a outra ocultativa) e das cavernas, sete pelo Leste e cinco
pelo oeste. “Além dos
oceanos, há um mar luminoso no qual salienta-se uma grande pedra, de formato
oval, contendo no centro uma grande força magnética”.
E por aí vai...
O autor justifica e explica os
fenômenos da natureza a partir dessa sua base instalada:
“Capitulo VII – Surgem
da margem da pedra elétrica uma fumaça vermelha, dando calor ao sol e retirando
das madeiras três substâncias: água, óleo e resina que sobem celestialmente até
visarem com a linha da eletricidade do mar luminoso. Seguem sobre camadas até encontrarem-se
com as espirais dessa fumaça vermelha e transformam-se em ar que sopra em todas
as partes, alimentando a toda existência. Este ar chama-se “Buga”, e não vento”.
Nesse mundo tem de tudo. Se não avalia esse DNOKSUÁ.
(Aracaju, 07/08/2016)
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