domingo, 1 de maio de 2016

VIVA O POVO BRASILEIRO, João Ubaldo Ribeiro

VIVA O POVO BRASILEIRO, João Ubaldo Ribeiro, Ponto de Leitura,790p,5 edição, 2009, Isbn 978-85-390-0004-3



Este é um livro consagrado e seu autor está no alto píncaro da intelectualidade brasileira. “Viva o Povo Brasileiro” narra quatro séculos de história da Bahia (e do Brasil), misturando fatos reais e pura ficção, mas ficção da boa, aquela que parece mais real do que o fato acontecido.   


Pouco se pode dizer sobre esse livro, que não já se tenha dito. Além do que eles (o livro e o autor) estão bem além de minha capacidade de avaliar.  O livro pertence a uma plêiade de livros admiráveis, ganhou o Jabuti de melhor romance. João Ubaldo Ribeiro, falecido recentemente, foi considerado o Rabelais brasileiro, e é o autor de um dos mais célebres romances sergipanos: O Sargento Getúlio. Acontecido inteiramente em Sergipe, uma honra imensa para minha terra.   

Vou apenas anotar algumas coisinhas que me intrigaram (acho que ninguém ainda falou delas) e outras que me enlevaram (estarei apenas sendo repetitivo, todos falam o mesmo).

1)    É um romance impressionante, mostra que o autor é bom mesmo na arte de escrever. Quase todo é lido sofregamente, até sem mastigar direito.
  
2)     As alminhas no começo e final do livro achei-as meio marotas.  Não entendi por que o autor apelou para este negócio, me pareceu meio infantil. Ou então não entendi direito, o que é o mais provável.

3)  Capiroba e Silique morreram muito cedo, abruptamente. Poderiam demorar, foram personagens marcantes, fizeram-me falta. E a filharada de Capíroba?  Fiquei sabendo apenas de Wu e mais algumas

4)    Os “brancos” do saveiro, que mataram Daê (?) e a mãe de Maria da Fé, eram quatro ou eram oito? Quando mataram e quando morreram, para mim, pelo que me lembro, eram quatro. Mas em outras citações, aparecem oito. Que importância isso tem?


5)      Nego Leleu matou simplesmente! Ficou barato demais. Poderia ter feito mais uma malvadezazinha...  Decepasse os pênis, por exemplo, e os jogasse no mangue (uma ideia). Algum catador de mariscos poderia encontrá-los... Suposições, mistérios...

6)  Gangana é espetacular, gruda na gente. “Capoeira do Tuntum, 13 de maio de 1871” é brilhante. Destaques que gritam.

7)  Alternam-se partes delirantes (item anterior) que podem até provocar orgasmos (não vou agora confessar pecados), com outras lentas, até chatas, como são: “Salvador Bahia, 23 de agosto de 1927” e as explicações de Popó ao general, já no fim do livro. Nesses, o autor parece meio cansado, de saco cheio de tanto escrever. Seria?


8)      Na parte final há muita ideologia, um sermão sobre direitos sociais. Pareceu um pouco esses clichês de pseudo comunistas, ou comunistas de oportunidade. Aquela canastra cheia de mistérios, não foi preparada adequadamente. Achei. Como também a captação do dinheiro público para as fazendas de sisal. Abruptos.

9)      Deixei à margem das páginas marcações que documentam meu entusiasmo em ler o livro. E minhas dúvidas, algumas apontadas acima. 

PS:

Dificilmente o autor reclamará do que eu disse acima, ele já faleceu. Pelo amor de Deus, não me apareça. Entretanto, há familiares, há os fãs (entre eles eu me encaixo), aos quais de antemão peço desculpas.  A mim também, óbvio.

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