VIVA O POVO BRASILEIRO, João
Ubaldo Ribeiro, Ponto de Leitura,790p,5 edição, 2009, Isbn 978-85-390-0004-3
Este é um livro consagrado e seu
autor está no alto píncaro da intelectualidade brasileira. “Viva o Povo
Brasileiro” narra quatro séculos de história da Bahia (e do Brasil), misturando
fatos reais e pura ficção, mas ficção da boa, aquela que parece mais real do
que o fato acontecido.
Pouco se pode dizer sobre esse
livro, que não já se tenha dito. Além do que eles (o livro e o autor) estão bem
além de minha capacidade de avaliar. O
livro pertence a uma plêiade de livros admiráveis, ganhou o Jabuti de melhor
romance. João Ubaldo Ribeiro, falecido recentemente, foi considerado o Rabelais
brasileiro, e é o autor de um dos mais célebres romances sergipanos: O Sargento
Getúlio. Acontecido inteiramente em Sergipe, uma honra imensa para minha terra.
Vou apenas anotar algumas coisinhas
que me intrigaram (acho que ninguém ainda falou delas) e outras que me enlevaram
(estarei apenas sendo repetitivo, todos falam o mesmo).
1) É
um romance impressionante, mostra que o autor é bom mesmo na arte de escrever.
Quase todo é lido sofregamente, até sem mastigar direito.
2) As
alminhas no começo e final do livro achei-as meio marotas. Não entendi por que o autor apelou para este
negócio, me pareceu meio infantil. Ou então não entendi direito, o que é o mais
provável.
3) Capiroba
e Silique morreram muito cedo, abruptamente. Poderiam demorar, foram personagens
marcantes, fizeram-me falta. E a filharada de Capíroba? Fiquei sabendo apenas de Wu e mais algumas
4) Os
“brancos” do saveiro, que mataram Daê (?) e a mãe de Maria da Fé, eram quatro
ou eram oito? Quando mataram e quando morreram, para mim, pelo que me lembro,
eram quatro. Mas em outras citações, aparecem oito. Que importância isso tem?
5) Nego
Leleu matou simplesmente! Ficou barato demais. Poderia ter feito mais uma
malvadezazinha... Decepasse os pênis,
por exemplo, e os jogasse no mangue (uma ideia). Algum catador de mariscos
poderia encontrá-los... Suposições, mistérios...
6) Gangana
é espetacular, gruda na gente. “Capoeira do Tuntum, 13 de maio de 1871” é
brilhante. Destaques que gritam.
7) Alternam-se
partes delirantes (item anterior) que podem até provocar orgasmos (não vou
agora confessar pecados), com outras lentas, até chatas, como são: “Salvador
Bahia, 23 de agosto de 1927” e as explicações de Popó ao general, já no fim do
livro. Nesses, o autor parece meio cansado, de saco cheio de tanto escrever.
Seria?
8) Na
parte final há muita ideologia, um sermão sobre direitos sociais. Pareceu um
pouco esses clichês de pseudo comunistas, ou comunistas de oportunidade. Aquela
canastra cheia de mistérios, não foi preparada adequadamente. Achei. Como
também a captação do dinheiro público para as fazendas de sisal. Abruptos.
9) Deixei
à margem das páginas marcações que documentam meu entusiasmo em ler o livro. E
minhas dúvidas, algumas apontadas acima.
PS:
Dificilmente o autor reclamará do
que eu disse acima, ele já faleceu. Pelo amor de Deus, não me apareça. Entretanto,
há familiares, há os fãs (entre eles eu me encaixo), aos quais de antemão peço
desculpas. A mim também, óbvio.
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