domingo, 1 de maio de 2016

BUSCAS E ENCONTROS e AMOR INFINITO, Martha Hora




De antemão, informo que o espaço dessa coluna é exíguo, no que concordo plenamente. Minha religião ensina que poucas palavras sempre dizem muito mais do que os longos tratados. Pelo menos, têm mais chance de serem lidas. Basta uma simples frase, se não restar a menor dúvida, sobre o temos a dizer. Um verso apenas revela o lampejo de uma alma nascida para apontar rumos.  Venho, determinado, irrigando essa planta da curta escrita, na esperança de oferecer sempre melhores frutos a quem se dispuser a ler o que publico aqui.


Martha Hora é um poetisa de Aracaju, enraizada em Macambira, na Cachoeira dos Sonhos, na Jacoca bucólica de seus antepassados.  Autora de dois livros de poemas. “Amor Infinito” (2006) e “Buscas e Encontros” (2011), os quais acabei de ler (data indefinida). Martha é uma tecelã de textos (reforço desnecessário na linguagem), pois tecido e texto vem a ser, no âmago da língua, a mesma coisa. Uma bordadeira de poemas e crônicas. Pela urdidura de seu artesanato transitam palavras carregadas de som, de cor, de cheiros, de vivas imagens.

Sobre “Amor Infinito” (146p,2006,Sercore, sem isbn), melhor seria ler os poemas. Onde vou achar palavras que os descrevam?  Alguns me pegaram pela raiz, como “Soneto para um amor”, e “Desenganos”, e “Indiferença”, e “Teu Olhar” (solitário olhar de convento encobrindo erros e segredos), e “Enigmas” (como é difícil entender a alma de um poeta!), e “Confissão” (meus sonhos acariciam estrelas). Só para ficar em meia dúzia.




Sobre “Buscas e Encontros” (117p, 2011, Infographics, isbn , 978-85-911919-0-1), o outro livro, as anotações que fiz e transcrevo indicam também que ler os textos é a única maneira de sorver o seu mel.   O jeito libidinoso de Maria no asilo, em “Cenários do Abandono”: revirando seus olhos grandes e gulosos; No aconchegante “Bom dia”: a falta que faz o porteiro Messias do Parque da Sementeira em apenas um dia que não vai trabalhar... 

Em “Sem Retorno”: a visita à velha fazenda, talvez a Jacoca da infância peralta, lembrou-me a “Casa dos Espíritos” de Isabela Allende, quando a personagem, depois de tantos anos na dor, relembra a infância dourada, tateando nos restos de si mesma e de seu passado, envolvidos no pó dos móveis apodrecidos pelo longo abandono.  

Há sempre uma mistura do sublime com o corriqueiro nos textos de Martha Hora, fazendo o leitor sentir-se na terra enquanto navega no céu. Cada poema é um conto e cada conto, um poema a ser desfrutados, ambos, com enlevo. E se caírem lágrimas, mesmo invisíveis, serão enxugadas com o manto da alma, como ela incansável canta e o faz.



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