domingo, 29 de maio de 2016

POESIA E PENSAMENTO, João Lover,

POESIA E PENSAMENTO, João Lover, Infographics 186p; 21cm,2013, isbn 978-85-916182-0-0




Este é o quarto livro de poesias de João Lover, sinal claro  de que tem agradado aos leitores. Nenhum autor, por melhor que seja, resiste ao silêncio absoluto dos leitores. Um livro, uma peça de teatro, uma canção e outras expressões do belo são produzidos para o público. Se não enlevam, o público os ignora (muitas vezes nem reclama) e afasta-se. Resta ao autor, numa contrapartida justa, depois de entender o duro cenário, resignar-se e procurar outro afazer.


Conheço João Lover de pouco tempo, mas suficiente para saber da consciência que tem sobre o valor de sua arte. E briga por ela, para que seja lida, pois julga que vale a pena. Na II Bienal do livro de Itabaiana, que aconteceu em outubro de 2013, na qual lançou este livro, encontrei-o cuspindo maribondos, pois mandaram parar a recitação que fazia a uma pequena plateia, num dos corredores. O governador chegava para uma visita. Mandaram parar, como se recitar poemas fosse inadequado à presença de uma autoridade em uma Bienal de livros!  Acolhi alguns daqueles maribondos, multipliquei-os na minha usina. Mais adiante, cuspi um enxame inteiro. Eles zoam ainda dentro de mim, querendo morder os que envergonham a literatura ao se envergonharem dela.

Sinto algo diferente na poesia de João Lover. Seus poemas parecem duros,  diretos:  “Pau, cacete, madeira de quina de sucupira, por cima dessa moleira”. Posso estar equivocado (o que não é de estranhar), mas sinto-os como prédios no concreto bruto, estruturas formidáveis porem desnudas de aviamentos. O valor está à mostra, evidente, não cabe suposições. Como a mulher nua na exuberância das suas formas, desprovida dos adornos que lhe permitem o acesso aos salões sociais e que a fazem menos bela na sua essência.
Usando o pensamento do próprio autor, digo que os poemas de João são flechas de letras-luzes disparadas por um visionário que carrega as cruzes da arte. Os poemas têm o lirismo romântico, mas sem lero-leros: “passar dez minutos de amor com ela vale mais do que a vida inteira sem amar ninguém” ou “teu sorriso por um segundo é a beleza do mundo”.  Ou quando canta a amada: “Vejo esse jeito que tens e penso em mais de cem coisas para fazer: uma vontade de morder, outra de abraçar...”

Precisa de mais? 
Leia o livro!

O arrulhar de um livro sendo lido, motiva o poeta a escrever e publicar novos poemas. 
E assim, a vida ficará melhor para todos.

(Publicada na revista  Perfil 17/4)
(Resenha escrita em 2013)


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